Nuno Domingos, “investigador do ICS-UL” articula hoje no
Público uma página e mais outra sobre Eusébio e o Estado Novo. É roupa velha, este
assunto. E por isso requentada de ideias "meme" em profusão. Estão lá todas e
quem quiser passar nos testes do ISCTE deve conhecê-las porque é a cartilha
oficial do anti-salazarismo primário,
secundário e de curso da ESE.
Basicamente, para
estes ideólogos de iscte-ics-ces, verdadeiros mentores dos memes” Eusébio é um preto ( um “negro” que a
palavra preto não se contrasta bem com branco…e soa a demasiado racista, por
isso mesmo) que veio de Moçambique para a “Metrópole”, para ganhar a vida, sob um regime fascista e
colonialista que não respeitava os direitos humanos. E por isso foi explorado de várias formas e feitios. E vingou-se dos antigos ditadores, podendo ocupar um lugar na História que aqueles não merecem.
Como escreve este articulista de circunstância, “na cultura
popular” da época, um africano, nessa altura, era quase sempre ridicularizado
com evidente crueldade, em livros ( onde estarão eles?) em imagens ( onde,
onde, essa iconografia inventada por estes articulistas de circunstâncias
tristes?), em jornais ( cadê tais papéis em português que ninguém os leu?),
bandas desenhadas ( será no Tintin no país do ouro negro ou no Congo?), campanhas
publicitárias ( talvez aquela do preto de cabeleira e o branco com carapinha? Será essa, da tv
dos sessentas?) e anedotas ( devem ser
deste género do escrito de circunstância…).
Portanto, é dado como assente que “ desde os seus
primórdios, o Estado Novo contribuíra decisivamente ( nem menos…)para a
disseminação de um racismo generalizado”. Este articulista de circunstância
onde foi buscar tais sabedorias temáticas? A livros? Parece que sim e cita um,
de Isabel Castro Henriques, publicado pelos CTT( huumm…) sobre A Herança de
Portugal, para afirmar a atoarda ideológico-política.
A tal Isabel Henriques será uma estudiosa que “rompe” e
“estrutura” na investigação de temas africanos, geralmente no ISCTE e na ICS-UL,
argumentando garbosamente sobre a “materialidade do simbólico”.
Não satisfeito de tal companhia ideológico-política, o
articulista de circunstância junta-lhe outro: Valdemir Zamparoni, historiador brasileiro
que também navega muito nas águas da materialidade do simbólico e que “explicou bem este mesmo processo, na sua tese sobre a capital de
Moçambique” segundo o infausto articulista do Público que se vale dessa sabedoria para afirmar que
" Lourenço Marques carecia
então de uma genuína integação social”.
Agora, tem-na plenamente, segundo consta. Uma magnífica integração
social derivada da ausência de “colonialismo” e com uma democracia pujante de
ideias sólidas sobre direitos e garantias dos cidadãos. O colonialismo era o
culpado por tal coisa não existir como hoje manifestamente existe. Quem diz
Moçambique, diz Angola e outros países africanos, em que os cidadãos estão
devidamente integrados socialmente em …musseques que são maiores que jamais
foram. Já têm as infra-estruturas que o colonialismo não permitia e se não têm a culpa é da guerra provocada pelos imperialistas colonialistas.
Zamparoni, portanto. Um brasileiro que disse assim, em brasileiro:
“O professor, Valdemir Zamparoni, que ensina História da África desde
1984, conta que até 1979, não havia referencias sobre a História da África. Ele
lembra que em 1982 saiu o primeiro volume publicado em português, com edição
feita no Brasil. “Passava vergonha por dizer que a única língua para a qual a
versão não tinha sido completada ainda era a língua portuguesa, por ignorância
dos brasileiros em relação à África e aos seus descendentes”.
No primeiro contato que estabelece com seus alunos em sala
de aula, Zamparoni pede cinco palavras que vêm na cabeça dos universitários
quando pensam em África, e o resultado é quase sempre o mesmo: miséria, guerra,
fome e destruição. Essa imagem negativa do continente africano foi construída
nesse mundo Ocidental há vários séculos e repetida incessantemente pela mídia.
Portanto, a sabedoria científica de Zamparoni sobre assuntos africanos vem de…1979 e já tem alguns séculos. Antes,
era o deserto, na Namíbia com uma Welswitchia Mirabilis a acompanhar.
Estes artigos de circunstância em que o Público é pródigo
não têm outro fito que não o de replicar os memes sobre o que deve ser o
entendimento comum daquilo que foi a colonização portuguesa em África, o regime
de Salazar, do Estado Novo, numa sociologia e historiografia que nunca destoa
desses memes fixados em linguagem pseudo-científica desde há cerca de 40 anos a
esta parte.
Quem quiser conhecer
outro entendimento que aliás era o nosso antes desse período, escusa de buscar nas publicações da
actualidade porque o que encontrará fatalmente são especialistas do ICS-ISCTE-CES a ensinar como deve ser a História e a Sociologia.
Os “memes”, ao longo das últimas décadas, encarregaram-se de
fixar o sentido e significado da linguagem narrativa e descritiva destes
fenómenos. Quem não seguir a cartilha e usar a mesma linguagem codificada, não
tem lugar no gotha do establishment universitário dos isctes-ces-ics.
Temos actualmente em Portugal uma verdadeira Academia de
Memes, das ciências sociológicas e
historiográficas e os seus cultores de capela profana, devidamente apoiados por
todos os media do sistema e fora dele.
É assim a vida e por isso deixo duas imagens para realçar a inteligência daqueles articulistas de estalo.
A primeira é da revista Observador de 11 de Junho de 1971.
A segunda são duas páginas do livro E tudo era possível, em que se relata uma passagem ilustrativa do verdadeiro anti-colonialismo, do feliz autor José Jorge Letria, antigo comunista arrependido que manda agora na Sociedade Portuguesa de Autores, Maçonaria oblige.