segunda-feira, novembro 15, 2010

O jornalismo do Correio da Manhã

O jornal Correio da Manhã, na semana que passou, fez duas vezes manchete com esta notícia pretensamente bombástica: políticos E juízes em redes de prostituição. Não há crime algum que alguém pratique, indo às tais redes de prostituição. Nem sequer, segundo os cânones morais vigentes, perante a sociedade que nos rodeia, tal comportamento assume relevância ético-pejorativa. É assunto do foro íntimo e privado de cada um.

Porém, no Correio da Manhã, dirigido por Octávio Ribeiro, Armando Esteves e Eduardo Dâmaso, entende-se a coisa de modo diverso e digno do falecido 24 Horas do inimitável Pedro Tadeu. O que importa é chamar para a primeira página notícias que envolvam políticos e, agora também, juízes. São dois alvos fáceis para a ignomínia e o contributo para o desprestígio dessas classes profissionais vai de vento em popa em certos jornais e comentadores.
Bem gostaria de ler uma croniqueta de Fernanda Palma no jornal, sobre este mesmo assunto, mas não acalento grande esperança porque não há autores estrangeiros para citar em casos destes, demasiado rascas.

Nos semanários de fim de semana, o Sol, escrevia que o Correio da Manhã andou a inventar notícias e que afinal não há lista alguma ( e que houvesse!) e o indigitado autor dos factos, o repórter de tv Carlos Pinota desafia mesmo o jornal a publicar um desses nomes dos tais juízes e políticos ( no plural que à dúzia sai mais em conta).
O Expresso adianta mais: cita um perito do DIAP que vasculhou o computador do indigitado Pinota e nada descobriu da tal lista que afinal seria de " políticos e pessoas da alta finança". "Alta finança"? Deve ser lapso. Juízes, no plural, sai bem melhor do que indivíduos da alta finança que até financiam jornais.


É uma vergonha para o jornalismo digno e sério, este tipo de notícias? É, claro que é e aqueles três directores sabem-no muitíssimo bem. Então porquê? Porquê?!
Ora porquê...dinheiro, massa, vendas, primeiras páginas bombásticas e curiosidade voyeurística dos passantes de quiosque.
Por isso mesmo e porque não tenho qualquer dúvida que são esses os valores prevalecentes, formulo ao Correio da Manhã "2 desejos.com": que pusesse na primeira página uma das SEIS páginas como esta que aqui fica abaixo, publicada nesse mesmíssimo número. E principalmente que aqueles directores ganhassem um pouco de vergonha com estas coisas. Não vale tudo, em jornalismo.

4 comentários:

Camilo disse...

Só falta fazer alusão à crónica de sábado do E.Rangel...(!)

Camilo disse...

Ainda hoje estou para saber como é que "um" Octávio (não Otário) Ribeiro chega à chefia do CM.
Ele que pertencia ao noticiário desportivo -nem carne nem peixe-...
Mas, enfim, mistérios deste "sítio-mal-frequentado".

rosa disse...

Este correio da manha provavelmente já estará irreversivelmente infectado pela ténia...

ORLANDO FIGUEIRA disse...

Só me apetece dizer duas coisas:
Uma, é que concordo inteiramente com o comentário do Camilo quando diz que como é possível que um Otávio Ribeiro, que era da bola juntamente com o inefável Marcelino do DN, passam ou pretendem passar a ser jornalistas " à séria " como, ainda por cima, chegam a directores de jornais?????
Daqui a cólidade do nosso jornalismo!....

Por outro lado e no que respeita á notícia em si mesma, tal como diz o José, não há crime nenhum dos juízes " irem às meninas "....

Se os juízes fossem gays e frequentassem o mundo gay, pq tb os há, ninguém se atreveria a comentar sob pena de ser homofóbico, politicamente incorrecto, bla, bla, bla..., mas como vão às meninas aqui d'El-Rei...

A obscenidade do jornalismo televisivo