sexta-feira, fevereiro 23, 2018

Incêndios, para que vos quero: o jacobinismo em acção

O Governo ficou alarmado com os incêndios do Verão Passado,  mas não tanto que impedisse o primeiro-ministro de ir para as Baleares quando uma região do país ardia em matava gente aos molhos, sem actuação da Protecção Civil que dele depende. Deixou ficar por cá uma palerma, professora ( quem sabe faz; quem não sabe...) a dirigir o combate e foi o que se viu.

Agora, com a casa toda em ruínas depois de roubadas as árvores que faziam falta, quer acabar com a fonte das ignições perigosas e mandou a toque de caixa toda a gente do país fazer o trabalho que lhe competiria em primeiro lugar: tudo a roçar mato, já! E a cortar árvores, idem. Nos meios rurais quem deixar de limpar à volta das casas e estradas, come pela medida grande das coimas pesadas que foi o modo de o Governo encontrar solução cívica para a limpeza necessária. E a fiscalização virá a seguir, implacável como é o sistema jacobino nestas matérias. Resultado? Quem tem terrenos com matos e árvores e vive em aglomerados habitacionais, rurais, anda apavorado com o que tem que fazer num tempo record, para evitar as estatísticas do Verão que vem a seguir. 50 metros à volta das casas e 100 metros ao redor das aldeias, tem que estar tudo limpo.

A medida peca por tardia, anos e anos de atraso. Porém, como urge, é para já e em poucos meses, o que não se fez em décadas. Como o Governo, com Costa nas Baleares foi fustigado mas não penalizado pelas mortes em catadupa, mais de uma centena, julgam-se legitimados para actuar desse modo, impondo às populações o que os serviços florestais e camarários ( cantoneiros) não conseguem realizar em tempo útil, ocupados que estão em lidar com canteiros de flores e arbustos urbanos.

As coimas vão de 140 a 5000 euros, a pessoas singulares, a esmagadora maioria e evidentemente são para aplicar.

Portanto, como dizem alguns técnicos, o caso agora é de polícia e não de política. É assim que o jacobinismo actua. Para melhor resolver o assunto que fez o Governo? Ciente que a publicidade cívica nos media, não resulta ( ninguém liga aos media, nesses aspectos) ocorreu-lhes uma ideia jacobina que já tinham posto em prática no caso dos fugitivos das SCUTS: pôr a máquina fiscal a servir de polícia e para começar a Autoridade Tributária já avisa os contribuintes que pagam impostos do mesmo modo que o faz quando têm que pagar tributos: através de mensagem de correio electrónico impessoal, formatada e implacável. O fascismo, o verdadeiro, não faria melhor. O nosso fassismo nunca fez tal coisa, o que mostra bem a face do regime que temos.

O Público de hoje dá conta da situação: