sexta-feira, novembro 26, 2010

Os exemplos de 1971

A revista Observador de onde tem sido retiradas estas imagens traz ainda uma extensa reportagem sobre investimentos estrangeiros, algo que hoje desejamos como de pão para a boca. Uma das figuras que aparece na revista a falar em discurso de Estado sobre o assunto é Rogério Martins, então secretário de Estado da Indústria do governo de Marcelo Caetano e que os cavaquistas conhecem bem do tempo dos governos dos anos noventa. Rogério Martins, durante os primeiros anos do Público foi cronista residente na revista do jornal. Colecciono alguns dos artigos que o mesmo escreveu e o Público deveria republicá-los e aprender com o que lá se diz.
Num discurso proferido em Dezembro de 1970, o mesmo dizia que a cooperação entre o capital estrangeiro e o nacional deve ser de tal modo que "Em primeiro lugar e logo à cabeça, os capitais estrangeiros devem agir como se de capitais nacionais se tratasse: sujeitos a tal disciplina que a autoridade do Estado nunca possa recuar, por qualquer imperativo legal de privilégio, se tiver de intervir".
Esta frase até faz sorrir, hoje em dia, quando pensamos na Autoeuropa e na atitude mendicante que temos perante os alemães. Faz pensar na Ferrostaal e nas intervenções das firmas de advogados, como é o caso da Vieira de Almeida e Sérvulo e Associados- em vez do Estado- nas negociações importantes que essas firmas estrangeiras tiveram com o nosso país.
Até sinto vergonha ao pensar nisso. Vergonha, nojo e indignação e ao ler estas coisas sei de ciência certa que nem sempre fomos como somos e já tivemos dignidade como país.
Quem nos vendeu esses valores? Ou melhor: quem os ofereceu ao preço da uva mijona de umas contribuições para certas caixas partidárias e afins?

A revista apresenta cinco exemplos do investimento estrangeiro nessas condições e titula A sintonia do possível. A Manalco-Manufactura Nacional de Confecções, Lda; a Santa Clara, que fabricava cá sabonetes e perfumes de marcas estrangeiras em parceria ( "Nove em cada dez estrelas usam Lux"); A Oliva que acabou como sabemos; a Timex que acabou nas greves que conhecemos e a Lever.
É sobre esta última parceria que aqui fica o artigo em que se mostra Elísio Soares dos Santos da Jerónimo Martins que então já era uma firma bem conhecida e que hoje dá cartas na distribuição alimentar e numa Fundação que António Barreto conhece bem. É ler o artigo, clicando.

8 comentários:

José Domingos disse...

Os " gestores" de agora, com a corrupção, que grassa, já tinham recebido a visita da dgs, para uma converseta de pé de orelha, para saber onde andava o dinheirinho, dos contribuintes.
Mas, estamos melhor.

josé disse...

Nem era da DGS. Era apenas da Judiciária. Nessa altura era lá inspector o Proença de Carvalho, actualmente figura sinistra do regime.

Karocha disse...

Giro José
Fiz a última foto de pub para a Oliva, faliu um ano depois!!!

Karocha disse...

Mas eu não fui a culpada da falência!

Pedro Luna disse...

E resultados da eleição do BOA? alguém sabe?

joserui disse...

"Mas eu não fui a culpada da falência!"
Hehe. Onde andam esses anúncios?

Hoje é exactamente igual. Os capitais estrangeiros agem como capitais nacionais. Tudo à balda e à medida. Valorizações de terrenos de um dia para o outro por via de planos directores corruptos para instalação de indústrias duvidosas.
Ou a intervenção do indivíduo Júdice para instalar a Ikea em reserva ecológica e reserva agrícola nacional.
Uma vergonha. -- JRF

Karocha disse...

Joserui

Vou pedir ao basco que scane para por na minha página :-)

JC disse...

Para já não falar no Freeport...

O Público activista e relapso