sábado, maio 29, 2010

os reis que vão nus


Uma senhora jornalista que acompanha a política portuguesa praticamente desde o 25 de Abril, em diversos jornais de "prestígio", membro de pleno direito da situação, escreve hoje no i um artigo que se reproduz ( clicar para ler e ficar de boca aberta).

Maria João Avillez, de seu nome, traça um perfil do "oiro da nossa democracia", (!!!) perguntando a meia dúzia de iluminados ( na verdade oito) quem são os nomes que "tiraram Portugal do sítio onde estava, empurrando-o para a frente".

Mesmo sem discutir aqui em que sítio era esse, importa saber que os nomes escolhidos por aqueles esclarecidos da nossa democracia são, no mínimo, de arrasar a perplexidade.

A antiga ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues é apontada por três indivíduos ( Luís Portela da Bial e Artur Santos Silva dos bancos e ainda Soares dos Santos, da Jerónimo Martins) como uma mulher de fibra que "implantou a reforma do ensino que o país esperava há trinta anos" ( Luís Portela da Bial), "atacou o insucesso escolar, tentou responsabilizar equipas de gestão nas escolas e tentou introduzir o processo de avaliação dos professores contra tudo e contra todos" ( Soares dos Santos).
Outra que concita admiração pela "firmeza" é Leonor Beleza, na Saúde e quase pelos mesmos motivos míticos: Afrontar tudo e todos, parece o modelo de comportamento político apetecido por alguns, vá lá saber-se porquê. É apontada por Soares dos Santos, como o modelo de primeiro-ministro que não tivemos. Aposto que tipo Thatcher....o que faz estas pessoas pensar assim, em termos de acalentarem simpatia desmesurada pelo exercício da autoridade a roçar a arbitrariedade e a prepotência? Alguma coisa no sótão da memória? Algum problema existencial? Não sei. Nunca percebi esta simpatia pela ditadura em potência.

Estes mitos que perduram na mente destas pessoas supostamente esclarecidas mostram bem o retrato daquilo que somos: um país de ignorantes em que as elites vão à frente...

E o resto das apreciações está dentro dos "conformes". Quem acha que Cavaco Silva "não tem rivais mas também não merece a medalha de ouro por causa das indemnizações/privatizações e da orientação estratégica para a economia" como diz Ferraz da Costa, resume todo o nosso drama: Cavaco Silva é entendido como o melhor, apesar desses gravíssimos erros estratégicos.

Melhor retrato para Portugal? Este: o país das oportunidades perdidas, por falta de competência.
E o país dos equívocos daqueles que acham Mário Soares o melhor primeiro-ministro que tivemos. Há dois a pensar assim. Um deles, até foi ministro da Justiça e é Rui Machete o exemplo e paradigma do síndroma "bloco central" e que achou por bem apadrinhar a nomeação da tal Lurdes Rodrigues para a FLAD e outro, Luís Portela, da Bial, também acha o máximo, o estilo epicurista e deletério nos valores, daquele antigo primeiro-ministro que foi presidente da República.

Portugal, nos últimos 30 anos caiu na maior decadência de que há memória na história contemporânea. E os membros do painel apenas o comprovam.

PS: no Público de hoje, Vasco Pulido Valente acha seriamente que Jaime G. seria uma boa escolha para substituir José S. como primeiro-ministro.
Vasco Pulido Valente acha que um indivíduo indiciado por quatro menores, de factos atentatórios da diginidade sexual, e que não conseguiu a condenação dos mesmos por difamação, pode ser primeiro-ministro?
Isso conta para nada, na sua escala de valores, mesmo políticos? Então se acha, estamos conversados sobre a decadência.

Questuber! Mais um escândalo!