sábado, outubro 20, 2012

O Expresso continua cretino



O ex-procurador-geral da República, Pinto Monteito, enviou a 8 de Outubro a validação das escutas de uma conversa com o primeiro-ministro no âmbito do processo 'Monte Branco.'
O procurador que dirige o caso, Rosário Teixeira, não explicou as razões pelas quais foi pedida a validação das escutas, mas sabe-se que o pedido não foi acompanhado por qualquer participação-crime.
O processo 'Monte Branco' envolve quatro banqueiros portugueses suíços, por suspeita de fraude fiscal e branqueamento de capitais. 

É a notícia que faz manchete da edição do Expresso deste sábado. Mas o jornal não conseguiu apurar a identidade da pessoa sob escuta nem o gabinete de Passos Coelho quis comentar a notícia.
Fica, ainda assim, a saber-se que o procurador Rosário Teixeira, que lidera a investigação, não pormenorizou, no pedido de validação, a razão das suspeitas no teor da conversa.
O jornal adianta ainda que a gravação foi entregue num CD por Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, ao Procurador Geral da República.
A operação "Monte Branco" investiga uma rede de branqueamento de capitais e fraude fiscal. Já antes Miguel Relvas tinha sido escutado, no período entre setembro de 2011 e fevereiro deste ano, à conversa com o presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI).

Estas notícias revelam bem o tipo de jornalismo que temos. Desportivo, essencialmente. Ou seja, clubístico.
A simples remessa de uma "extensão procedimental" ( provavelmente desta vez será mesmo isso e bem...) para o presidente do STJ ( que anda em viajem por Timor porque sim, o presidente do STJ tem que viajar) não significa mais que isso: que é preciso que o presidente do STJ veja, ouça e aprecie juridicamente o assunto.
E porquê?
Simplesmente por causa de interpretações obtusas dos Germanos Marques da Silva e outros. Como o primeiro-ministro foi escutado fortuitamente no âmbito de uma escuta telefónica em que são suspeitos outros indivíduos, tal significa que a escuta pode muito bem vir a ser invalidada se não for validada, por quem de direito, ou seja, pelo pSTJ,  em relação a esse interveniente fortuito que é primeiro-ministro. É essa a interpretação peregrina dos mesmos, aquando do caso estranho e pouco esclarecido que envolveu José Sócrates, primeiro-ministro, no processo Face Oculta, no Verão de 2009, véspera de eleições.
A lei processual - artº 11º do C.P.P.- a tal obriga, mas não deveria obrigar porque todos são iguais perante a lei e a distinção cria estes problemas.

Assim, passar desse facto para uma espécie de insinuação na primeira página do Expresso é mais uma cretinice, uma aleivosia e mais um motivo para o inenarrável director se demitir. Pela simples razão de que é um incompetente na medida em que não informa os leitores destas particularidades que esclarecem. Se o fizesse provavelmente não tinha notícia... 

E há outra coisa: o assunto torna-se público agora, na altura em que o caso está no STJ...e a minha insinuação é ( e que pode ser aleivosa, mas previno já para o efeito) de que o Expresso tem toupeiras no STJ. Como tem no SIS. E noutros lados. 
As toupeiras, como é sabido, são cegas. Mas cheiram. Espero é que não sejam coisas indignas.

ADITAMENTO:

A TVI ( Carlos Enes) fez o trabalho de casa e informa como deve ser. Porque razão o Expresso não o fez? Porque razão este Costa, Ricardo que o dirige não vai dirigir o diário das beiras, notícias do Ribatejo ou coisa que o valha? 
A quem serve este tipo de informação em que o Expresso se tornou especialista?

SEGUNDO ADITAMENTO:
 

Passos Coelho acabou de falar sobre o assunto à saída da reunião da comissão nacional do PSD. Disse que ficou perplexo por causa da violação de segredo de justiça. Não devia porque é coisa habitual. Tão habitual com os comentários aos jornais dos membros do governo sobre reuniões em que se pede sigilo. De resto, como realça a TVI o primeiro-ministro até sai favorecido com esta violação de segredo.
Disse ainda que não tem nada a temer sobre a divulgação das suas conversas telefónicas e mesmo privadas e que no caso concreto tem muito gosto em que seja divulgado o teor da escuta telefónica.

A diferença entre este caso e o de José Sócrates é notória...e Passos fez aquilo que Sócrates nunca fez: desarmar os expressos da cretinice.

5 comentários:

Floribundus disse...

estes jornalistas de cordel fazem-me lembrar um facto ocorrido com o Dr Albert Schweiter.

Já muito conhecido na Europa, veio fazer uma série de concertos de piano para angariar dinheiro para a leprozaria.
diálogo com jornalista dum grande jornal de lingua Alemã
'-que faz o sr no Gabâo?
-sou importador de penicos'

os penicos de esmalte eram utilizados para cozinhar em África e Portugal

Luis disse...

A ver vamos se não está aqui a razão porque, de repente, a autoridade tributária propôs a suspensão de algumas escutas a banqueiros referidos nestas noticias, porque não podia continuar a ceder os peritos que têm colaborado com o MP, e este ter aceite. Recordo de ter lido que o JCIC terá elaborado um despacho onde manifestava a sua estranheza por tal suspenção quando estava a ser muito util na recolha de prova e até "sugeria" que se investigasse o porquê daquerla proposta, pois podia haver prática de algum crime (tráfico de influências, obstrução, ...). Enfim, pequenos nadas que vão aparecendo mas que uma leitura de entrelinhas permitirá retirar dos nadas alguma coisa... para entender o que se vai passando ... devagarinho.
Nós todos é que vamos sendo queimados em lume pouco brando.

Vivendi disse...

A estratégia do Balsemão e &a:

António Costa ao poder.

Floribundus disse...

Coelho saiu da toca.
está a ficar com 'muito esperto nos cabeça'.

quanto à coligação e governação.
parece parafrasear Pio XII sobre a 'Questão Judaica'
« fiz o que pude »

pode rifar o 'paulinho das feiras'

Jorge Santos disse...

A quem serve este tipo de informação em que o Expresso se tornou especialista?
Isto pergunta V.
Em minha opinião, serve em primeiro lugar ao grupo impresa, que receia perder tudo com uma eventual privatização da RTP.
Daí encabeçar (com algum êxito reconheça-se) a oposição a este infeliz governo. Segue-se nessa oposição a RTP ela própria e o bispo torgal.