domingo, maio 23, 2021

Os chantres da nossa miséria

 Estas imagens do que se passou ontem numa reunião política do Bloco de Esquerda mostram o desnorte dos órgãos de informação geral sobre um movimento político de extrema-esquerda apostado numa revolução de sempre mas actualmente acadimado a uma conjuntura  mediática sempre  cuidadosa em não espantar caça. 


O jornal Público de hoje dedica várias páginas ao assunto e a primeira é uma consagração gloriosa destas ideias subversivas do status quo. 

O ideal político para esta gente do Público e afins seria montar uma nova organização política de esquerda que albergasse estas ideias e outras de calibre idêntico às que um dos ideólogos do Bloco defendeu, por uma só e única vez numa entrevista que publicitei em tempos.

Nessa entrevista de 28.1.2005, à revista Sábado, conduzida por Miguel Esteves Cardoso ( o único que entrevistou Álvaro Cunhal, em 30 anos de regime democrático e lhe colocou questões fracturantes), Francisco Louçã exprime assim, a essência do seu pensamento político:

"O BE é um movimento socialista [diferenciado da noção social-democraca, entenda-se- nota minha] e desse ponto de vista pretende uma revolução profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de regulação da vida económica sejam democratizados [atenção que o termo não tem equivalente semântico no ocidente e significa colectivização-idem]em igualdade de oportunidade pelas pessoas. Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas por um Estado [é esta a denúncia mais grave contra as posições ideológicas do PCP]. (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."

Ninguém pega nestas declarações e pergunta claramente a esta gente de extrema-esquerda o que pretende efectiva e realmente para o país em termos de economia. 
O Público e o seu director não o fazem porque sabem e desejam no seu íntimo ideológico que tudo se desenrole por esta via, no caso trotskista, de mudança gradual do poder. Como tal e como dizia então o fraldiqueiro Louçã "É preciso partir muita pedra e em Portugal é difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."  É isso que o Público tem feito sob os altos auspícios de uma empresa capitalista que os mesmos se aprestariam a derrubar se tivessem tal poder. Enforcando realmente os seus dirigentes. E não se pense que tal delírio é coisa do passado e dos tempos gloriosos da revolução socialista porque continua bem viva nos espíritos de torquemada que os consomem de desejos e invejas. 

A pedra, actualmente e passados 15 anos após tais declarações,  já foi desbastada ao ponto de o mesmo indivíduo alvitrar o desejo de um dia ver como ministra das Finança a filha do pirata Mortágua! 

O que faria uma indivídua assim se tal lhe fosse permitido? Nem o louco Varoufakis nas suas piores alucinações seria capaz de prever. 
Pois é exactamente isso que o Conselheiro fraldiqueiro propõe, em reunião pública e comicieira, sem qualquer pudor: o plano descarado para conquistar novamente o poder económico fautor de bancarrotas. Já o tiveram em 1975 mas foi provisório e demasiado precário para o gosto de tal gente. Esperam pacientemente, partindo pedra, que o momento propício volte de novo. 

Para além do fraldiqueiro conselheiro ainda há na praça pública desta canção desgraçada como o fado que temos, o sempre celebérrimo, ilustrérrimo e emérito professor da antiga academia de Barcouço, terra da fraternidade de tais cooperativas. 
No Público (onde mais?!) de  ontem escrevinhou este panfleto de cariz revolucionário em tandem ideológico com o fraldiqueiro:


O celebérrimo e ilustrérrimo professor tem na cabeça o boné das ideias lunáticas que não se importa de proclamar para gáudio do director do Público e afins, assim:


São estes os chantres dos novos amanhãs que já não cantam sequer: querem rir, no caso de nós todos...
E por isso lá vão, cantado e rindo à sombra de uma democracia que lhes sustenta a performance  e promove o espectáculo deprimente.



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A obscenidade do jornalismo televisivo