terça-feira, abril 18, 2017

Crónica de mais costumes

No Brasil, a braços com um gigantesco processo de corrupção que envolve praticamente todas as forças políticas do país, já com alguns políticos condenados em penas de prisão e após a delação-mãe do empreiteiro da Odebrecht, as coisas foram agora assim apresentadas:

Na delação de Emilio Odebrecht, o empresário comentou que a corrupção vem de longa data. Algo como “há 30 anos”. Isso todos nós já sabíamos, mas também sabemos que a corrupção foi amplificada na era do PT.
Odebrecht comentou que os acertos entre autoridades e grandes empreiteiras não só eram um “negócio institucionalizado”, mas vistos como “uma coisa normal”. Aqui novamente devemos lembrar o óbvio: tudo isso só iria aumentar quando surgisse um partido bolivariano, que depende do saqueamento estatal para criar totalitarismo.
Eis que ele fala da imprensa: “o que me entristece é que a imprensa toda sabia”. Em seguida, questiona: “por que só agora?”. E conclui que “a imprensa sabia disso e agora fica com essa demagogia”.
Como se vê, ele questiona para saber onde estava a mídia esses anos todos. A resposta é simples: estava tirando selfie com a Dilma, recebendo polpudas verbas estatais de anúncios e, com isso, ignorando toda a corrupção.

Em Portugal costumamos sempre chegar atrasados às tendências do estrangeiro, mesmo do Brasil. Mas talvez lá cheguemos mais cedo ou mais tarde.

O antigo presidente do Brasil, FHC falou assim, hoje, em Portugal:

 “Eu penso que era necessário (a Lava Jato). Chegou a um ponto tal que era preciso uma virada e está ocorrendo. Isso é sempre doloroso, há sofrimento, há injustiças, há justiça, mas no conjunto é um processo importante, que mostrou que o Brasil tem forças para sacudir a poeira”, declarou o ex-Presidente brasileiro (1995-2002).
Fernando Henrique Cardoso (FHC) fez estas declarações aos jornalistas à margem do V Seminário Luso-Brasileiro de Direito, que se realiza em Lisboa entre hoje e quinta-feira.
A operação Lava Jato, tida como a maior operação de combate à corrupção da história do Brasil, investigava inicialmente a actuação de 'doleiros' (pessoas que vendem dólares no mercado paralelo), mas, posteriormente passou a investigar também a corrupção na petrolífera estatal Petrobras, envolvendo políticos e outras empresas.
“Mesmo que percam (a fé) em alguns (políticos), os eleitores vão ter fé em outros. Depende do que as pessoas façam e digam. Temos que esperar pelos resultados da justiça. No momento, temos algumas acusações, umas parecem ser bem fundamentadas outras menos”, acrescentou.
Na semana passada, com base nos depoimentos dos executivos da Odebrecht, o juiz do STF Edson Fachin mandou abrir inquéritos para investigar 98 pessoas.
Entre elas, estão 39 deputados federais, 24 senadores, oito ministros, um ministro do Tribunal de Contas da União e três governadores.
Os acusados, que são possíveis candidatos presidenciais de 2018, como o senador Aécio Neves (PSDB – mesmo partido de FHC), serão investigados sobretudo por corrupção, branqueamento de capitais e falsidade ideológica (fraude) eleitoral.
“Tudo vai depender de que a justiça avance. O importante é chegar até ao final e haja uma decisão da justiça. O eleitorado vai acompanhar isso, com aflição, obviamente. Quem estiver comprometido tem de pagar algum preço, deve pagar”, sublinhou Cardoso.
Para FHC, a crise da democracia é geral, a crise dos partidos, a falta de confiança neles, "não sendo só no Brasil".

Questuber! Mais um escândalo!