quinta-feira, setembro 08, 2016
A entrevista do juiz Carlos Alexandre à tv
O juiz Carlos Alexandre aceitou falar em entrevista alargada à SIC. Uma entrevista televisiva, pela primeira vez.
O que o juiz disse em alguns minutos televisivos mostrou essencialmente quem é Carlos Alexandre: simples na expressão do dizer, assertivo nas ideias, singelo nos objectivos declarados e concreto nos destinatários que nunca dormem, como a ferrugem.
Há duas passagens da entrevista que merecem destaque e que foram reproduzidas no sítio do jornal i:
Como eu não tenho amigos, amigos no sentido de pródigos, não tenho fortuna herdada de meus pais ou de meus sogros, eu preciso de dinheiro para pagar os meus encargos. E não tenho forma de o alcançar que não seja através do trabalho honrado e sério”
Questionado sobre se sente observado explicou que acha que é escutado sobre várias formas: “Já me julgo um pouco conhecedor e já identifiquei várias vezes restolhar de papeis, água a marulhar, porque há pessoas que têm a possibilidade de ir para a praia nesta altura do ano e por vezes descuidam-se.”
E uma outra, com importância inegável:
Devo dizer que tenho o manual, que li o manual. Tenho um exemplar completo do manual das secretas que me apareceu na caixa do correio.
A primeira passagem significa que o juiz Carlos Alexandre não veste Armani por hábito monacal ou anda de jipe adquirido em leasing manhoso ou com audi tt de mão dada.
A segunda que não anda a dormir na forma e há um sistema oculto em Portugal que vicejou na última dúzia de anos e não desapareceu, antes se renovou. O recado é simples e directo: há quem vigie de perto um juiz de instrução como Carlos Alexandre e mais nenhum outro, porque não há necessidade de tal. Porquê? Porque há um sistema de poder que se implantou em Portugal e que tem neste momento a sua expressão máxima, depois do trabalho de sapa nos últimos anos.
A referência explícita a um manual das secretas que parece que não existe será motivo de indagação por quem de direito e saber se o actual director dessas secretas sabe o que isso é...e o que lá vem.E principalmente para se saber se é genuíno, apócrifo ou até inexistente como documento oficializado. Ou seja, se existe mesmo ou é apenas uma representação fantasmática de um serviço patético.
Da entrevista resulta por isso esse recado nas entrelinhas que deve ser levado muito a sério: é preciso identificar quem quer travar um juiz como Carlos Alexandre. Não é difícil porque os sinais estão aí todos à vista.
O primeiro deles é a permanência nos serviços secretos das mesmas pessoas durante anos a fio. Basta! Em nome da democracia. Pelo menos, porque é esse regime que querem que as pessoas acreditem ser o melhor de todos. E aquilo desmente tal crença.
Outro sinal é este dado pela comunicação social, neste caso pelo jornal i que amplifica os recados de certos políticos, como este inenarrável Galamba.
O que este indivíduo diz é verdadeiramente inacreditável: a "justiça" usa a comunicação social para "fazer o que não consegue nos tribunais".E apresenta o caso Sócrates como paradigmático de tal atoarda.
Pressupõe por isso que " a justiça" é quem divulgou as notícias sobre o caso, por tal lhe interessar, sabendo que "os tribunais", ou seja a "justiça" não conseguiriam o efeito que os media podem obter.
Se este indivíduo fosse um pouco menos inenarrável e não usasse brinco poderia pensar melhor e concluir que "a justiça" terá pouco interesse em divulgar o que quer que seja de processos como o de Sócrates com aquele objectivo. Até por um motivo que só um imbecil não entende: se correr mal nos tribunais, ou seja, se não se conseguirem provar os crimes imputados, seria sempre preferível que os media só o soubessem nessa altura e aí desvendassem os factos. Seria muito mais eficaz do que o contrário, seguindo a táctica ártica que o inenarrável invoca para atacar a "justiça".
O que estes inenarráveis com rabos de palha até aos brincos não querem admitir é a existência de um sistema político corrupto que usa os serviços do Estado para amarfanhar adversários ou tidos como tais.E esta estratégia de ataque "à justiça" insere-se plenamente nesse esquema.
Destes inenarráveis é que os portugueses se deveriam livrar porque são os cancros do sistema e as peçonhas da democracia.
Quanto aos media é óbvio que tendo uma agenda própria que é a de vender papel para sobreviverem também podem atingir esse desiderato fazendo fretes a esse sistema político, denegando o jornalismo e aviltando a honra profissional. Como o i agora o faz.
Quanto vende o i? 5 mil exemplares? Dá para pagar ordenados a quem é freteiro? E então como é? Como é que se pagam as dívidas?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)