quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Basílio, o primo socialista

Basílio Horta é um político desta democracia e que foi fundador do CDS. Do tempo em que este partido se reclamava em cartazes, de estar "rigorosamente ao centro".
Em 1991, Basílio Horta surpreendeu-me porque se bateu galhardamente e em modo bravo com o candidato da esquerda ( e de alguns sociais-democratas) à presidência da República, Mário Soares.
Diz hoje numa entrevista à Visão que "um democrata-cristão só poder fazer política no PS", com argumentos tão confrangedores que até doem a ler . Isso depois de ter sido apaniguado de um governo de José Sócrates que o nomeou para um cargo de direcção na AICEP ( onde também esteve um Pedro Feytor Pinto, por exemplo e numa geração anterior) e se sujeitar a integrar listas do PS para a A.R ( de outro modo não era deputado de coisa nenhuma).

Basílio Horta era um indivíduo cujo perfil político me agradava. O que diz na entrevista não me desagrada ( tirando o panegírico a Mário Soares) em relação ao que defende como política económica e até a certas situações concretas ( por exemplo sobre as "gorduras do Estado). Então só me resta perguntar: porquê?! Porquê, isto?
E a resposta surge célere e a ribombar na mente: porque precisa. Está bem, assim. Mas é triste, mesmo assim.
Revelador é o episódio contado nesta passagem da entrevista em que comenta algumas fotos dos tempos passados e que em vez de lhe lembrarem o que foi, repercutem naquilo que é. A propósito do tempo em que "estava na pasta do comércio" no governo PS/PSD, numa altura de mais uma crise económica grave, conta o episódio em que "Mário Soares fazia anos e a mulher não encontrou uma gravata Givenchy para lhe oferecer. Soares telefonou-me: "V. não deixa importar as gravatas? Qualquer dia transforma isto numa Polónia, homem!"

Basílio Horta, apesar de ter sido duríssimo ( e muito bem, aliás) com Soares durante a campanha de 1991, hoje é um arrependido desse comportamento, "temos belíssimas relações, sou amigo dele" etc etc.
Triste, outra vez. Muito triste. O episódio Givenchy não lhe fez soar nenhuma campainha. Nem sequer agora, ao recordá-lo.

Questuber! Mais um escândalo!