A excepção era o PCP e seus compagnons de route, incluindo um PS ainda marxista que nunca abandonou tal linguagem. Nos escritos clandestinos circulados por alguns, muito poucos, milhares de destinatários, usavam tal palavra e outras, como "reaccionário", "imperialista", "guerra colonial", etc.
Porém, tal expressão, como as demais, pegaram de estaca e nos dias que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 os jornais estava inundados com tais palavras novas para a população em geral.
Em 29 de Abril de 1974, escassos quatro dias após o golpe, o jornal Diário de Lisboa que uma semana antes nem sequer conhecia tal palavra escrita publicava-a em repetidas notícias e alusões.
Na primeira página aparecia duas vezes, para a "normalização da vida portuguesa".
Na 2ª, 3ª 5ª, 9ª e 11ª era repetida.
O crítico de tv, Mário Castrim, comunista encartado e que escrevia geralmente nas entrelinhas dava largas ao contentamento de poder escrever claramente em linguagem comunista, convocando comunistas para o convívio da "normalização da vida política". Um happening!
O PCP tinha honras de página em comunicado:
A Juventude Comunista, da UEC, idem:
Evidentemente que o assunto da guerra no Ultramar era questão prioritária e a voz era dada aos que uma semana antes eram apenas "terroristas"...
Os demais jornais não ficavam atrás na adopção dessa novilíngua que perdura até hoje. A Capital de 21 de Junho de 1974:
E o Expresso, na edição de 9 de Novembro de 1974 já tinha devidamente assimilado tal novilíngua comunista como se fosse a genuína, de sempre, do falar português.
Na segunda página lá estavam duas referências ao "fascismo"...
Na página de opinião já aparecia um certo Vicente Jorge Silva, depois primeiro director do Público, também a usar o jargão da novilíngua para designar como "fascista" o regime deposto...
Perante isto quem se atrevia a remar contra a maré e contestar a validade da designação ou a corrupção linguística corrente?
Ninguém...até hoje. Ninguém se interessa com isto porque acham que não tem importância alguma...tal como desvalorizam qualquer tentativa de contar a História do Estado Novo de modo diferente da que os antifassistas a contam.