sexta-feira, fevereiro 21, 2020

Vasco Pulido Valente, um komentador Valente que nem era Pulido

Observador:


Tenho pena disto  porque ainda deveria ter mais uns anitos de escrita singular e por vezes iconoclasta. Dificilmente encontro um outro komentador que tenha citado aqui mais vezes do que Vasco Pulido Valente. Ultimamente comprava o Público ao Sábado para ler os seus apontamentos sobre os acontecimentos da semana.
Há um par delas deixei de os ler e pensei que tinha finalmente abandonado a loca infecta do Público, relativamente à qual escreveu um dia, já há dez anos, para dar conta do absurdo da política nacional com dois partidos de extrema-esquerda ( a que entretanto se juntou mais outro, Livre):


A primeira vez que vi mencionado o nome de Vasco Pulido Valente em escrita periódica foi  na revista ( semanal) Cinéfilo ainda antes de 25 de Abril de 1974, como mostra este número de 2 de Março desse ano em que menciona o nome da mãe do actual primeiro-ministro, como pessoa do meio político-jornalístico-académico. Um Portugal dos pequeninos, portanto, já nessa altura, como sempre foi.

Fica aqui porque amanhã ninguém vai falar nisto...e da circunstância de VPV fazer parte do círculo de intelectuais que se opunham ao regime vigente, porque...era assim mesmo. A revista, aliás, era dirigida por Fernando Lopes, cineasta também já desaparecido, casado com outra gaga notória, também muito de esquerda; António Pedro Vasconcelos, um benfiquista que fez para aí uns filmes que ninguém viu, tirando um lugar do morto e outro que a história do cinema justamente ignorará.
Os colaboradores regulares de tal revista, um marco no grafismo em modo de revista, em Portugal, eram todos de esquerda e por isso somos o que somos como país.
Vasco Pulido Valente, que aliás não era Pulido mas apenas Valente e também Correia Guedes, vinha deste meio e dele não saiu muito. Por isso se encontrava bem no Público, afinal um meio semelhante, apesar de já então ter definido bem a sociologia: "(...)aquilo tudo balança entre o lugar-comum e a burla".


Nos anos oitenta, VPV escrevia na Grande Reportagem, então dirigida...por quem? Ora, J.M. Barata Feyo, com colaboradores como António Barreto e ainda o referido benfiquista Vasconcelos mais uma Filomena Mónica que detestava o salazarismo em modo socialista.

VPV nessa altura escreveu uma série de artigos sobre "os livros da minha vida" que eu li e aprendi algo com isso.


Depois disso passou a komentar em quadradinhos, no Expresso,  e nos anos oitenta, ainda chegou a aparentar-se a algo que poderia passar por direita, num país de esquerda.
Até aceitou deputar e mesmo governar, por muito pouco tempo, aliás, por conta da AD de Sá Carneiro, mas foi sol de pouca dura.

O equívoco nem durou muito porque a direita, para VPV, era mais ou menos isto, como escrevia em 2009:


Apoiou Mário Soares, fazendo jus a uma coerência de raiz jacobina e anti-salazarista do antigamente, apesar de ter escrito coisas como esta, no Independente de Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso, em 10.1.1992:


O Independente tornou-se o local em que praticava a sua escrita por vezes verrinosa e ácida. Começou logo  no primeiro número em 25 de Maio de 1988:


Escreveu nessa altura- anos noventa- um largo ensaio na revista K, rebendo o Independente, em Novembro de 1990, sobre Marcello Caetano:


 Uma das últimas crónicas relevantes de VPV já tinha quase um ano ( é de 23 de Março do ano passado):


Enfim podia estar aqui horas a escrever sobre VPP, porque foi isso que me sucedeu ao longo dos últimos anos...ahahaha.

Paz à sua alma.

Sem comentários:

A obscenidade do jornalismo televisivo