Expresso:
Os trabalhadores do jornal "Público" decidiram, em plenário, mandatar os sindicatos para iniciar um processo de greve em resposta ao despedimento colectivo acordado entre a direcção editorial e a administração.
Para os funcionários, os despedimentos propostos põem em causa a continuidade do diário da Sonaecom.
"Este despedimento inviabiliza a continuidade do Público enquanto órgão de comunicação social de referência", lê-se num comunicado, publicado no site do jornal, assinado pelo Conselho de Redacção e pela Comissão de Trabalhadores.
Noutro comunicado, também publicado no site, a direcção editorial defende que as "poupanças temporárias" feitas nos últimos tempos são "insuficientes para inverter a tendência de prejuízos crescentes".
O jornal Público tinha e tem condições para ser o melhor jornal português e vender mais que o Correio da Manhã ou o Jornal de Notícias. Nunca o conseguiu e não é por estes jornais serem o que melhor se aproxima daquilo que vulgarmente se chama jornalismo tablóide.
O Correio da Manhã faz um jornalismo que interessa às pessoas ler ao relatar as notícias do quotidiano: os assaltos, os homicídios, as burlas, as vigarices, os fenómenos sociais e alia tudo isso a uma escrita descomplexada e simplificada, com grandes fotos, maiores que as notícias. O Público, mesmo quando trata estes assuntos redige as notícias como se fossem artigos de fundo, mas sem lume nos caracteres. Não é a carne do Guardian nem o peixe do Sun. É apenas papel de embrulho de notícias que não se distinguem das do Diário do jornalista desportivo Marcelino.
Sobre notícias locais, de acontecimentos locais do dia anterior, o Público muitas vezes nem noticia em semi-breves e faz jornalismo sustenido.
Quando começou, no início dos anos noventa, o Público tinha uma rede de jornalistas locais em diversas cidades que escreviam sobre esses assuntos. Recrutou-os noutros jornais, como o Jornal de Notícias que sempre foi um jornal com notícias que interessavam aos leitores das localidades e assim o jornal durante alguns anos conseguiu simular o que o Jornal de Notícias sempre fez bem. Mas apenas isso, simular, porque nunca conseguiu lograr esse objectivo e sempre pelo mesmo motivo: peneiras a mais para substância a menos.
O Público, nos últimos anos, com esta direcção após a saída de José Manuel Fernandes, piorou significativamente porque se converteu num jornal esquerdista sem margem de pluralismo a não ser nas opiniões avulsas de alguns comentadores, aliás os melhores do jornal ( Rui Ramos, Vasco Pulido Valente e Pedro Lomba).
A escolha de notícias do Público, o modo como as redigem e a arrumação gráfica das mesmas não convence o público natural que deveria comprar o jornal: as pessoas com alguma formação académica e que não se contentam com as notícias do Correio da Manhã e do Jornal de Notícias.
O Público com esta direcção actual só perdeu leitores e não foi apenas por causa da crise económica como se calhar pretendem justificar. Perdeu por causa de um fenómeno muito simples de entender: a direcção do jornal não serve o público leitor.
Tal como as equipas de futebol, é altura de o jornal mudar de treinador, digo de direcção.
Como tal não parece vir a suceder porque o soviete do Público actua como se estivesse em 1975, o resultado é fácil de prever: fim do jornal a breve trecho.
Podem agradecer à direcção e ao soviete. Aos Gaspares, Leonetes e outros que tais.