quinta-feira, setembro 07, 2017

Vinhos de outra pipa...

A revista Sábado desta semana tem esta capa:






No interior tem várias páginas com relatos de transcrições telefónicas de conversas mantidas entre visados no processo do Marquês, particularmente duas mulheres apresentadas como amigas do interlocutor principal.
O assunto é a suspeita, bem plausível, no sentido de o antigo primeiro-ministro de Portugal ser um drogado. A linguagem usada é em tudo semelhante à que os dealers, passadores, pequenos traficantes de droga das pequenas cidades portuguesas usam para iludirem a eventual vigilância da polícia.

A lógica das conversas é a do pequeno trapicho de drogas para consumo. Uma vergonha e que denota bem o estofo moral de um primeiro-ministro que Portugal aguentou como um herói da modernidade e que até se gabava de ser o líder que a direita gostaria de ter.
O consumo de estupefacientes em Portugal deixou de ser crime há uns bons anos, mas não o respectivo tráfico, mesmo em pequenas quantidades.

É motivo de alguma perplexidade o modo como as autoridades, mormente o MºPº, lidou com este caso concreto que indiciava o tráfico de droga em que os consumidores utilizavam o truque habitual de quem não quer ser apanhado com a boca na botija: mandar os outros buscar e encarregar outrém de servir de medianeiro entre o dealer e o consumidor.

As escutas transcritas revelam que as autoridades estiveram em tempo real a monitorizar o que se passava e não se compreende a razão por que não quiseram identificar os fornecedores das "garrafas de vinho" que afinal era de outra pipa e vinham embaladas em pequenos envelopes fechados com fita cola.
Como a matéria é delicada, está-se já a ver o visado a rasgar as vestes de indignação postiça fundado na prova indiciária  de pouco valor probatório para além de uma investigação aparentemente mal conduzida e  frustrante.
É pena que isto suceda em casos desta importância.


Questuber! Mais um escândalo!