Acabei de ver na SIC-N a jornalista Lourenço a entrevistar um advogado- Paulo Saragoça da Matta- e um jornalista- João Garcia, director- adjunto do Expresso. "Ambos os dois" falaram com aquela que se mostrou muito à vontade em zurzir mais uma vez na Justiça, a propósito da cerimónia de abertura do ano judicial, hoje ocorrida em Lisboa. A Lourenço em jornalismo é um portento, portanto está sempre à vontade para zurzir em qualquer coisa, mormente no que não conhece bem.
O advogado Saragoça lá adiantou o palpite sobre o modo de ultrapassar a crise de pendências, achando que tal só se conseguirá como se conseguiu acabar com o estacionamento proibido nas ruas de Lisboa, ou seja plantando "bloqueadores" a eito. Saragoça acha que a Justiça precisa de bloqueadores para os operadores que não produzem o suficiente e se tornam ineficazes, porque o problema será de eficácia, atenta a semelhança e comparação com outros países europeus. Depois misturam tudo: cível, administrativo, tributário, penal, etc.
Saragoça ainda acha que a Justiça é uma das funções do Estado que não deve ser privatizada como está a acontecer com a proliferação de tribunais arbitrais. Curiosamente citou o Jornal de Negócios de hoje onde também aparece o Sombra-mor, Proença de Carvalho a achar que a solução para os problemas da Justiça reside...nos tribunais arbitrais.
O Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, gastou boa parte do seu discurso em que declarou que não se importa que lhe chamem cabrão, a zurzir nos tribunais arbitrais, dizendo até que são fonte de corrupção.
Portanto, só sobre este tema temos logo várias opiniões divergentes. Quem terá razão ? O Proença ou o Saragoça? Decidam-se...
Por fim, o tal director-adjunto do Expresso ( não sei o que tal coisa seja, mas enfim), falou sobre o discurso da nova PGR, para realçar que se preocupou com as violações do segredo de justiça. Garcia recebeu a carta mas leu-a mal. Disse que a PGR apontou tal preocupação como sendo importante para uma melhor investigação criminal e uma maior eficácia na mesma. Errado, João Garcia. Errado. O problema da violação de segredo de justiça, tal como se tem apresentado mediaticamente pouco ou nada tem a ver com a eficácia da investigação criminal e duvido que alguma violação de segredo de justiça até hoje ocorrida ( com excepção do caso gravíssimo do Face Oculta, ocorrido em 24 de Junho de 2009 quando o processo estava nas mãos de gente altamente responsável no MºPº) tenha prejudicado investigações. O que tem prejudicado é a imagem de certos impolutos que preferem continuar a actuar na sombra e impunemente. Isso sim e se a PGR enunciou o discurso com esse entendimento então perdeu a sua ocasião de causar boa impressão pela primeira vez publicamente.
Com estes comentadores de palpite avulso a Lourenço encontra gente à sua altura: mediana.
10 comentários:
vi o telejornal das 8 na tvi e, como sou 'desmasiado' leigo na matéria não percebi nada.
era uma falta de decoro altamente desafinada. cada qual falava para se ouvir.
o tricano parecia um daqueles cachorros que matam criancinhas. o meu Prof de Latim chamar-lhe-ia 'parafuso': enrosca e nunca chega ao fim.
o PR sentia-se deslocado como que perdido no meio da selva
Porque diabo se continua com esta palhaçada anquilosante idiossincrática e merecedora de outros adjectivos beatíficos, da abertura do ano judicial, em Janeiro, cheio de pompa e circunstância?
Seria bom que de uma vez por todas se terminasse com estas cerimonias, em tempo de crise juntava-se o util ao agradavel, pois poupava-se uns trocados.
Mas vamos por partes, um pais e muitas vezes falado e conhecido, apenas porque estas cerimonias sao passadas ca fora,mas era preciso que estas cerimonias fossem reais, tivessem sentido de estado e de justica.
Nao sao, nao teem, estas cerimonias sao uma brincadeira, tudo que nelas e dito em discursos previamente preparados, nao e depois posto em pratica, a justica e sempre aplicada aos mesmos, o crime e sempre perdoado aos mesmos.
Essa justica de cega nao tem nada.
Ja para nao se falar do segredo de justica, acho que desde o mais alto jurado da nacao, ao simples cidadao, ningem sabe o que e segredo de justica, para que foi criado, onde ou quando deve ser aplicado.
Os unicos sitios, onde o segredo de justica tem um papel importante e, nos programas de comedia, tipo estado de graca,contra a crise, ou Herman. Valha-nos isso, pelo menos serve para nos fazer rir, embora concorde que muita gente, principalmente os expoliados da justica nao lhe achem muita graca.
Cadê os outros?
Não lendo a notícia e indo só pelo título,corro o risco de morder algum isco.
Mas,admitindo que não,aqui fica mais uma urdidura,como diria o travesti Ana Gomes.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/podia-arranjar-500-contitos
No que concerne aos tribunais arbitrais, o Marinho está coberto de razão.
Desde a privatização da justiça ao ínteresse directo de certos membros do Governo neles.
Ao Saragoça da Matta ouvi uma vez no Expresso da meia-noite “os americanos são mesmo uns arrogantes”e por aí foi. O argumento para classificar mais de 300 milhões de almas era que tinha defendido um cliente a quem um americano, um tipo insuportável, pusera uma acção.
Brilhante, o rapaz, não? Como a inteligência parece fugir apavorada das câmaras!! Parecem escolhidos a dedo, desconfio que a boçalidade é já uma prerrogativa para quem ambicionar ser bitaiteiro na televisão portuguesa.
"No que concerne aos tribunais arbitrais, o Marinho está coberto de razão."
Não sei se está, ou se não está.
Curioso (para não dizer nojento que é o que me apetece dizer) é a "indignação" desse espécimen só se revelar agora contra este governo, quando não foi este governo que criou isso.
Enquanto no poder, esteve lá o PS, nunca lhe ouvi nenhuma crítica.
Estava a dormir, ou não lhe dava jeito?
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Caro José
Há alguma injustiça da sua parte na apreciação de Saragoça da Matta.
Eu conheço-o pessoalmente, e de mediano não tem nada.
Tive uma vaga esperança, quando ele foi fugazmente candidato pelo PSD ao Tribunal Constitucional, que finalmente por essas bandas estivesse alguém, patriota, honesto, não maçónico e, acho que até visceralmente, anticomunista.
E já agora, tenho quase a certeza que deve ser um leitor seu.
Pelo menos, um post seu, algures de Setembro de 2012, foi por ele considerado genial num email que me enviou.
Ele escreve no I às 6ªs Feiras e eu, por vezes, só compro o I nesse dia para o ler.
Por vezes não concordo com ele, e digo-lhe por email.
Ele agradece-me as críticas.
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Como, de Direito, eu só percebo o que sou obrigado a perceber, se o Saragoça da Matta defende qualquer coisa que eu não percebo, à partida concordo com ele.
E à partida, nas mesmas condições, não concordo com nada que esse Marinho arrote.
Por isso sou levado a presumir que não devem ser as mesmas razões, que levam os dois a não concordar com os Tribunais Arbitrais.
Mentat: nada tenho contra o Saragoça da Matta, pessoa que até aprecio pelo que diz e escreve.
Neste caso tenho o que escrevi. E como se pode ler alçou-se a comentar sem saber exactamente números e estatísticas, apelas o fazendo pelo que leu no Jornal de Negócios que aliás também li.
Por outro lado, tendo a concordar com as suas análises e se calhar já aqui o citei uma ou outra vez para dizer bem.
Porém, agora, poderia ter feito melhor e distinguir o que tem de ser distinguido. A Justiça penal não é o mesmo que a cível ou a administrativa ou a tributária.
Os tribunais entupidos são vários mas não são todos e precisa-se de alguém que possa dizer mais coisas do que meras generalidades.
Precisa-se de quem saiba de "bloqueadores" e não apenas meros vendedores dos ditos.
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