quinta-feira, março 26, 2020

Mata-Bicho 7: a defesa da mentira em editoriais

Na Sábado de hoje, este editorial soa a alarme:


Costumo comprar a revista Sábado pelo que me julgo autorizado a escrever sobre o assunto como leitor.

Desde o início que esperava uma revista algo diversa daquela que é. Mais dinâmica, inventiva, inovadora. Mais afoita no tratamento de certos temas e com o passar dos números fui-me habituando ao formato quase sempre frustrante e desmotivador da compra.
A revista, para sobreviver economicamente tem que fazer uma coisa muito simples e muito difícil: conseguir que haja um número suficiente de pessoas dispostas a gastar 3 euros e meio do seu rendimento ( agora) para a comprar.  Segundo números do ano passado, a revista tira cerca de 40 mil exemplares para venda. Não sei se isso chega para a manter economicamente porque serão coisas da gestão.

Num universo de poucas dezenas ou escassas centenas de milhar de leitores de periódicos, a Sábado gaba-se de ir à frente dos demais do género, como a Visão. Também não precisa de se esforçar muito porque a tal Visão é medonha, actualmente. Grafica e editorialmente um susto, mas todo à esquerda, como o grupo editorial que a sustém. Vive de um passado remoto de esquerdistas reciclados.

A Sábado é por isso o que é e nada mais. De vez em quando lá surge um artigo interessante, uma reportagem que vale a pena mas é raro e o interesse sobrevive pelos fait-divers e artigos de ocasião.  Logo no início escorraçaram um inconoclasta, Alberto Gonçalves e substituiram-no pelo pequeno duende dos artigos de coluna infame, o Pereira Coutinho, raras vezes com verdadeiro interesse.
Hoje, por exemplo, avisa-nos sobre o regime de infâmia que é a China, pejado de mentirosos profissionais do marxismo e maoismo antigos e que esconderam deliberadamente a gravidade da pandemia local permitindo o alastramento mundial.

O editorialista propõe medidas drásticas para estancar a hemorragia mediática e afirma que "é nos momentos de crise que o jornalismo responde". Um dos factores que destaca é o do empenho da classe na propaganda sobre a "coesão nacional"...e digo propaganda porque disso se trata.

Se não vejamos o que escreve o Público de hoje em editorial:




 Repare-se na gravidade da proposta, consentânea aliás, com o escrito de Eduardo Dâmaso: o autarca de Ovar, um PSD ( fui ver...) disse ontem numa tv, repetidamente e em tom de alarme justificado pelo estado calamitoso em que se encontra o seu concelho,  que a DGS não diz a verdade sobre o número de infectados naquele concelho. E a disparidade é de ordem significativa: em vez dos 55 anunciados, o autarca assegurou ter registos, com nome e tudo, do dobro das pessoas atingidas e-importante- que tais números locais tinham sido oportunamente comunicados à estrutura da Direcção-Geral de Saúde, desmentindo ipso facto os números de tal entidade oficial.

O que defende o inacreditável director do Público? A censura? Exactamente. Em nome do mesmíssimo princípio pelo qual tal fenómeno existia no tempo do salazarismo.  Inacreditável a volubilidade deste indivíduo, quando escreve em nome de uma causa. E ataca o autarca por ter desmentido a entidade governamental, o que evidentemente nunca deveria ter sido reportado publicamente. O Público nunca o faria...

Estamos a ver portanto onde chega esta mentalidade, no Público: à desinformação e fake news que tanto vituperam nos outros que não lhe agradam politicamente. O Público transformou-se num panfleto político inacreditável porque já nem é jornalismo sequer. Cada vez se afunda mais neste lodo de carácter perverso.

Qual a diferença entre o Público e a Sábado? Poderemos vê-la neste retrato da actual directora-geral de Saúde, hoje feito na Sábado e no outro dia feito no Público e já aqui comentado:


Ambos os artigos são laudatórios não transparecendo nos mesmos ponta de apreciação crítica à visada. Nenhum deles realça qualquer coisa de fundamental e que explique por exemplo isto:

Um retrato jornalístico de alguém com a responsabilidade da actual directora-geral de Saúde exige uma atenção crítica a aspectos menos favoráveis e como ambos são demasiado laudatórios soam a falso e oco. Frete, sem necessidade nenhuma.

O artigo da Sábado, porém, tem a vantagem de estar mais bem escrito que o do Público, ter mais informação e susceptível de mostrar que a visada é uma espécie de ingénua que apareceu ali, naquela direcção geral quase por acaso e por via de um concurso público, mas promovida por um indivíduo chamado Jorge Torgal, o que aparece por trás destas coisas na Saúde e já mostrou um saber inacreditável nestes assuntos.

De resto a directora geral, dr.ª Graça Freitas é inegavelmente uma pessoa simpática e comunica de modo real e sem subterfúgios, como o outro que aparece por vezes ao lado, que é de fugir.

Mas...penso se seria capaz de lhe comprar um carro usado e respondo a mim mesmo que não. Teria receio de ela nem sequer conseguir saber como estava o carro e por isso não me merece a confiança necessária...

Sem comentários:

Megaprocessos...quem os quer?