domingo, janeiro 20, 2013

A descolonização das províncias ultramarinas e os retornados

Sobre a nossa "descolonização exemplar" já muito foi escrito, quase sempre pelos mesmos e segundo o discurso corrente de orientação unificada. Ou é desastrada ou então, pelo contrário é a perfeição exemplar do que não poderia ser de outro modo. Eppure...

Antes de 25 de Abril de 1974, Marcelo Caetano tinha escrito e dito publicamente coisas sobre as então "províncias ultramarinas" que eram nossas desde o sec XVI porque as descobrimos e povoamos, como outros aliás fizeram ( os EUA, por exemplo).
Do livro "V ano do Governo de Marcelo Caetano", publicado em 1973, pela Secretaria de Estado da Informação e Turismo de então, podem ler-se estas quatro páginas que definem o essencial da política ultramarina do Estado Português, no tempo de Marcelo Caetano.

E ainda mais duas páginas do livro Depoimento, escrito no Brasil por Marcelo Caetano, relativas à última "conversa em familia" de Marcelo na tv, em 28 de Março de 1974, escassos dias antes do 25.4.




Depois de 25 de Abril de 1974, sabendo-se que um dos objectivos principais da Revolução era a chamada descolonização, como é que a entendiam as forças políticas da época. Fiquemos pelas duas forças de esquerda mais representativas da vontade em fazer a tal descolonização do modo mais rápido e expedito.
Mário Soares, no seu livro de recolha de entrevistas Democratização e Descolonização- dez meses no Governo Provisório, publicado pela dom quixote em 1975. A entrevista é ao semanário tunisino Dialogue, publicada em Novembro de 1974 ( expressão francófona, senão nem havia entrevista...):



Mário Soares deu mais entrevistas sobre o tema e nesta há uma particularidade importante: o próprio entrevistador ( provavelmente um camarada da Internacional Socialista) considera Mário Soares "o principal negociador da independência com os países africanos".
Ora como é que outros partidos, nomeadamente da extrema-esquerda comunista consideravam o assunto "descolonização"?  Muito simples: " nem mais um soldado para as colónias!" assim escrito nos muros deste país.

E a imprensa da época? O Século Ilustrado de 27 de Julho de 1974 já dava conta do panorama, previsivel e que Marcelo Caetano tinha anunciado.

 O caminho fazia-se caminhando e a revista Vida Mundial de 26 Dezembro de 1974 dava a sua ajudinha esquerdista e comunista em artigo extenso assinado por...Maria Antónia Palla ( sim, a mãe dos dois; do que manda no Expresso e do que quer mandar no PS). O artigo de seis páginas congrega todos os lugares comuns da esquerda portuguesa. Como é que poderíamos ser diferentes como país se tivemos esta gente a mandar na informação em geral e a educar os seus filhos em particular, deste modo? Que destino queríamos diferente deste que temos, se tivemos isto, esta desgraça?!



Por isso mesmo, um ano depois do 25 de Abril, em 26 de Abril de 1975, o Século Ilustrado já não tinha dúvidas:


Ora como é que isto se fazia, segundo aqueles que mandavam no país, nomeadamente Mário Soares e Almeida Santos, o seu ministro para os assuntos deste género? Assim, como relata a Flama de 17 Janeiro de 1975, onde se podem ver todos os figurões que fizeram a tal "descolonização exemplar", faltando o principal e o seu instigador, a saber Mário Soares e Álvaro Cunhal. Mas estavam lá e ficaram na fotografia os seus homens de mão: Rosa Coutinho pelos comunistas e Almeida Santos pelos socialistas. Estivemos muito bem entregues...
 
Em resultado deste processo de "descolonização exemplar" tivemos, passados uns meses, em finais de 1975, isto que aqui fica exposto nas fotos de Alfredo Cunha, no Século Ilustrado de 11.10.1975:


É este tempo que a pequena telenovela televisiva pretende retratar e mostrar?  Se for, duvido que o consiga porque a opinião pública dos media e a intelligentsia nacional já deram cabo da realidade vivida substituindo-a por uma fantasia conveniente.

Culpados disto tudo? Os mesmos, mesmíssimos que nos conduziram a três bancarrotas. Alguém duvida ou é preciso mais provas?

4 comentários:

lusitânea disse...

E cereja em cima do bolo esses mesmíssimos agora colonizam-nos em nome não de necessidades mas de pura "salvação do planeta" por nossa conta e com "direitos".
Andam a substituir o seu zé povinho nas calmas.E com desarmamento geral que é para como aconteceu em África o pessoal não ter ideias...
Mas traidores não são não senhor...
É por estas e outras que defendo a mudança total de regime...

Floribundus disse...

1951 fac ciências Lxa MUD juvenil. por intermédio de amigo comum conheci 'o António'. segui o seu trajecto europeu.

o grupo da 'casa de estudantes do império' não deixava margem para dúvidas sobre a Independência das colónias.

Marcelo e Spinola não compreenderam o inevitável.
em vez de independência organizada deixaram acontecer o desastre.

em Paris 72 soube de reunião ps recém-formado-pcp para tratar do golpe de estado e da independência

esta ficou ao cuidado do 'socialismo sempre em festa' com as conhecidas tragédias. um horror imperdoável

Anónimo disse...

Mais uma sacanisse duma turpe malandra e sem qualquer pingo de nacionalismo.
Os estranjeiros limitaram-se a dar umas esmolas para financiar o golpe e depois abocanhar todas as riquezas que tinhamos.
Uma vez ouvi Salazar em Braga na comemoração do derrube da 1.ª Republica de maçónicos e carbonários dizer que se não fossemos nós a gerir as colónias seriam os americanos ou os russos. Enganou-se?
A organização do gole de estado pelo Otelo foi uma cowboyada.
As elites empresariasi adormeceram à pala dos oligopólios que tinham.

Anónimo disse...

Mais uma sacanisse duma turpe malandra e sem qualquer pingo de nacionalismo.
Os estrangeiros limitaram-se a dar umas esmolas para financiar o golpe e depois abocanhar todas as riquezas que tinhamos.
Uma vez ouvi Salazar em Braga na comemoração do derrube da 1.ª Republica de maçónicos e carbonários dizer que se não fossemos nós a gerir as colónias seriam os americanos ou os russos. Enganou-se?
A organização do gole de estado pelo Otelo foi uma cowboyada.
As elites empresariasi adormeceram à pala dos oligopólios que tinham.

O Público activista e relapso