sábado, fevereiro 25, 2012

Os répteis que precisam de uma lição, pá...



O Correio da Manhã de hoje foi desencantar umas escutas entre José Sócrates e Luís Arouca, a propósito do caso da licenciatura daquele, pela Independente.
O jornal não diz onde apanhou as escutas, onde foram realizadas e agora uma coisa é certa: perante decisões recentes dos tribunais, estas escutas revestem insofismável interesse público e daí a legitimidade absoluta da sua publicação. A questão da sua validade jurídico-processual agora " não interessa nada", embora mereça discussão a fazer noutra altura.

O que releva destas conversas de José Sócrates com Luís Arouca? Uma evidência: José Sócrates no auge da polémica do caso Independente, combinou com Luís Arouca, reitor da Universidade acertar versões sobre aldrabices.
O mesmo José Sócrates vai ao fundo da questão quando lhe disse: " anda para aí uma campanha(...) que visa no fundo, dizer o seguinte: ele não concluiu a licenciatura."
A tal campanha passava " ao nivel deses répteis...ao nível da blogosfera e do anonimato...e da ordinarice".
A blogosfera em causa, era evidentemente o blog Do Portugal Profundo, cujo autor, António Caldeira foi processado criminalmente por José Sócrates e buscado, interrogado, vilipendiado como poucos o foram, por tais motivos, em Portugal. Acabou sem condenação alguma e sendo-lhe reconhecida implicitamente a atitude valorosa, corajosa e determinada nessa acção de denúncia de uma vigarice comprovada, praticada por um governantes em funções. Na altura contavam-se pelos dedos os que tinham a coragem de dizer publicamente, escrever e indignarem-se com as aldrabices notórias que vinham a lume.

Agora repare-se nesta ordinarice e no comportamento reptilíneo do que apoda de répteis os anónimos da blogosfera:

"O que eu acho importante...nós podíamos combinar, e que é verdade; primeiro, nós só nos conhecemos pessoalmente depois de eu terminar a licenciatura." E responde o interlocutor Arouca "é a pura das verdades".
Sendo verdade este facto, não é o facto também dito na altura por José Sócrates acerca de só ter conhecido o seu professor António Morais, na altura em que entrou na Independente. José Sócrates sabe perfeitamente que tal não é verdade e quem o poderia ter desmentido na altura seria a mulher de Morais. Não o fez porque estava em processo de separação e divórcio do tal Morais. E teve medo. Medo era algo que nessa altura as pessoas sentiam a propósito do governo de José Sócrates. Medo de ser prejudicado no emprego, socialmente e na sua vida particular.

Portanto, talvez por isso mesmo, na conversa a seguir dá-se a chave para o entendimento desta questão: quando José Sócrates evoca o jornalista ( um só, do Público, José António Cerejo e que repescou o que vinha no blog Do Portugal Profundo) que lhe queria traçar o perfil como estudante na Independente, tomou a precaução de assinalar ao reitor que não queria que se soubesse o nome dos seus professores.
Nisso é claríssimo:" Não, não...não...não...não há nomes de professores, nem o professor se lembra...nem tem...enfim..."
José Sócrates nesta fase da conversa já dá ordens ao reitor da Independente. Claríssimo. E este obedece e assenta. E por fim um pedido explícito de favor concreto:
" Se o professor chamasse a si estes papéis e lhes desse uma vista de olhos, ainda poderíamos voltar a falar..."

"Com certeza..." responde solícito o reitor. Que acrescenta: "... realmente esses gajos ( os tais répteis) precisam de uma lição pá..."

Esta conversa, contextualizada no tempo e no modo dá o retrato quase completo de um indivíduo que nos governou durante seis anos.
Quando estas coisas aconteceram, os "répteis" da blogosfera alertaram para o perigo destes predadores maiores e armados em caça répteis. Poucos quiseram ouvir.
Aquando de outro escândalo ainda maior que este, no caso Face Oculta, continuaram a fazer ouvidos de mercador e a ocultar dolosamente factos gravíssimos.

Só resta perguntar porquê. Porquê?! Mas porquê?!!!

A resposta, como diria Bob Dylan, anda no vento. A não ser que também tenham recebido garantias como as que foram então dadas ao reitor: " ..e quando eu puder ajudar, que agora não posso, bem sei, mas quando eu puder ajudar cá estarei...cá estarei..."

Actualmente está em Paris, numa outra aldrabice do género. Disse que ia estudar Filosofia. Não foi. Vive em condições pessoais e em circunstâncias que são um mistério para a generalidade das pessoas. Faz uma vida pessoa que não deveria interessar a ninguém porque é privada mas usa-a para continuar a intervir no espaço público e político. Saiu completamente impune do que fez durante seis anos e a sensação de injustiça é evidentemente gritante e brada aos céus.
Por vezes anda por cá, ameaçando entrar novamente no jogo político, influenciando votações democráticas e tentando fazer o mesmo que sempre fez.
E já fez notar para não se esquecerem dele, emigrado de Paris, porque ele também não se esqueceria...

Resta saber desta vez a quem prometeu. Publicamente, porque deveria saber-se.

Enquanto este indivíduo não for irradiado definitivamente da política corremos sérios riscos de o apanhar outra vez nas curvas das votações partidocráticas. Depois não digam que não foram avisados...

8 comentários:

Floribundus disse...

com este 'currículo' ainda acaba a dirigir a ONU
tacho certamente arranjado pelo emigrante dos refugiados

por cá parece que a magistratura fará tudo para o segurar

joshua disse...

Deploro a fraqueza de ossos em Passos Coelho: nesta matéria e nas demais só vemos óbices e escolhos.

O exílio dourado em Paris é uma vergonha e uma ofensa ostensiva à cara de palhaços de todos os portugueses, mesmo dos que acreditaram no espécimen.

Mani Pulite disse...

Se o resto,escutas Ocultadas ou Destruídas, é como na amostra são também essas que o Macaco,o Povo Português,tem o direito de ler e ouvir.Não é Monteiro,pá?

AAA disse...

José, quando termina o segredo das escutas do caso Face Oculta? Estou certo que nessa altura também vamos ter conhecimento delas. Pelo menos para nos escandalizarmos mais um bocadinho, se tal ainda for possível...
Porque para se fazer justiça só se isto fosse um Estado de Direito. E há muito que não é!

zazie disse...

Ele tem razão acerca dos répteis da blogo, isso tem. Ainda há muitos que lhe rastejam aos pés.

Anónimo disse...

A frase "não ter havido qualquer tratamento de favor de JS em detrimento dos restantes candidatos" (o problema da falsidade nunca esteve em prejudicar terceiros) faz lembrar a estória da vírgula e o caso de Ricardo Rodrigues, reduzido ao atentado à liberdade de imprensa (ele não roubou nada, como todos vimos claramente), que o próprio tratará de justificar como sem sentido, graças à presença de uma câmara de filmar. Às tantas ainda tenta passar por vítima. E o que significará "que tivesse determinado a prática de um crime de falsificação"? E falsificação de quê? De fotocopias que nem sequer são dos originais? Isto parece uma história do pato donaldo, ainda por cima muito mal contada.

Fernando Martins disse...

O Blog Geopedrados roubou (descaradamente...) este post, indicando autor e origem. Continue, José!

Mentiroso disse...

É pensar sem alcance julgar que o problema está no Sócrates, que não é mais do que a ponta do iceberg. A culpa está em quem vota neles e os aprova, elegendo-os. Os cegos mentais vão votando ora numa oligarquia mafiosa, ora noutra, dando a cada a possibilidade do que se tem visto. Por isso que nenhum partido acusa o outro directamente nem quer provocar nenhuma limpeza, senão voltar-lhe-ia de ricochete e acabar-se-lhe-ia também a mama. Chamar-lhes estúpidos ou moles é não compreender nada do que se passa. Atacar uns e defender outros, é contribuir para a continuidade daquilo contra o qual se reclama. Como mudar a pensar deste modo?

O Público activista e relapso