sábado, dezembro 08, 2012

Recordemos o caso DOPA...

No início dos anos oitenta Portugal, depois de ser governado por uma AD e por um Cavaco Silva dali saído, acabou outra vez na bancarrota, com Mário Soares a assumir o encargo de chamar o FMI, ( porque dantes não havia troikas).
Portugal, em democracia foi sempre devedor a credores externos. O ouro que Salazar amealhou durante décadas serviu-nos depois, para dar outro nome à "pesada herança", sem qualquer vergonha de quem governava. Como dizia um antigo ministro de Salazar, no pequeno apontamento de reportagem abaixo publicado, Salazar foi o único homem de Estado depois da independência do Brasil que conseguiu que "fôssemos credores dos nossos antigos credores. "
Esse facto bastaria para envergonhar estes Mários Soares e quejandos, mas não. Salazar era um "campónio", um iletrado das leituras correntes,  não lia o Nouvel Observateur e nunca viajou além Pirinéus.
 Como dizia, no início dos anos oitenta, com a crise económica rompante e a inflacção ainda mais ameaçadora, havia muito boa gente que se servia de outros "Canas" e "Canals" para pôr o seu dinheiro a bom recato.
E havia advogados que lhes faziam o frete, em flagrante violação da legalidade vigente, cometendo crimes.
Um deles chamava-se Francisco Sousa Tavares, democrata de cinco costados que com megafone anunciou no Largo do Carmo aos circunstantes na manhã de 25 de Abril de 1974 que o regime era para depor, mas sem derramamento de sangue porque a Revolução era de cravos... vermelhos.

Leia-se o que o jornal i publicou há uns tempos sobre o que se passou em 1985...

Em Fevereiro de 1985, o então ministro da Qualidade de Vida, Francisco Sousa Tavares, solicitou a suspensão das suas funções. Foi acusado de três "ilícitos cambiais" e absolvido em primeira instância, mas o Ministério Público (MP) considerou existir "gravidade de infracção, ilicitude e dolo" e, em Abril de 1989, Sousa Tavares é condenado a 30 dias de prisão remissíveis a mil escudos diários (cinco euros). Em Maio, o antigo ministro reaparece em Macau "em gozo de férias", mas entretanto tinha sido convidado pelo governador do território, Carlos Melancia, para ser consultor jurídico de Macau - um cargo pelo qual auferiria 150 contos mensais, de acordo com o "Expresso".

Na prática, Sousa Tavares foi o único condenado por um escândalo que envolveu chorudas transferências para o Trade Development Bank, na Suíça. O tráfico de divisas era feito através da empresa Dopa (Dragagens e Obras Públicas), fundada por Joaquim Manuel Queirós de Andrada Pinto, em 1977. O escritório em Lisboa era frequentado por inúmeros clientes, atraídos pelas condições oferecidas: juros fixados em 10 a 14%, pagos em moeda estrangeira e protegidos pelo proverbial segredo helvético.

A burla foi detectada em 1983, quando o gerente do banco Pinto & Sotto Mayor em Mira tentou depositar 200 mil contos na Dopa. O processo foi instruído por um magistrado do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) e posteriormente entregue a Luís Verdasca Garcia. No Natal de 1984, o novo juiz ordenou uma busca à Dopa que resultou na detenção do patrão e na apreensão de uma lista com 235 clientes ou "correntistas". Além de Sousa Tavares, estariam nela outros apelidos ilustres, enumerados pelo jornalista Manuel Catarino: "Vanzeller, Pinto Basto, D?Orey, Avillez, Roquette, Lumbrales, Breyner, Mendia - entre outros."

Uma outra lista, mais política e supostamente mais incendiária, teria sido destruída. O dono do "Expresso", Pinto Balsemão, também foi referido por Verdasca Garcia, que acusou o semanário de olhar para outro lado e só dar relevo ao assunto quando ele próprio foi indiciado por suborno. Uma funcionária do TIC, Lúcia Moreira, acusou o juiz de receber seis mil contos para libertar Queirós de Andrada. O magistrado foi suspenso e só conseguiu limpar o nome quase sete anos depois, em 1995.

Pelo meio, o "Expresso" tinha destapado escutas telefónicas que salpicavam o ministro da Justiça, Mário Raposo. Depois de ter negado "a mais ligeira intervenção no processo", Raposo acabou por admitir que tinha interferido apenas "como advogado" - isto é, redigiu o recurso para a libertação de Andrada.

Este, por sua vez, tinha aproveitado uma consulta ao Hospital de Santa Maria para evadir-se, sete meses depois de ser preso preventivamente. Quando o caso começou a ser julgado no Tribunal da Boa Hora, em 1987, havia dez réus no banco e um único arguido preso: o filho do proprietário da Dopa, Manuel Queirós de Andrada. Segundo a acusação, "a Dopa foi responsável pelas maiores fugas de capital jamais verificadas em Portugal", estimadas em milhão e meio de contos por ano. Ao todo, mais de cinco milhões de euros a preços de 1980. Em 1993, o Supremo Tribunal aboliu o tráfico ilícito de capitais e Joaquim Queirós de Andrada regressou calmamente do Brasil. 

5 comentários:

Floribundus disse...

FST, vulgo tareco, dirigiu um jornal donde a Pintassilga o demitiu pela rádio.

escreveu 'Eanes escondido com pintassilgo de fora'. ao ser informado teria dito 'vou agarrar a gorda'.

a magistratura ao serviço dos ricos passa por advogados do regime de que raramente se fala.

destes e doutros diria o comuna do laço
'ó fascista de merda onde estavas no 25 de abril?'

lusitânea disse...

Agora quem paga as favas são os funcionários públicos.

Karocha disse...

Interessante José!

Já pus no moral do meu face para os seus fãs e, são muitos ;-)

Karocha disse...

"Mural"

hajapachorra disse...

A roubalheira tem linhagens e só criticamos os arrivistas do tipo loureiro ou socrates. Não é justo.

O Público activista e relapso