quarta-feira, junho 12, 2013

Vasco Vieira de Almeida, o "velhote esquerdista"...que fez fortuna na advocacia de negócios.

Vasco Vieira de Almeida, abaixo citado no jornal Diário de Lisboa de 12 de Julho de 1974, como sendo um ex-futuro candidato a ministro do II Governo provisório, foi ministro do primeiro, durante dois meses na coordenação económica.
Vasco Vieira de Almeida era, até ao 25 de Abril e segundo a Wiki, aliás muito parca em dados biográficos desta personagem central do actual regime, presidente da administração do Crédito Predial Português.

Em 17 de Dezembro de 1975, VVA foi retratado numa coluna no Expresso, a propósito de "quem é quem na descolonização".  VVA, então com 41 anos,  assume por isso uma faceta de Sombra do regime, a par de um Almeida Santos e outros. Um submarino que submergiu na política nacional logo a seguir ao 25 de Abril, de modo que o seu nome foi logo escolhido para o governo.

"É grande amigo de Marcelino dos Santos, Agostinho Neto, Arménio Ferreira, Melo Antunes", escrevia o Expresso, onde aliás era colunista na página de Economia. "Sempre se achou um líder" dizia dele Fonseca e Costa, o cineasta.
Esteve preso pela PIDE, por motivos que explica por aqui., numa entrevista de 2001 ao Público  Esteve preso 15 dias e depois disso, já advogado, um director-geral de um banco, do BPA, convidou-o para trabalhar no banco. O modo como VVA explica o convite- feito depois de o presidente do banco ter indagado na faculdade sobre o que "havia de melhor"- e o folclore à volta do mesmo é interessante. Diz que se apresentou à entrevista com um livro de Marx ( na realidade de economia marxista, de Maurice Dobb que era recomendado em 1975 na faculdade de direito de Coimbra pelo professor Aníbal Almeida, já falecido-nota minha) debaixo do braço ( em 1959...), "desculpando-se de não poder aceitar  o convite, visto possuir uma formação marxista que de modo algum se coadunava com a banca". Mas ficou e a explicação que dá para a contradição é fascinante e relata mais sobre a personalidade e o carácter do que muitas linhas de biografia. Há uma explicação mais detalhada na mesma entrevista de 2001.



Em seguida ao primeiro governo provisório esteve em Angola, onde assumiu funções governativas no governo de transição e certamente passou pela saída apressada dos "retornados", com todo o cortejo de desgraças que a "descolonização exemplar" lhes trouxe. Não se dá por achado, o que revela numa pequena entrevista  ao primeiro número do jornal a Luta de 25 de Agosto de 1975 ( jornal do PS e dirigido por Raul Rego).


 E depois disso, segundo o Sempre Fixe de 21 de Setembro de 1974, foi embaixador. Em Paris.. Paris é sempre uma festa...mesmo quando se estava já ligado ao grupo Bulhosa, depois de se ter sido empregado de Cupertino de Miranda, mesmo na administração.


Vasco Vieira de Almeida tem assim um currículo imbatível- foi esquerdista, até do MUD-Juvenil, foi ajudante de banqueiro e administrador de banco capitalista; foi governante, conheceu por dentro o deslize de Portugal do capitalismo para o socialismo, apoiou tal mudança, associou-se ao esquerdismo comunista e acabou onde está: na advocacia de negócios mais liberal que pode haver e mais dependente do Estado que existe em Portugal porque cingida aos negócios de alto gabarito dominados pelos governantes.

A sua firma de advocacia tem já currículo como uma das poucas firmas que outro personagem lendário destas lides disse em tempos serem de consulta obrigatória para o Estado. E foram e têm sido...

Recentemente, em 2012, noutra entrevista ao Jornal de Negócios disse uma coisa espantosa, já por aqui comentada:


Outra coisa espantosa que disse em 2001, ao Público: A entrevistadora, Maria João Seixas. uma esquerdista, perguntou-lhe qual "a pior herança que o regime fascista nos legou e que ainda se faça sentir na sociedade portuguesa? " Resposta: "o conformismo e o corporativismo. "


Passada uma década, ao Jornal de Negócios, sobre o mesmo tema dizia isto: que continua a existir o corporativismo, ainda pior que dantes.


Resta saber o que VVA fez de útil e positivo, no campo da sua actividade, para acabar com aquilo que considera a pior herança de 48 anos que se prolongaram por mais 40...tendo em conta o modo de actuação das firmas de advocacia no nosso país, actualmente. E saber, principalmente, se Salazar ou Caetano permitiriam a maior pouca-vergonha de que essas mesmas firmas dão mostras, em vários casos de intervenção medianeira em negócios do Estado, na parecerística avulsa que prestam ao Estado a troco de milhões e na mais completa ausência de escrúpulos morais quando se diz, como Júdice disse que o Estado tem a obrigação de consultar essas firmas. 


De facto, o percurso biográfico de Vasco Vieira de Almeida tem encalhado ultimamente nos escândalos mais mediáticos dos últimos anos.
Esteve ligado ao Freeport e está ligado aos submarinos que Ana Gomes anda agora a tentar desvendar com a delicadeza e savoir-faire que se lhe conhece, porque se apercebeu que pode entalar Paulo Portas ou Durão Barroso.
No Freeport participou no negócio principal e sabe com certeza todos os pormenores do mesmo, designadamente o que os ingleses pensam e disseram, publica e particularmente sobre o caso e o então governante José Sócrates.
Sobre os submarinos e o negócios de quase mil milhões de euros, do Estado português com a Ferrostaal ou empresa subsidiária desta, sabe ainda melhor porque participou igualmente no negócio, representando os...alemães.
Estes, concluíram nas respectivas instância judiciais que houve grande corrupção no caso e até identificaram a fonte de corrupção concreta e os destinatários, num processo cujo embrulho é de muitas camadas e difícil de lidar pelo DCIAP português, cuja habilidade e competência profissional está à prova. O assunto já vem de final dos anos noventa e por isso é de temer o pior, tendo em conta a especial complexidade do esquema corruptivo, com a criação de empresas fantasma e testas-de-ferro como modus operandi, misturados em off-shores e empresas espalhadas por vários cantos do mundo.
Tudo isso foi já aflorado nos media, e comentado aqui, aqui e aqui. E também aqui. Com uma boa resenha do essencial , por aqui 
O nome de Vasco Vieira de Almeida surge assim associado a este caso dos submarinos, bem ou mal e há outros nomes na berlinda, referenciados por aqui, deste modo:  Helder Bataglia dos Santos, quadro do Grupo Espírito Santo (GES), Luís Horta e Costa, ex-presidente da ESCOM, empresa do GES que prestou assessoria ao consórcio alemão, Miguel Horta e Costa, ex-presidente da PT, o advogado Vasco Vieira de Almeida, entre outros.
Quanto a Helder Bataglia, o tal quadro da Escom ( já vendida como coisa que queima e agora toda virada para Angola) é uma referência que merecia maior história publicamente conhecida. Está todo integrado em Angola...

Por causa disto, a firma e o escritório de advocacia de Vasco Vieira de Almeida foi alvo de buscas, o que é quase inédito em Portugal e deu azo a protestos dos incomodados do costume.

A questão que se coloca neste contexto é delicada e permite avaliar o balanço de um quase quarenta anos de democracia:

Seria possível a Vasco Vieira de Almeida, enquanto advogado prosperar como prosperou, com um regime como o de Marcello Caetano? Seria possível que Vasco Vieira de Almeida fosse advogado dos alemães, num negócio que envolveu muitos milhões de euros do Estado português?

O deslize moral que se verificou logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 em matéria deste teor, dos negócios de particulares com o Estado, porque é que ocorreu?
Que carácter e moral têm personalidades como Vasco Vieira de Almeida, suspeitos de se conluiarem, ou pelo menos terem conhecimento concreto disso mesmo,  em actos de corrupção gravíssimos e gravosos para o Estado quando foram indivíduos que atentaram contra o regime anterior, a quem apodavam de várias coisas e vituperavam a corrupção que então nem sequer existia com este nível e desembaraço?
Onde pára afinal a moralidade? Agora ou antes?
E uma  final: é esta a Esquerda que Vasco Vieira de Almeida representa e em que acredita?

São estas perguntas que ficarão eventualmente sem resposta mas que se impunha fossem discutidas na praça pública.

Em coda e porque me parece necessário, tenho a dizer que não me parece que Vieira de Almeida seja corrupto, no sentido corrente da expressão e com laivos criminais. Não é bem isso. É outra coisa ainda pior: Vieira de Almeida, tal como Proença de Carvalho ou Júdice ou mesmo Sérvulo Correia ( impoluto nesse aspecto, parece-me) é uma das figuras deste regime corrupto que temos. Essencialmente, visceralmente corrupto como nunca o foram os regimes de Salazar e Caetano. Dificilmente se lhes apanhará seja o que for susceptível de ser julgado por um tribunal colectivo e para opróbrio final. Não creio em tal acontecimento porque o sistema que ajudaram a gizar os livra de tais incómodos e vilipêndios públicos. E não apenas por causa das dificuldades processuais, mas por outra coisa ainda pior: o regime acaparou-se de leis e regulamentos que legitimam essa corrupção endémica que mina qualquer Estado, como nunca o salazarismo ou o caetanismo foram capazes de fazer, ainda que o quisessem- e não quiseram, sendo isso um facto indesmentível, quanto a mim.
É esse o problema maior e Vieira de Almeida, por quem foi e por quem é, sabe que assim é. 


35 comentários:

Vivendi disse...

Excelente desmontagem...

Luis disse...

Subscrevo totalmente. Obrigado.

Floribundus disse...

além de anti-fascista profissional era bom jogador de rugby:
com as suas mãozinhas delicadas conseguia agarrar a bola só com uma.

depois de 25.iv a administração da multinacional onde trabalhava contratou-o para uma reunião em que estive. o advogado da empresa deu parecer mais acertado

zazie disse...

Grande post.

Zé Luís disse...

Conheci um para mim desconhecido: ouvia falar, mas não lhe sabia sequer a tromba.

Floribundus disse...

o 'peditório' para os profs grevistas é de 5€
parece o tempo da Senhora Tatcher

Putin, o Grande
conseguiu aprovar uma lei contra a paneleiragem por unanimidade

este rectângulo parece dirigido pela ETA: há Vascos por todos os lados (gonçalves, lourenço. ...). o melhor era Santana

José
posso apresentar-lhe um editor Amigo para publicar o livro que está a preparar com perícia e isenção.

zazie disse...

Não dá. Basta falar-se com colegas ou ex-colegas de trabalho e não há a menor dúvida que o José tem razão.

Está meio mundo intoxicado com uma mentira e ela é esta aqui identificada- a mentira do discurso de esquerda.

Só que desta vez, se não acontecer um milagre, esta canalha vai destruir de vez Portugal.

Nenhum de nós vai estar cá para ver qualquer nova reconstrução, se a escardalhada tomar o poder.

Nenhum. Porque esta esquerda nem em Cuba existe. Esta esquerda é da URSS de há 50 anos.

E o resto do povão nem sequer heróico é, nem nacionalista, nem quer saber- ficou poltrão.

José disse...

Obrigado, Floribundus, mas o único livro que estou a preparar não é sobre isto ,mas apenas sobre as coisas que ao longo dos anos me interessaram, mas artes, música, letras e pessoais.

É um livro pessoal para mim e os meus e deve ser exemplar único. Estou em fase de organizar o material recolhido e criar o grafismo e arrumação das páginas. E isso agrada-me porque há revistas e livros que sempre gostei e vou tentar imitar e criar de novo.

Quanto ao resto, duvido que haja muita gente interessada no assunto.

De resto está tudo aqui...

José disse...

Amanhã, há mais: Costa Gomes sobre Marcello Caetano. Muito interessante...

zazie disse...

ò Floribundus, diga-me lá, v. que já tem mais experiência que eu:

Alguma vez na vida imaginou ouvir a mesma cantiga passados todos estes anos?

Não sente um fenómeno estranho em se estar a viver duas vezes a mesma imbecilidade?

Dizem que os velhos é que repetem tudo, mas o que mais me espanta é ver novos a repetir o paleio de fósseis.

Do que devia estar morto e enterrado.
E não sei o que os move. Sinceramente que não sei se não é puro fanatismo da mesma ordem da imbecilidade tribal da bola.

zazie disse...

Boa, José.

Vir aqui sempre serve para exorcizar de forma mais inteligente todo este clima obnóxio que se vive

zazie disse...

Na verdade, eles não se dão conta que repetem. Precisamente porque são novos.

AHAHAHAHAHA

É um fenómeno do caraças- assistir a um remake em que os protagonistas nem se dão conta de serem duplos e réplicas em terceira ou quarta mão.

José disse...

É por isso que a História quanto se repete é em farsa, como está a acontecer.

Ainda há pouco apareceu o fóssil Arménio a dar notícias de 1920...

José disse...

De resto o "fassismo" é sempre referido aos anos 30 e 40.

Os anos sessenta ou setenta, para eles já são o futuro que nunca existiu.

Os jornais de tv da noite estão pejados de depoimentos de personagens ancorados nos anos trinta.

Portugal está assim.

José disse...

Para eles é um novo PREC todos os dias e alimentam a fantasia de um novo 11 de Março e um Verão ainda mais quente.

Parece que as previsões apontam para um verão frio...

José disse...

Torna-se fácil perceber o que vão fazer porque já o fizeram em 1974, logo aquando do primeiro governo provisório que durou escassos três meses.

Logo a seguir outro provisório e assim sucessivamente até ao VI de Pinheiro e Azevedo. Quem mandava era a rua.
A rua dos arménios avoilas e jerónimos da época.

Em dois anos estávamos na bancarrota.

E vamos pelo mesmo caminho.

hajapachorra disse...

O José acaba por concordar comigo: estes fabianos aventalícios, os sombras, são infinitamente mais perigosos que os vetustos do pcp e os flocolóricos do be. Amen.

José disse...

Não concordo por um motivo:

Estes indivíduos são apenas uma coisa: oportunistas pura e simplesmente.

VVA teria aproveitado o sistema se eventualmente virasse para o comunismo. Não tenho qualquer dúvida. Assim, virou para a vidinha dos negócios com os capitalistas mas sempre com o discurso da esquerda.

É preciso não esquecer que a patarata da neta disse publicamente que a criada ( a empregada) era quem lhe descascava a fruta...

zazie disse...

Pois vamos. E eu não vou lidar com isto.

Vou refugiar-me nos meus monstrinhos vou caçar gárgulas.

zazie disse...

Tirava os caroços á fruta, José. Descascar é coisa para proleta. A dela tira-lhe os caroços.

José disse...

Para lhe tirar os caroços, descascava primeiro. Ahahaha.

A neta é bem gira...

José disse...

hajapachorra:

O Problema nacional mais grave é o discurso de esquerda que é predominante.

Sempre me pareceu assim, mesmo quando tal não parecia, como nos anos noventa.

O que nos aconteceu em 74-75 estragou-nos o futuro, mas é verdade que foi preparado entre 65 e 74...

zazie disse...

ahahahahahaha

Realmente, era mais difícil tirar os caroços e deixar a casca.

":O)))))))


Eu, às vezes, digo cada disparate.

lusitânea disse...

Não tivemos um Mandela branco que resolvesse a questão ultramarina a bem de todos.Depois da queda do Vietname quem é que restava?Na guerra fria que então se desenrolava entre os dois blocos.Os soviéticos até as suas mulheres brancas davam aos guerrilheiros africanos...e pagavam claro
O regime deposto em 25 depois de anos e anos no "aguenta,aguenta" achou que podia lixar o pilar em que se apoiava...
Aliás o actual vai pelo mesmo caminho.Os advogados têm uma certa tendência para a asneira crónica...

lusitânea disse...

Descolonizaram bem e andam agora a colonizar-nos melhor!

Anónimo disse...

José,
Uma observação à margem do seu texto se me permite:
Um cidadão que não conheço,segundo as notícias foi condenado em tribunal a pagar 1300€ por difamação ao Presidente da República no dia 10 p.p ( Dia de Portugal.
Miguel Sousa Tavares alegadamente chamou palhaço ao Presidente da República há semanas atrás e...?
Nada tenho contra nenhum deles, mas registo essa diferença. Claro haverá explicações técnicas, mas o resultado é este. Um é condenado sem "espinhas" e o outro continua...À espera de quê?
Humanamente entendo que não deviam ser condenados por uma boca, mas admito que o Órgão de Soberania devia ser respeitado . Mas quem não se dá ao respeito....

josé disse...

Resumidamente a diferença advém de um ter sido julgado em processo sumário e o outro ainda estar à espera do inquérito e da acusação eventual.

É só isso, mas haveria mais a dizer sobre essa sentença dos 1300 euros...que me parece para anular em sede de recurso.

Unknown disse...

Uma pequena rectificação, O Miguel Horta e Costa referido no texto não é o da PT. Este Miguel Horta e Costa é irmão do Luis Horta e Costa, ex-ESCOM, e tambem ele funcionário do
Grupo Espirito Santo.

aragonez disse...

Leio o seu post e sinto-me integralmente de acordo.
Faltou referir outros ramos que estas raízes "deram" à terra,como o percurso do delfim de VVA. que serviu na BFP. em Paris, com laços de cashflow aos movimentos que lutavam contra Portugal em África.
E deu origem a fundações...
Os laços não se estendiam a todos os que por lá atiravam sobre nós.
Eram só os que a CCCP indicava e aos quais mais tarde, o outro elo da cadeia, Mário Soares veio a entregar os activos...
Uma das tetas dos laços era o traidor de Argel.
AMDG!

lusitânea disse...

Pesquisei no meu blog com o nome completo e veio logo a ordem de batalha da maçonaria...

lusitânea disse...

Aliás papagaios da maçonaria nas televisões é mato...o tal Estado paralelo...

naoseiquenome usar disse...

"(...)era recomendado em 1975 na faculdade de direito de Coimbra pelo professor Aníbal Almeida, já falecido-nota minha) debaixo do braço ( em 1959...)(...)"
Ai as recordações. Aníbal Almeida, meio coxo, de cabelo comprido oleoso e o seu assistente, outro "A" de que agora não recordo o nome, só sei que eram conhecidos pelos dois "A" de "animais" , que havia sido saneado e reintegrado. ... Que perante a possibilidade de irmos à oral com 6, nos mandava para a dita, dividir 90 por 9 :), para a seguir acrescentar que a nota era superior, mas.. queria avaliar-nos. O tal que desenhava uma ave no quadro para contestar que em português superavit não existe, apenas superave! ... Memórias.

Quanto à doutrinação e propaganda de esquerda, depois de ler o que aqui vai escrito, julgo-me "boa pessoa". Como a maioria. Mas... afinal, terá sido apenas a propaganda, quiçá agressiva, para um povio que não ligava à política, (tal como hoje) a responsável pela interiorização dos respectivos princípios, ou defesa de ideologia,sei lá...?! Terá?! Por que fica um povo apático perante a política? E porque adere ao que as "pessoas boas" sentem ser o melhor?

josé disse...

O Aníbal nao me parece que fosse meio-coxo. Andava era com um jeito tipo corcunda de notre-dame e sempre encostado às paredes.

Um dia deixou a chave dentro do carro, fechado, a seguir. Era o espectáculo habitual ver o "lente" às voltas, literalmente, do problema, no terreiro dos Gerais.

Um cómico e um original. Por causa do indivíduo comprei o manual de Économie marxiste, de Ernest Mandel, na colecçao 10/18. Ainda o tenho.

naoseiquenome usar disse...

Bem, se não era meio coxo, bem parecia, ou então era um tique, credo (não pelo facto, coitadas das pessoas meio-coxas), mas por toda a apresentação/ostentação do dito. Aquele cabelo quase escorria óleo. Que impressão. Continuo sem me lembrar do nome do assistente que não era mais amistoso na imagem. Armando? (eu sei que sou mais nova, mas podia lembrar-se :)).

Maria disse...

Mas a Patrocínio é neta desta encomenda?... Agora percebe-se muita coisa. Por isso é que ela está protegida pelo sistema e também pelo mesmo motivo foi convidada para integrar a comissão de honra na campanha à presidência do hipócrita-mor do regime...

Mas este Vasco já tem quase 80 anos? Parece que foi ontem que, nos idos de 74 (andaria perto dos 40?), ele aparecia na televisão (a única) e em notícias de jornais semana sim, semana não e dava ideia de ser uma pessoa decente, até pela referência (aparentemente positiva) de ter sido um elemento activo e respeitado na sociedade, ainda que já para os fins do Estado Novo. De certeza que era tido em boa conta pelos portugueses. Mas perante o percurso sinuoso da criatura, desde 74 até hoje, tudo muda de figura. Ocupou cargos importantes ligados ao sistema no regime anterior; percorreu este, sempre ligado ao poder desde o seu início até ao presente e continua, permanecendo intocável pela esquerda inteira e gananciosamente agarrado ao respectivo pote.
Este oportunista-situacionista teve um passado profícuo no 'fascismo', como continua a tê-lo neste social-fascismo que nos sufoca e pelo andar da carruagem tê-lo-á garantidamente no futuro. Pelo que nos é dado ler, ele só tem vivido (obscura e fraudulentamente) deles e para eles. O virar a casaca ràpidamente, quando se percepciona uma mudança de regime, sempre beneficiou lautamente muita gentinha nada escrupulosa. E nesta ditadura democrática os exemplos são mais que muitos, só consegue obter estatuto, social profissionalmente, quem a ela estiver umbilicalmente ligado.
Quando se praticam tantos ziguezagues políticos duvidosos e se continua a viver de consciência tranquila uma vida inteira, significa que se é um verdadeiro escroque. E neste particular estamos perante o exemplo acabado de um deles e sempre sob o manto protector do sistema. E tanto assim é que aquando do mandato judicial de busca ao seu escritório de advogados (já vai largo tempo), esta busca, em lugar de ter sido apoiada por todos os orgãos de soberania e afins, foi veementemente criticada por alguém cujo cargo lhe confere ou deveria conferir, responsablidades acrescidas, Marinho e Pinto... himself! Esta estraha atitude da parte do B.O.A. quer dizer muita coisa.

Mas nada disto é novidade, Portugal rebenta p'las costuras com gente de baixíssimo nível ligada à política e a todas as instituições estatais e civís por ela controladas, desde 1974.
E, não curiosamente, muitos destes espécimes transitaram do regime anterior para este com a maior das descontracções, o que, no caso e apreço, demonstra o carácter desprezível da personagem em questão. Todos estes intrujões são mercenários dos sistemas políticos, independentemente do tipo de regime em vigor. Vendem-se àquele que der mais. A única coisa para que estão sempre preparados é para lançar os gadanhos à propriedade alheia com o conveniente beneplácito dos poderes corruptos instituídos. Nas democracias é assim que se 'trabalha' para bem da comunidade. Na 'nossa' não podia haver excepção.

Quanto a este trafulha, com aquele nariz d'ave de rapina (que foi encurtado e mesmo assim não engana) está-lhe estampada na fronha a ganância de que é possuído. Com o devido respeito por quem tem o nariz adunco e no entanto é incorruptível.