quinta-feira, dezembro 13, 2012

A estatística do senso comum

 RR. Sapo:

Um em cada cinco sem-abrigo na Grécia tem um título universitário, segundo um relatório apresentado em Atenas sobre “a mudança radical” do perfil dos novos sem-abrigo.
Embora não haja estatísticas oficiais, a Grécia tem actualmente cerca de 20.000 pessoas a viver na rua, segundo Olga Theodorikaku, da organização não-governamental Klimaka, autora do relatório.
Quase dois terços (65%) são “novos sem-abrigo”, a viver na rua há dois anos ou menos.
“O perfil dos novos sem-abrigo mudou radicalmente. Antes da crise, a maioria era pessoas com problemas mentais ou de abuso de álcool e drogas”, explicou Theodorikaku.
A maioria dos novos “sem-abrigo” tinha trabalho nos sectores mais afectados pela crise: construção (24,8%), privado (22%), independentes (18%) e turismo (16%).


As casas começam a construir-se pelos alicerces, diz o senso comum. Na Grécia ( e em Portugal) o senso comum deixou de morar na casa de alguns indivíduos que mandaram na Educação nas últimas décadas. Substituiram-no pela Estatistica. E pela utopia. Os resultados estão à vista, lá como cá e os responsáveis são sempre os mesmos.
À força de quererem ser mais europeus que os europeus forçaram o ensino, mascotando cursos e cursilhos para atingir o nirvana dos doutoramentos em coisa nenhuma. Para que servem as teses de doutoramento que se empilham nas bibliotecas universitárias e que ninguém mais lê a não ser os que as fizeram? É que suspeito que nem os arguentes têm pachorra para as ler de fio a pavio...

Depois, a realidade não acompanha a ficção...mas os responsáveis são nomeados para altos cargos bem remunerados como prémio do que fizeram.

Aditamento: há uma pequena excepção nas teses de doutoramento que ninguém lê. A tese de Adelino Gomes, jornalista, realizada no âmbito do ISCTE ( blarghhh) foi agora publicada, depois de retocada e tornada mais pop. É sobre os telejornais e vale a pena ler o início.

15 comentários:

Floribundus disse...

os sovietes do ps foram e são mais prejudiciais que os do por estarem nos governos.

o lobi dos 'empilhadores de tijolos ou barões da caliça' deixaram milhares de casa por vender nos próximos séculos

uma idiota voltou a falar no tgv

a maior parte dos universitários serão erternos desempregados devido à diarreia de cursos de papel e lápis.

o turismo e serviços abarrotam de oferta para escassa procura

o sector primário foi votado ao abandono e a culpa é do PR

aconselho a leitura do post 'o suicídio da europa' no blog 'Aventar'

assisto ao 'suinícidio' do ocidente como referido há quase um século por Spengler.
2 séculos de iluminismo e a culpa é dos Padres

zazie disse...

Exacto, José- tudo doutor "em coisa nenhuma".

Raul Berenguel disse...

Como dizia Bergier, "não se pode ver a mão dos russos nos calções de todos os zuavos". 213 consultas e 54 downloads internacionais em um ano, não é mau para uma Tese sobre um assunto restrito, publicado num país do qual ninguém quer saber, pois não?
https://repositorioaberto.uab.pt/stats?level=item&type=access&page=downviews-series&object=item&object-id=10400.2/2049

josé disse...

213 consultas que significa senão isso mesmo, consultas?

Mesmo assim é um número razoável. E as demais?

hajapachorra disse...

Anuncio aos mortais preocupados que essas teses que rolavam para os esconsos das bibliotecas reclamando musgo e sono eterno acabaram. Acabaram mesmo. Agora, depois de Bolonha, não há teses de doutoramento. Há uns traques de 200-300 páginas, concebidos em 3 anos, que se chamam dissertações de doutoramento. Na verdade são dissertações de mestrado.

Floribundus disse...

nem me atrevo a dizer o que penso sobre as centenas de dissertações e teses que de que li a 1ª pg.

a epidemia de caganeira que assola que assola o PAÍS SALOIO DOS DOUTORES
equivale ao nº de generais:
Espanha 28
UK 3
Noruega 1
Portugal 238

zazie disse...

Em 3 anos, hajapachorra?

Isso é para disfarçar. As de mestrado já são copiadas de outras, em apenas um mês.

S.T. disse...


José já viu o último post do apodrecetuga ? 140 milhões é quanto cabe no OE de 2013 para a manutenção da AR .

hajapachorra disse...

Z refere-se às teses de mestrado-licenciatura ou de doutoramento-mestrado? As primeiras de facto já são assim, as segundas ainda disfarçam. Para mal dos meus pecados tenho duas para ler anteriores a esta merdificação geral. E uma delas tem 962 páginas e está muito bem feita. Ao furibundo queria dizer que Espanha não serve de termo de comparação: lá a caganeira de teses começou muito antes.

Anónimo disse...

Tem toda a razão, José. Portugal nos últimos 2o e tal anos formou verdadeiros doutores de coisa nenhuma e que muito pouco servem. Um verdadeiro «país do paleio»! Dá para rir com a da «geração mais qualificada de sempre» quando metade dela tem cursos que pouco valem.

JC disse...

Uma tese com 962 páginas?
Deve ser uma tesão...

zazie disse...

Às primeiras, hajapachorra.

zazie disse...

Quero dizer- refiro-me às de mestrado, já depois de haver licenciatura.

Não me referia a teses de final de curso- estava a falar das teses que dão o grau de mestre e que dantes chegavam a levar 4 anos, com 2 anos de aulas teóricas, 15 hs semanais.

Agora basta inscrever com licenciatura de Bolonha e, um mês depois da inscrição para obtenção do grau de mestre, com orientador/a de resumos e cópias, tem-se uma tese feita e aprovada.

zazie disse...

Mas permitem 962 páginas?

Tese de doutoramento com 962 páginas?

Estranho- que me lembre havia limitação e nunca chegava a esse número- a menos que levasse apêndice.



hajapachorra disse...

Antes de Bolonha, nas minhas univs não havia limite nenhum. Por isso também 'deslarguei' um calhau de mais de novecentas, sem anexos. E está publicada.