"Tive uma discussão com ele gravíssima, porque queria que ele pedisse o apoio e ele não queria.
Falei muito com ele durante muito tempo, duas horas ou três, discutimos brutalmente mas amigavelmente, eu a convencê-lo e ele a não estar convencido", afirmou Mário Soares, na sessão promovida pelo Casino da Figueira da Foz.
Acrescentou que também o então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos contribuiu para a decisão do Governo liderado por José Sócrates de pedir a intervenção do Fundo Monetário Internacional em Portugal.
"Depois o ministro das Finanças também interveio mais tarde e ele José Sócrates acabou por ter de ceder, perante a evidência das coisas", frisou.
Recusou que Sócrates tenha "fugido" do país, após perder as eleições legislativas e se demitir de líder do PS: "Não fugiu nada, coitado, não podia era continuar ali. Foi atacado por toda a gente da pior maneira", argumentou Mário Soares na sessão moderada pela jornalista Cândida Pinto.
2 comentários:
Não podiam ter escolhido melhor local para discutirem o estado da nossa economia - um casino.
A História Económica de Portugal tem agora duas versões. Na primeira a tornar-se pública, socialista socrática, o país precisou de um PEC IV, que a oposição do PSD chumbou, levando o país ao desastre e o PM José Sócrates a questionar "Como puderam fazer isto ao país?". Na segunda, o PEC IV é criado para chumbar e para que os autores possam descartar as suas responsabilidades e programar as eleições legislativas antecipadas de modo a conseguirem a reeleição, já santificados e limpos de dolo. Para isso, meses antes, o PM em exercício começa um acampanha de Tempo de Antena estranha e intensa, fora do tempo, que só mais tarde se viria a compreender, quando o país pede ajuda internacional e, o mesmo, em vez de explicar que não era necessária, conforme conversa tida com Mário Soares, culpa a oposição, omite a origem interna e diz que era inevitável, mentindo, como agora se percebe. É um episódio pouco digno, sujo e revelador de um carácter. É natural que não quisessem discutir o carácter, porque ele é mesmo indiscutível, e cristalino.
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