D. Carlos Azevedo, bispo-delegado do Conselho Pontifício da Cultura no Vaticano, ao Público:
D. Carlos Azevedo defende que a leitura de Fátima não pode ser literal, mas
teológica, “há uma interpretação a fazer” porque os fenómenos místicos
“são naturais”.
Chegou o momento para falarmos com linguagem exacta. Joseph Ratzinger no ano 2000, quando fez o comentário teológico à última parte do segredo de Fátima, usou sempre a palavra visões e esse é o rigor teológico. O grande teólogo Karl Rahner também escreveu um livro sobre visões e profecias, usando a palavra visões. Esse é o termo exacto.
As visões, de vários tipos, são fenómenos místicos, espirituais, não físicos. Claro que uma pessoa ao descrever uma visão projecta os seus arquétipos, o que tem na sua mente, a sua memória, e na mensagem que recebe já entra a fé. Há uma mensagem que a transcende e que tem de ser interpretada. É a revelação particular que depois tem de ser interpretada à luz do evangelho e da doutrina, segundo as regras que a Congregação da Doutrina da Fé publicou em 2011, mas já conhecidas desde 1998.
Há muitos fenómenos de visões. Nós, párocos, conhecemos sempre alguém que nos vem dizer que tem visões. Estes fenómenos são naturais, sobretudo em períodos de crise, de dificuldade, ou da própria pessoa ou do mundo, em período de guerra, como foi o caso de 1917. É impressionante a densidade de factos do ano de 1917 em Portugal e no mundo.
Há uma interpretação a fazer e essa interpretação é a da presença maternal de Maria na vida dos cristãos, como disse João Paulo II quando foi a primeira vez a Fátima. Todos os cristãos sentem essa presença mas alguns podem-na sentir de modo mais intenso. Isso então é uma visão, uma experiência mística. A presença de Maria não vem do céu por aí abaixo. Essas descrições são mais simples, mais imediatas, para entender o que é uma visão mística, mas precisamos de usar a linguagem exacta para não cair no ridículo. Gostava que este livro servisse para quem não crê ter respeito para com o episódio, ainda que não acredite.
Tal como dizia o outro padre Anselmo Borges, "é evidente que Nossa Senhora não apareceu em Fátima", agora o bispo Azevedo também tem a sua interpretação sobre o fenómeno: tudo experiências místicas, visões particulares dos pastorinhos, pobres coitados, incultos e que não sabiam teologia e ainda as de dezenas de milhar de pessoas que viram fenómenos que não se compadecem com experiências místicas e mesmo assim passaram a sê-lo.
Esta explicação "racional" para os fenómenos de Fátima já tinha sido apresentada em livro, - a Senhora de Maio, da autoria de António Marujo e Rui Paulo da Cruz, edição Círculo dos Leitores, 2017- em modo um pouco mais elaborado:
Dá a impressão que a Igreja Católica tem vergonha de Fátima, por ser tão contemporâneo, ter sido testemunhado por crianças simples e sem instrução e não ter explicação racional aceitável.
Só me interrogo se não terá vergonha de alguns fenómenos que são apresentados como verdade de Fé, alguns até no Credo...
Após a Paixão e Morte de Cristo na Cruz, a subsequente Ressurrreição, verdade de Fé, ocorreu, para o bispo Azevedo e outros padres Anselmos? E as sucessivas aparições de Jesus Cristo ressuscitado, tê-lo-ão sido mesmo ou apenas "visões"?
Desconfio saber a resposta e não me agrada nada.
14 comentários:
Eh..
Ainda se vai mantendo... em 2017!
O melhor é ficarem caladinhos.
E dizem missa...
E fazem homilias em que lidam com estes mistérios da Fé que devem enunciar aos fiéis e catequizar em conformidade.
esta noite tive uma bisão
bi um átomo de hidrogénio do Bang-bang
cada um tem as bisões que merece
Os padres não embarcam beatices. São pessoas com dois dedos de testa.
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Nossa Senhora terá aparecido aos pastorinhos. Mas só a eles. O restante pessoal que lá estava não A viu. Nem mesmo os fotógrafos ali presentes conseguiram capturar o milagre.
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É engraçado. Há montes de fotos de pessoas a olhar para o céu. E não há fotos daquilo que se passava no céu.
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Visão parece-me, assim, uma boa palavra que o papa Bento xvi usou e bem. Visões. Visões pessoais.
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E depois vem a fé e cada um toma a que quer.
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Rb
A fé dos ateus é imbatível
A ""ciência"" também faz do mesmo. Basta ver as teorias dos multi versos e que mais devaneios...
Pick your poison
D. Carlos Azeredo diz que os pastorinhos tiveram visões e que estas não são aparições.
Fala em linguagem exacta.
Mas o que são exactamente visões e o que são exactamente aparições?
É bom ser-se exacto, pois não há verdade sem exactidão.
Quanto a isto só tenho a dizer o seguinte:
Aquilo que os pastorinhos viram foi algo exterior a eles, quero dizer, não gerado por eles, ou foi algo que eles criaram usando a sua imaginação?
Deixemos as palavras, é este o ponto a esclarecer.
A mim parece-me que foi algo vindo do exterior que se impôs aos pastorinhos, não foi fantasia deles.
Digo isto porque eles eram crianças com menos de 10 anos, pobres e analfabetos.
Apesar de tudo, nunca foram vencidos pelas ameaças e descreveram os factos, no essencial, sempre de modo idêntico.
Com dois ou três meses de antecedência disseram que em 17 de Outubro de 1917 haveria um milagre.
E houve mesmo, com características físicas (movimentações do sol não permitidas pelas leis da física naquele específico lugar geográfico e secagem da terra lamacenta e roupa das pessoas, apesar de ter estado a chover torrencialmente) testemunhado por milhares de pessoas.
Se isto não é suficiente para convencer alguém ( ou, pelo menos, fazer pensar), então o que mais é necessário?
Muitos pensam que aquilo que a ciência não pode estudar ou explicar não existe.
Bom, para as coisas do mundo físico captado pelos nossos sentidos e instrumentos técnicos que conseguimos produzir, isto é correcto.
Mas onde começa e acaba o mundo «físico?
Como é que os pastorinhos viam Nossa Senhora e as outras pessoas não viam?
Não sei. Mas sei que há animais que vêem (vêem mesmo, não é «imaginação» deles) realidades que os olhos humanos não vêem e ouvem sons que nós não ouvimos.
Um morcego não vê com os olhos (é cego), mas tem um sistema de sonar que lhe permite ver a realidade que o cerca.
Se todos fôssemos morcegos, o que diriam os morcegos se um morcego vidente dissesse que via como nós humanos vemos?
Ninguém se esqueça que Deus respeita a liberdade do homem, para crer em Deus, ficar indeciso, ou para o negar.
Se Deus se revelasse ao homem, a mente do homem seria literalmente esmagada e seria aniquilada a sua liberdade.
Deus não se pode revelar tal como é, precisamente por respeitar a liberdade do homem, mas a razão, o conhecimento, o discernimento do homem são suficientes para chegar a Deus e, de vez em quando, Deus dá uma ajuda, como no caso de Fátima.
Quem não vir isto é cego ou quer ser cego.
E chega de arrogância e pseudo-sabedoria. Não custa assim tanto ao homem ser um pouco modesto, basta ver que é um pedacinho de pó nos arredores da Via Lactea.
Não tenham medo de Deus. O homem é filho de Deus. Qual não é o verdadeiro pai que não ama os seus filhos, mesmo quando o negam?
Por isso, Deus é essencialmente Misericórdia.
O que aconteceu a 13 de Outubro, testemunhado por muitos milhares de pessoas num raio de 50 kms nao tem explicacao racional. Havias jornalistas de Lisboa e senhores doutores! Nem todos eram analfabetos. A luz que se moveu no ceu, os odores a rosas, a queda dos misteriosos cabelos de anjo...
E curioso mas em Espanha nao me consta que tenham vergonha das experiencias misticas de Santa Teresa nem me consta que os franceses tenham vergonha de Lourdes, assim como os ingleses nao tem vergonha dos neo-pagaos que andam em Stonehenge...
Isto e o provincianismo que Fernando Pessoa tao bem denunciava... ouviram algures dizer que os nordicos nao eram religiosos (o que e mentira) e acham que fica bem e moderno ser agnostico ou ser ateu. Defeitos de gente pouco culta e mal formada, sem berco... e que tambem nao tem QI para os cargos onde estao.
Eu creio mesmo que os pastorinhos viram Nossa Senhora.
Nosso Senhor me perdoe se consigo ir mais além do que são Tomé, mas creio que se trata duma visão das crianças, já que mais ninguém, à excepção dos pastorinhos, conseguiu ver Nossa Senhora.
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Em Angola também crêem na Nossa Senhora da Muxima. A Senhora é a mesma de Fátima. Fazem rumarias à Muxima. Eu também lá fui.
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O milagre da Muxima tem a ver com o facto de, naquele local, ter sido erigida uma igreja no séc xvi de um dia para o outro. Foi Nossa Senhora que milagrosamente a construiu. Assim crêem.
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Naquele local eram reunidos para batismo os escravos para enviar para as américas. É um local, portanto, com uma carga emocional muito forte.
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Ao lado do forte que prendia e stokava os escravos está a igreja... alegadamente milagrosa.
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Rb
"Se Deus se revelasse ao homem, a mente do homem seria literalmente esmagada e seria aniquilada a sua liberdade.
Deus não se pode revelar tal como é, precisamente por respeitar a liberdade do homem, mas a razão, o conhecimento, o discernimento do homem são suficientes para chegar a Deus e, de vez em quando, Deus dá uma ajuda, como no caso de Fátima."
É muito importante esta noção das coisas. Por mim, interrogo-me sempre nesse tom e penso numa formiga, ou num rato que é um mamífero que perante uma pessoa que se lhe revela, o que será capaz de alcançar como entendimento.
D. Carlos Azevedo acredita em visões místicas, o que já é alguma coisa. Mas isso não é Fé, apenas uma fezada.
D. Carlos tem por isso fezadas.
O meu comentário relativo às Aparições de Fátima era para ter entrado nesta caixa e não na seguite, onde por distracção o coloquei. Peço desculpa ao José e aos demais leitores.
A Igreja que temos hoje é uma Igreja abatida, pouco lutadora, envergonhada e medrosa de pedir aos cristãos que sigam a sua fé.
O Papa Francisco ... esse é uma desgraça. O discurso raramente envolve Cristo: é pobres, é explorados, é guerra, etc. O discurso da rasca esquerda populista. A Igreja não pretende ser uma ONG ... contudo o Papa quer que assim seja.
Os membros da Igreja em muitos casos perderam a força de transmissão da Fé.
Sugeria para quem quiser conhecer melhor a situação e o valor da verdadeira Fé Católica, a leitura dos seguintes documentos da Igreja:
ENCÍCLICA PASCENDI DOMINICI GREGIS, PAPA SÃO PIO X:
http://w2.vatican.va/content/pius-x/pt/encyclicals/documents/hf_p-x_enc_19070908_pascendi-dominici-gregis.html
ENCÍCLICA MYSTICI CORPORIS, PAPA PIO XII:
http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_29061943_mystici-corporis-christi.html
ENCÍCLICA MEDIATOR DEI, PAPA PIO XII:
http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_20111947_mediator-dei.html
A cultura católica é a nossa raiz, vale a pena a tentativa de a conhecer melhor.
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