sexta-feira, maio 14, 2010

Portugal e os papas

A propósito da visita de Sua Santidade ( o primeiro-ministro chamou-lhe Eminência...) Bento XVI a Portugal, a revista Sábado, em separata, publicou um pequeno historial das visitas papais ao nosso país, focando em demasia o aspecto político e até politiqueiro dessas visitas e pelas teclas de um historiador- Rui Ramos- ficamos a saber que na primeira visita papal, a de Paulo VI em 13 de Maio de 1967, o poder político de então, centrado na figura de Salazar, quase nem o recebia. Apesar de as fotos publicadas algumas páginas à frente o desmentirem, Rui Ramos escreve que "Quando soube que o Papa planeava aparecer em público ao lado da vidente Lúcia, Salazar deu vazão ao seu desprezo: achou Paulo VI demagógico e ameaçou nem se encontrar com ele."
Ora o que provam as imagens da época?

Isto:

O que as imagens acima ( retiradas da Flama de 19.5.1967, clicar na imagem para ver melhor)comprovam é a anuência, pelo menos diplomática, de todo o regime, incluindo o presidente da República e todo o governo de Salazar, em peso, à visita de Sua Santidade, Paulo VI. Se reticências houve, não se notam nestas imagens e muito menos no que as mesmas significam para a posteridade.

Mas as imagens comprovam ainda outra coisa importante. Isto:

Esta imagem acima mostra a multidão de "romeiros" ( era assim que então se dizia numa palavra entretanto esquecida e substituida por "peregrinos") é uma constante em Fátima. Neste caso, a revista Flama de 19.5.1967, contava que teria sido cerca de milhão e meio de pessoas que lá esteve.
Mesmo com o desconto de não terem sido contados a preceito, a verdade é que a multidão de romeiros em Fátima, nestas ocasiões, conta-se sempre nas largas centenas de milhar. Este anos terão estado por lá, cerca de 500 mil romeiros da fé.
E é disto que se trata: romeiros da fé. Uma fé que o Papa Bento XVI salientou hoje mesmo que é vivida de modo envergonhado por uma certa intelectualidade.
Porque será? Por causa do povo? É que se estas centenas de milhar de pessoas não são o povo, não sei o que seja o povo. Certamente não serão os escassos ateus militantes ou os grupos organizados de jacobinos que abarcam todo o povo.

E se assim é, não se compreende a força política da jacobinada e do ateísmo militante. Pura e simplesmente não se compreende nem se entende de onde lhes surge a legitimidade para farroncar sempre que lhes apetece.

Que legitimidade têm esses grupos minoritários para se imporem intelectualmente a uma multidão de crentes que nenhum partido político consegue mobilizar, mesmo em coligação total, e que fazem de Portugal um país cristão, como sempre foi?

Questuber! Mais um escândalo!