sexta-feira, janeiro 04, 2013

A invenção das palavras de uma língua ideologicamente morta

Ideologicamente, o PCP,  em 40 anos nada mudou de substancial. E a linguagem do PCP é o veículo da manutenção da influência.
Em 15 de Maio de 1975 a revista Vida Mundial publicou um artigo assinado po Miguel Serras Pereira intitulado "Antifascismo e batalha de produção", no qual se analisa a linguagem do PCP. Palavras como "antifascismo", "reacção",  ou expressões como "batalha de produção" são analisados de forma curiosa e assimilada a um novo "ópio do povo".
Ora foi este ópio que nos têm dado a tomar ao longo de décadas, adulterando-nos o sentido corrente das mesmas palavras e alienando-o ( et pour cause, uma expressão marxista) ao sentido politicamente correcto que quase toda a gente emprega actualmente. Foi essa uma grande vitória ideológica do PCP: repescar palavras fossilizadas de uma ideologia morta e trazê-las novamente para a luz dos media, embalsamadas em expressões protectoras como "democracia" ou "novas políticas".


Quem ler o artigo percebe logo que o PCP usa as palavras fossilizadas para dar brilho a conceitos ideologicamente mortos, mas cuja eficácia perdura nos mausoléus onde se expõem.
Neste novo ano, o PCP publicou mais um número da revista O Militante, bimestral e que só custa um euro e setenta cêntimos.É a preto e branco, salvo a capa e contra-capa e a única publicidade é às edições Avante que agora republicam as obras de Marx e de Álvaro Cunhal.
Deste, escolhem-se duas páginas, sobre a CEE e a recusa do PCP em aceitar que Portugal lá entrasse como membro, com as razões que aqui ficam, de Álvaro Cunhal.

A linguagem do PCP não mudou uma vírgula desses conceitos arcaicos e fossilizados, embalsamados na ideologia morta há dezenas de anos.

Como prova, aqui fica uma parte de um artigo de um dos oficiantes do Partido, sobre o programa e cuja figura é semelhante aliás à de  um ayatolah.
A linguagem é a mesmíssima de 1975 e é por isso impressionante como o PCP e os seus sacerdotes laicos conseguem estruturar um discurso de palavras mortas e fossilizadas apresentando-as sempre como provas de vida.

Em 4 de Setembro de 1975, em pleno PREC, prestes a desembocar na aventura do 25 de Novembro, o escritor Augusto Abelaira, então director daquela revista Vida Mundial fazia um editorial que explicava o percurso do PCP nas décadas vindouras: adaptar-se ao meio político ambiente. É isso que o Partido tem feito, sempre de má-fé e sempre com linguagem encriptada para português ver, ouvir e ler, mas falsa como judas. O que o PCP quer é o que sempre quis: desfazer o capitalismo e instaurar o colectivismo mais ou menos repressivo e sempre ditatorial.
Porque é que não se denuncia este propósito e se deixa o PCP vicejar na democracia, com esta linguagem fossilizada, mas embalsamada em bedum?

Questuber! Mais um escândalo!