domingo, setembro 10, 2017

A viscosidade do sistema que gera consensos

No Sol de ontem,  o perfil do advogado Proença de Carvalho traçado por Nuno Ramos de Almeida, catalogou as empresas onde o mesmo exerce funções na Assembleia Geral.
Numa lista de 26 grandes empresas nacionais, a maior parte delas de capitais privados, não ocorreu ao jornalista perguntar ao dono de alguma delas ( sócios maioritários, por exemplo) algumas das razões da preferência deste advogado para o exercício do cargo. Não se explica ao leitor qualquer razão plausível para tal, a não ser a alegação de um dado inefável repetido ao longo do artigo: a excepcional inteligência deste meco vindo da Soalheira que costumava tocar guitarra em tandem com Dias Loureiro.
Ao contrário da viscosidade que aparentemente liga o indivíduo aos cargos exercidos, o argumento não cola assim tanto por ser tão fluido e inconsistente. Inteligentes há muitos e entre advogados ainda mais...e não será este esperto que sobreleva nessa qualidade os demais.
Há outras razões, por isso mesmo, para que este personagem arribado à democracia vindo do antigamente de um limbo oposicionista situado dentro do próprio regime com um pé lá e outro cá, tenha prosperado no âmago do sistema. Em primeiro lugar o facto de o país ser muito pequeno e o dito espertalhão ter conseguido surfar todas as ondas democráticas que se lhe apresentaram. Em primeiro lugar, a oposicionista a Marcello Caetano, com um olho a piscar ao comunismo clandestino, marcando logo um ponto importante no tabuleiro político vindouro, mesmo fincado no terreiro do capitalismo monopolista de Champallimaud e afins onde jogavam também os demais espertos do regime deposto e vindouro. Os advogados socialistas nunca desprezaram os detentores do capitalismo monopolista e isso é tão válido para este esperto como para os demais, em que se incluem os Mário Soares e outros AlmeidaSantosVascoVieiradeAlmeidaSalgadoZenha e até um Godinho de Matos ou um Magalhães e Silva co-fundador do PS.
Nunca algum desses se incomodou com a promiscuidade de princípios porque no fim de contas a similitude era evidente: poder, dinheiro e influência, são esses os valores no jogo que todos sempre jogaram.
Este advogado trazia uma vantagem: é manhoso e provavelmente matreiro. Os princípios eram os mesmos e  os fins os mesmos eram. Passar de Champallimaud para Ricardo Salgado é um passo dentro da mesma dança. Defender "o senhor",  como advogado, até ao ponto em que se prenuncia a desgraça do dito, é absolutamente previsível, mas cum gano salis: manter a porta do escritório aberta com o filho lá dentro, para o que der e vier, não vá o diabo tecê-las e o diabo tece-as mesmo, como provavelmente se verá um dia destes.

O articulista, para além de copiar imagens alheias, teve um lampejo de lucidez ao entrevistar outro advogado, agora retirado no seu Algarve, mas colega de escritório da raposa em causa: Godinho de Matos que tem muito que contar e eventualmente vontade de o fazer. Já contou o essencial da separação: o tempo é outro e a descendência da espécie carece de adaptação aos novos tempos.
Godinho de Matos conhece os truques todos, a podridão completa e a desgraça em que este país se transformou. Podia contá-la em livro ou a quem de direito que ele sabe muito bem quem seja e faria um serviço ao país, não traindo ninguém a não ser a Mentira com que colaborou dezenas de anos.

Espero que não morra sem o fazer porque seria o maior serviço que poderia prestar ao nosso país e a sua completa redenção.

Entretanto aqui ficam mais páginas do artigo insípido e medroso.



Em complemente mais outro exemplo do funcionamento do sistema apontado, do CM de hoje: o embaixador Seixas Santos agraciado com várias comendas honoríficas e de renda certa em prol da sua actividade pro bono. Miserável! E andamos nós por aqui a falar em corrupção...