quarta-feira, novembro 03, 2010

A coragem política é mais rara que a vergonha

Os jornais destes dias, noticiaram: "Ana Paula Vitorino implica Mário Lino no Face Oculta". Os factos relacionados tinham a ver com o despacho de acusação do MP no processo e com o teor de escutas conhecidas e nas quais a figura daquela governante era posta em causa, por apaniguados do PS. Prejudicava-os e queriam que saísse do Governo. Não parece subsistir qualquer dúvida sobre isto, como parece não existir qualquer reticência na alegação de que Armando Vara e Mário Lino foram apontados como pressionadores para que tudo corresse bem aos amigos do PS, neste caso.

Ora, para mais e exactamente por causa disto, foi noticiado que o MP de Aveiro decidiu abrir um inquérito autónomo para averiguar indícios de abuso de poder e/ou corrupção na putativa actuação de Mário Lino.

E depois destas notícias que faz aquela Ana Paula Vitorino? Ora, justifica-se perante o partido. Assim:

Ana Paula Vitorino afirma, por outro lado, que "sempre disse", com a "legitimidade de quem é dirigente nacional do PS", que "não admitia referências abusivas a alegados interesses do PS por parte de quem quer que fosse, muito menos por parte de quem não tem legitimidade para o fazer." "No exercício de funções governativas nunca esqueci o facto de ser militante e membro do Secretariado Nacional do PS, que integro desde Outubro de 2004 por convite do secretário-geral, José Sócrates", escreveu ainda.

Acrescentando, a rematar a missiva: "A defesa do Estado de Direito e da ética republicana estarão sempre na base do meu dever de colaboração com a justiça, no estrito respeito pela separação de poderes que a todos obriga, sejam operadores judiciários, responsáveis ou profissionais da comunicação social, pelo que rejeito veementemente quaisquer especulações políticas feitas com base em peças processuais cujo teor desconheço."

Segundo os autos do processo, Ana Paula Vitorino terá recusado afastar Luís Pardal da gestão da Refer, o qual estaria a vetar negócios com Manuel Godinho.
A coragem cívica é virtude rara. Em políticos e nestas matérias, ainda mas rara que vergonha.

4 comentários:

Floribundus disse...

Órcar Wilde disse
«o passado não se compra».

zazie disse...

ehehehe

Esta gente não se enxerga. Como é que a sujeita ainda tem a lata de invocar esse chavão caricato da "ética republicana"?

Mani Pulite disse...

É A CHAMADA BI-PRESSÃO DA MÁFIA SÓCRETINA.PRIMEIRO PARA FAZER TODOS OS FAVORES AOS"AMIGOS DO PS".DEPOIS PARA DAR O DITO POR NÃO DITO E ESCREVER UMA CARTINHA.NOS PARTIDOS TOTALITÁRIOS É ASSIM QUE AS COISAS SE PASSAM.TAL COMO NAS ASSOCIAÇÕES DE MALFEITORES.

Eduardo Freitas disse...

Cala-te boca. A minha, claro está.

O Público activista e relapso