domingo, março 15, 2009

São fotocópias, senhor!

Do Público de hoje, uma reportagem de José António Cerejo, sobre a contratação milionária de João P. pelo Ministério da Educação de Lurdes Rodrigues. O assunto está entregue ao MP. Veremos no que dá. Para já, parece que ninguém se interessou pelos caixotes de papelão com as fotocópias, encostados à parede e sem préstimo algum. Portanto, não farão parte do "corpo de delito":

Meia centena de pastas cheias de fotocópias do Diário da República e de índices dos diplomas fotocopiados é praticamente tudo a que se resume o trabalho pelo qual o Ministério da Educação (ME) pagou cerca de 290 mil euros ao advogado João Pedroso (mais cerca de 20 mil a dois colegas).

Os caixotes de papelão que guardam as pastas encontram-se no chão de uma sala poeirenta, vazia e fechada à chave, do 5.º andar do ministério, encostados a uma parede, sem qualquer uso ou préstimo.

O objectivo dos dois contratos feitos com Pedroso — o ME considerou que o segundo foi cumprido em apenas 50 por cento, razão pela qual lhe pediu, em Novembro, a devolução de 133.100
(...)
Quem esperasse encontrar o resultado de um complexo e exigente labor jurídico, desenvolvido pela equipa de “mais de 15 juristas” a que alude Pedroso numa carta enviada ao secretário-geral do ME, em Setembro passado, ficaria decerto desiludido ao abrir os caixotes armazenados uns pisos abaixo do gabinete da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, na Av. 5 de Outubro. Pasta atrás de pasta, num total de 44, o que se vê são fotocópias de decretos, portarias e outros diplomas sobre assuntos de Educação, desde Outubro de 1986 até Julho de 2007.

9 comentários:

Karocha disse...

Anda tudo a roubar José!
Ainda bem que existem homens como você e como o Cerejo.

Ritinha disse...

E para que são precisas as fotocópias?
O João P., não sabia que está tudo online aqui?
http://www.dre.pt/

Ritinha disse...

Foi para o papel destas fotocópias que andaram a abater sobreiros, ou será dos eucaliptais?

Neo disse...

Imaginemos apenas que existia um poder judicial independente em Portugal.
Imaginemos apenas,então que se concedia o estatuto de arrependido a uma ou outra personagem,agora não importa quem,e que essa ou essas figuras punham a boca no trombone...

Já me disseram que seria uma hecatombe,mas acredito que seria somente uma limpeza!

josé disse...

Só questiono que estranho poder terá uma pessoa que nem sequer tem cargos políticos, para aceder a um contrato de prestação de serviços, neste valor e com esse recorte...

É certo que o assunto está no MP, mas questiono como é que esta entidade vai invesrigar uma coisa destas, publicamente conhecida, embora depois de muito esforço dos jornalistas para "arrancar" a informaçãò ao Ministério. Foi preciso uma decisão judicial, para tal.

E o que se conhece não impede o referido indivíduo de continuar a contratualizar com o Estado, mormente os hospitais públicos.

Estranho poder, sem dúvida.

lusitânea disse...

para os amigos tudo, para os inimigos nada e para os restantes aplique-se a lei
Almeida Santos
Presidente do PS

MARIA disse...

Olá, bom dia.

É sempre impressionante a abordagem do Autor deste blog a certos temas : de uma coragem quase temerária.
Mas vamos ver, se pensarmos nesta questão de um ponto de vista não jurídico, a questão choca-nos menos. Ou seja, juridicamente, que objecto contratual tinha essa prestação de serviço com PP por parte do ME ? O que podia o ME esperar do cumprimento desse contrato e o que poderia efectivamente dele resultar ?
Não teria sido o mesmo contratado precisamente para compilar a legislação ora a monte aos pés da ministra?
Por vezes o Estado subsidia compensatoriamente certas realidades a pretextos dos mais variados contratos.
Vivemos num Estado em que à partida todos antevemos que coisas assim possam suceder e ninguém se opõe.
Até acham alguns "certas compensações" justas e devidas ...
E há sempre quem admita que em política a justiça, mesmo a distributiva, pode obedecer a critérios especiais, excepcionalmente...
Enfim algumas vozes. Poucas de qualidade, como a sua, mas só vozes!
Neste País só é cruxificado quem pode ser colocado num madeiro. Quem tenha defesas, seja a que nível for, nunca vai a castigo.
Terá volta, este estado de coisas ?...
Eu duvido, cada dia mais...

bjo
Maria

Karocha disse...

Lusitânea

O tio António, sempre gostou de dizer coisas desse teor!
Até um dia...

Tino disse...

O poder dos manos P(o)d(e)rosos deve estar na gestão dos silêncios.

Talvez seja essa gestão de silêncios que tenha afastado o Peixe de Águas Profundas da liderança do PS.

Talvez tenha sido a mesma gestão dos silêncios que tenha safo o Paulo P. de ir a julgamento.

A outro ramo de silêncios, não de alcova mas de almoxarifado, se deverá atribuir a simbólica condenação da Fátima F.

Claro que se a gestão dos silêncios funcionasse igualmente para todos o José S. não se teria candidatado a lider da Rataria e por via disso a PM.

Mas aqui entram em jogo outros factores: total falta de carácter, habilidade para a invenção de campanhas negras, convívio fraterno com a mentira inveterada e cega atracção abismal pelo poder.

A gestão dos segredos é a alma de muitos negócios...