sábado, setembro 24, 2016

Os homosexuais fassistas não têm direito à privacidade do túmulo...

Sobre o livro dos mortos de José António Saraiva há ainda a dizer mais coisas. Algumas delas são ditas por Henrique Raposo no Expresso de hoje, assim:


Aqui se fala num livro relativamente recente ( 2011) da autoria de uma jornalista do Público, ( que deu destaque ao assunto, sem críticas negativas ou artigos a demolir a sujeita autora.) muito lá da esquerda e que assina crónicas- São José de Almeida. O livro é sobre os Homosexuais no Estado Novo e não me lembro dos ferreira fernandes rasgarem vestes na praça pública das croniquetas.

Porque seria? É fácil de entender: com pessoas de esquerda não há problema algum que falem de assuntos tabu que outras pessoas não podem falar. Se for de fassismo então é sopa no mel. É só isto.


Esta sacana, para não dizer pior, teve a lata de desenterrar histórias velhas sobre personagens do fassismo, particularmente os homosexuais que faziam parte do regime, como se tal fosse mais uma nódoa para conspurcar Salazar. Foi só por isso que o fez o que denota um comportamento execrável.

Afinal de contas parece que Salazar era mais sábio e mais tolerante do que essa sujeita quer fazer crer o que redunda em lhe sair o tiro pela culatra...

Tirado daqui para contrastar com a inocuidade do livrito de José António Saraiva:
Convém dizer, antes de mais, que a gravidade moral desta empresa jornalístico-historiográfica é adensada por um facto singelo, mas decisivo: na sua esmagadora maioria, as fontes orais a que recorreu São José Almeida reservaram para si o absoluto anonimato. «O que está nestas páginas é […] fruto da recolha de depoimentos de pessoas que são homossexuais e que me deram o privilégio de me confiar as suas experiências, conhecimentos e reflexões, a grande maioria das vezes sob reserva de absoluto anonimato» (pág. 23, itálico acrescentado). Por outras palavras, os homossexuais que falaram com São José Almeida salvaguardaram a sua intimidade. Mas não tiveram pudor em revelar a intimidade de terceiros, já falecidos, sem que a estes, como é evidente, haja sido dada a possibilidade de contraditarem (ou confirmarem) o que sobre eles é dito. Fizeram sair do armário gente morta e indefesa, mas mantiveram-se lá dentro, acobertados, no calorzinho confortável da sua vidinha «normal». E isto, note-se, em tempos democráticos, onde a tolerância social face à homossexualidade é muito maior. Mesmo agora, em nossos dias, muitos optaram pelo anonimato. Que alguém não queira assumir em público a sua orientação sexual é perfeitamente legítimo. Mas quem assim procede não pode – ou não deve – dizer que Beltrano e Sicrano eram homossexuais.

Em síntese, António de Oliveira Salazar, no fundo, no fundo, era um liberalão para os seus compinchas gay. Daí que Paulo Rodrigues fosse homossexual «publicamente» (Ruben de Carvalho dixit), Pedro Feytor Pinto «assumidamente homossexual» e Gustavo Cordeiro Ramos, enfim, um ver-se-te-avias de meninos em pensões e urinóis. O regime fechava os olhos ao facto de Robles Monteiro ter uma inclinação ardente por soldados da paz e de sua mulher, Amélia, se atirar forte e feio às actrizes mais novitas que se iniciavam nas artes de palco. Fernanda de Castro e António Ferro, outro casal-maravilha do Estado Novo, apadrinhavam um grupo que era «claramente um círculo de relações homossexuais» (pág. 128). Anafado e bonacheirão, Ferro protegia Leitão de Barros, que era homossexual, como homossexual era também um tal de Francis, bailarino famoso do Verde Gaio (pág. 129). A casa do declamador e actor João Villaret era conhecida por «Alfeite» (pág. 129), porventura devido à quantidade inusitada de marinhagem que por lá atracava a desoras. E, em 1952, lá temos a misteriosa morte de Carlos Burnay, descrita como «homicídio», sendo a vítima, claro está, «homossexual» (pág. 133).
O assunto foi comentado, aqui, no Malomil e escapou-me na altura.

Questuber! Mais um escândalo!