A notícia de primeira página de há uns dias acerca da pretensa declaração do presidente do grupo Lena a confessar "subornos" a José Sócrates foi uma habilidade do jornal. Lamentável porque assinada por um dos melhores jornalistas do jornal, Eduardo Dâmaso.
Não sei quem deu a ideia, se este ou a jornalista Tânia Laranjo que também assinava. Tenho o meu palpite, mas estas coisas não deviam passar impunes, porque não é a primeira vez que tal acontece.
O jornalismo, mesmo o do C.M. que aqui tenho louvado muitas vezes não devia ser isto, de habilidades noticiosas arrancadas a ferros de uma lógica retorcida, como por vezes é apanágio de Tânia Laranjo.
Há que dizê-lo quando é preciso e desta vez, é.
O "mea culpa", envergonhado nem sequer aparece na primeira página o que é também lamentável e é assinado pelo colectivo do jornal, pelo que implica o seu director...
Enfim, triste, porque a credibilidade do jornal nestas coisas devia ser a toda a prova. E não foi. Quando será o próximo "lapso"?
A propósito de habilidades com outra dimensão, mas correlacionada, aparece na edição de ontem uma menção a uma passagem do livro de José António Saraiva, ainda para vir a público, sobre um assunto perturbador:
Em 2010, governava José Sócrates em maioria relativa e o advogado Proença de Carvalho era seu causídico conhecido. Pinto Monteiro era PGR ( só saiu em 2012) e almoçava frequentemente com o tal advogado. Em 2010 decorria ainda publicamente o escândalo das escutas no Face Oculta e do "molho de papéis" ou "dossier" ou "extensão procedimental" ( expressão atribuída ao actual presidente do STJ, Henriques Gaspar que terá ajudado Noronha Nascimento a despachar o assunto).
Se isto for verdade é incrível que ninguém tenha dado conta na altura. Um escândalo.