quinta-feira, setembro 29, 2016
Fontes do jornalismo: num mundo de segredos a verdade está sempre oculta...
Interessante artigo de José Vítor Malheiros ( o outro Jacques Julliard português, a par de Manuel Carvalho) sobre as fontes do jornalismo.
"Existem regras bem definidas para os casos em que um jornalista pode e não pode. deve e não deve publicar o que lhe contam."
Há uma aparente contradição em escrever que o jornalista deve sempre ressalvar a hipótese de a fonte não autorizar tacitamente a publicação, com a circunstância de se ter como legítimo direito de publicação o que se ouviu de outrém que estava a dizer algo aos berros...mas enfim.
Não sei se o artigo tem a ver com o recente livro de J.A.S. mas se tem não me soa bem.
Aceitando-se plenamente o princípio de quem nem tudo é publicável, mesmo do ponto de vista subjectivo do interesse público ( o caso das escutas a José Sócrates, antes das eleições e durante o processo Face Oculta são um bom case study) resta saber como se pode confiar num jornalismo que frequentemente ultrapassa essa fronteira ténue da confiança nas fontes.
Por exemplo, esta história passada o final do Governo Guterres, com um ex-ministro , precisamente o falecido professor Sousa Franco, que um dia no restaurante Gambrinus proclamou alto e bom som, para os demais circunstantes, o que lhe ia na alma quanto a tal governo já no "pântano".
Sousa Franco padecia de surdez e falava muito alto para se fazer ouvir e nesse dia havia circunstantes que ouviram mais do que deviam e foram fonte de notícia no Independente então dirigido por Inês Serra Lopes:
Se JVM fosse director do Independente publicava esta notícia ou não? E se não publicava, deveria outro jornalista fazê-lo, do modo como o fez?
Se o mundo da política se transforma num universo de segredos, alguns de polichinelo e que apenas o grande público não conhece, onde ficará o lugar para a Verdade?
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