Pinto Monteiro tem sobre este fenómeno os mesmos dados que qualquer português que consulte as estatísticas do Ministério da Justiça pode ter. Seria melhor estar calado e pelo seu lado fazer melhor do que anda a fazer, mormente no Face Oculta.
Eduardo Dâmaso, no Correio da Manhã, respondeu-lhe assim:
Podemos dormir mais descansados. O procurador-geral da República garantiu ontem que Portugal “não é um País de corruptos”. Vamos, por isso, recuperar mais depressa da crise económica porque não há evasão de capitais, não há apropriação de recursos públicos nem desperdício do dinheiro de todos nós.
Ironia à parte, e respeitando a opinião de Pinto Monteiro, Portugal precisa de tudo menos destas visões suaves da realidade. É óbvio que Portugal não é um País de corruptos mas está abundantemente demonstrado que é um País com gravíssimos problemas de corrupção. Já nada adianta meter a cabeça na areia para não ver o que se passa. Não adianta roubar gravadores ou câmaras de filmar para evitar que certas realidades se descrevam.
A realidade é o que é e mais tarde ou mais cedo acaba por se impor. Se Portugal não tivesse gente corrupta não se tinham perdido oitenta por cento dos fundos comunitários da formação profissional. Não havia uma derrapagem média nas obras públicas superior a cem por cento. Os milhões que Bruxelas deu à agricultura portuguesa teriam sido aplicados de outra maneira. Nem as cidades teriam tantos problemas de urbanismo. Agora, conceda-se, em matéria de corrupção cada um vê o que lhe interessa. E se preferimos ficar pela `verdade’ formal das estatísticas, então a realidade resplandecerá.
3 comentários:
SERÁ QUE OS PINTOS TAMBÉM DANÇAM O TANGO PINTADOS DE ROSA COM UM CRAVO VERMELHO NA BOCA?
As transferências de investimentos para "off-shores" atingiram, no ano passado, valores que estão entre os mais altos de sempre. A conclusão foi apresentada, hoje, sexta-feira, de manhã, pelo economista Carlos Pimenta, que admitiu, em declarações aos jornalistas, que parte dessas transferências tenham origem em fraudes fiscais.
Participando numa conferência sobre o combate à criminalidade na Europa, que se realiza em Lisboa, o professor da universidade do Porto disse não ser ainda possível quantificar os valores dos investimentos transferidos em Portugal para "off-shores" mas destacou o facto de estes terem atingido valores que estão entre os mais altos de sempre. "Nunca saiu de Portugal tanto dinheiro para "off-shores", afirmou Carlos Pimenta.
Quanto à origem desse dinheiro, o professor de economia disse existir "uma fortíssima possibilidade de todo este investimento nos off-shores ter como fundamento a fuga ao fisco". Trata-se, explicou Carlos Pimenta, de "esconder às autoridades o circuito do dinheiro".
Admitindo a legalidade das operações, Carlos Pimenta disse ter suspeitas quanto a parte desses investimentos. "No mínimo, será uma enorme falta de transparência", acrescentou.
Eu gostava era de saber o que interessa ver ao senhor PGR e porque razões. -- JRF
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