Diz quem sabe - o dicionário - que "piegas" equivale a "quem é muito sensível ou assustadiço". Revela também que é um termo de "origem obscura" e que tem valor "depreciativo". A Renascença andou pela baixa de Lisboa para descobrir se a rua atribui o mesmo valor depreciativo às declarações de Passos Coelho, que apelou aos portugueses para serem "menos piegas".
O Público concede a primeira página ao assunto do dia, colocando a palavra no campo mediático da dúvida semiótica ( "Piegas, nós?), num exercício de estilo jornalístico típico de fronteiro do para quem é bacalhau basta e o que interessa são os títulos. Dá conta que "a palavar "piegas" invadiu ontem as notícias e as redes sociais e por isso dedica hoje várias páginas ao assunto premente, inclemente e pendente do momento mediático: a semiologia da palavra "piegas".
Seria interessante e nada deletério, saber com precisão como é que a expressão fez o caminho mediático até chegar às primeiras páginas, aos debates televisivos e parlamentares. Seria interessante saber de quem foi a autoria da repescagem da expressão e quem lhe fez a alavancagem decisiva. Seria interessante mas, aposto, é questão a debater num dos próximos programas de Pacheco Pereira, ponto por ponto ou assim. Ninguém mais se vai interessar pela génese da polémica e é disto que o jornalismo caseiro se alimenta, deste tipo de fait-divers que distraem a populaça, fazendo caminho político preciso e concreto de desgaste de imagem a quem de outro modo, mais fundamentado e sério, seria mais difícil.
O Público escreve mesmo "oposição indignada com pedido para não sermos ´piegas`".
Nas páginas centrais elabora semióticas sobre a palavra perguntando retoricamente o que Passos quis dizer, se "uma tentativa de infantilizar os portugueses" ou antes uma "provocação para galvanizar o país" e publica a opinião dos de sempre sobre o assunto.
O suplemente P2 não poupou nos epítetos e "foi falar com vários cientistas sociais" ( sic).
Filomena Mónica ( uma cientista social que anda quase sempre muito atoleimada, no dizer da própria) devolve o apelo ao primeiro-ministro. Um tal João Costa, investigador do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, acha mesmo que "no contexto do discurso é, obviamente, uma escolha infeliz uma vez que menoriza algumas razões legítimas para preocupação". Este "cientista social" vai longe...
Rui Zink, um grande cientista social que tempos por cá, e não sabíamos, apanha o boy pelos cornos e dispara cotoveladas no animal que infantiliza os portugueses: "Se há portugueses piegas? Há, claro que sim. Mas é obsceno dizer a um desempregado: "não sejas piegas". Mas um primeiro ministro não pode infantilizar assim um povo."
Fernando Rosas, outro cientista social de renome feito nas catacumbas da Torre do Tombo, a salvar do pó fragmentos medievais do séc. XIX que atestem a superioridade da classe operária, é mais categórico ainda: " o discurso de Passos é de uma tota insensibilidade perante as dificuldades dramáticas que hoje muitas pessoas vivem". Por exemplo, os deputados como esse cientista social ad hoc, que ganham mal e porcamente e têm vidas de cão de água. Rosas lembra-se de Salazar, ( em todas as frases que profere lembra-se sempre de Salazar, curiosamente) que dizia que este era um povo infantilizado. Pode residir aqui a explicação cabal para o facto de muitos portugueses terem enveredado nos anos setenta, pela "doença infantil do comunismo", como o tal Rosas.
Um sociólogo do ISCTE ( onde, senão neste lugarejo de cientistas sociais, vicejam luminárias destas?) que não fixo o nome por irrelevância completa diz mesmo que estes políticos " não gostam do país, que não gostam dos portugueses e do modo como eles são."
Rui Ramos, o historiador também alcandorado a cientista social ad hoc e aqui agregado para compor o ramalhete jacobino, revela outra imagem, do dito do primeiro-ministro: " Ele está a criar um ambiente churchilliano ( sic) porque este dizia, nos piores momentos, aos ingleses, "Britain can take it".
Um psícólogo clínico também é ouvido nesta mesa redonda mediática que congrega cientistas sociais. Um tal Américo Baptista alvitra: " não me parece que um discurso que aponta o dedo às piores características que possamos ter seja galvanizador".
A psicanalista ( ?!) Maria Belo é outra que tal. Maria Belo? Sim, essa mesmo, Maria Belo que o Público da P2 de Andreia Sanches foi repescar às catacumbas do olvido merecido para dizer esta coisa espantosa: " as palavras do primeiro-ministro a terem algum impacto, têm um impacto negativo, irritam as pessoas."
João Leal, outro cientista social da Nova " é mais cauteloso. O povo não tem psicologia. As pessoas sim. O nacionalismo baseia-se muito nessa ideia de pessoa colectiva". O nacionalismo e as sociedades comerciais, e até as associações civis, acrescento eu. Os partidos, por exemplo. Este cientista social anda a ler muita ficção científica, pela certa.
São estas as ideias dos nossos cientistas sociais colectados pelo Público de Andreia Sanches para comentar uma palavra proferida num contexto pelo nosso primeiro-ministro actual.
O contexto é este: "o primeiro-ministro utilizou anteontem à noite, por duas vezes, durante uma intervenção improvisada na cerimónia do 40º aniversário das escolas do grupo Pedagogo, em Odivelas". E nesse contexto, a palavra "piegas" assume um significado próprio que não é apresentado no artigo do Público porque nem sequer é apresentado todo esse contexto. O jornalismo do Público já chegou a isto: que se lixem os factos, se estragam uma boa notícia.
O Público escreve mesmo "oposição indignada com pedido para não sermos ´piegas`".
Nas páginas centrais elabora semióticas sobre a palavra perguntando retoricamente o que Passos quis dizer, se "uma tentativa de infantilizar os portugueses" ou antes uma "provocação para galvanizar o país" e publica a opinião dos de sempre sobre o assunto.
O suplemente P2 não poupou nos epítetos e "foi falar com vários cientistas sociais" ( sic).
Filomena Mónica ( uma cientista social que anda quase sempre muito atoleimada, no dizer da própria) devolve o apelo ao primeiro-ministro. Um tal João Costa, investigador do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, acha mesmo que "no contexto do discurso é, obviamente, uma escolha infeliz uma vez que menoriza algumas razões legítimas para preocupação". Este "cientista social" vai longe...
Rui Zink, um grande cientista social que tempos por cá, e não sabíamos, apanha o boy pelos cornos e dispara cotoveladas no animal que infantiliza os portugueses: "Se há portugueses piegas? Há, claro que sim. Mas é obsceno dizer a um desempregado: "não sejas piegas". Mas um primeiro ministro não pode infantilizar assim um povo."
Fernando Rosas, outro cientista social de renome feito nas catacumbas da Torre do Tombo, a salvar do pó fragmentos medievais do séc. XIX que atestem a superioridade da classe operária, é mais categórico ainda: " o discurso de Passos é de uma tota insensibilidade perante as dificuldades dramáticas que hoje muitas pessoas vivem". Por exemplo, os deputados como esse cientista social ad hoc, que ganham mal e porcamente e têm vidas de cão de água. Rosas lembra-se de Salazar, ( em todas as frases que profere lembra-se sempre de Salazar, curiosamente) que dizia que este era um povo infantilizado. Pode residir aqui a explicação cabal para o facto de muitos portugueses terem enveredado nos anos setenta, pela "doença infantil do comunismo", como o tal Rosas.
Um sociólogo do ISCTE ( onde, senão neste lugarejo de cientistas sociais, vicejam luminárias destas?) que não fixo o nome por irrelevância completa diz mesmo que estes políticos " não gostam do país, que não gostam dos portugueses e do modo como eles são."
Rui Ramos, o historiador também alcandorado a cientista social ad hoc e aqui agregado para compor o ramalhete jacobino, revela outra imagem, do dito do primeiro-ministro: " Ele está a criar um ambiente churchilliano ( sic) porque este dizia, nos piores momentos, aos ingleses, "Britain can take it".
Um psícólogo clínico também é ouvido nesta mesa redonda mediática que congrega cientistas sociais. Um tal Américo Baptista alvitra: " não me parece que um discurso que aponta o dedo às piores características que possamos ter seja galvanizador".
A psicanalista ( ?!) Maria Belo é outra que tal. Maria Belo? Sim, essa mesmo, Maria Belo que o Público da P2 de Andreia Sanches foi repescar às catacumbas do olvido merecido para dizer esta coisa espantosa: " as palavras do primeiro-ministro a terem algum impacto, têm um impacto negativo, irritam as pessoas."
João Leal, outro cientista social da Nova " é mais cauteloso. O povo não tem psicologia. As pessoas sim. O nacionalismo baseia-se muito nessa ideia de pessoa colectiva". O nacionalismo e as sociedades comerciais, e até as associações civis, acrescento eu. Os partidos, por exemplo. Este cientista social anda a ler muita ficção científica, pela certa.
São estas as ideias dos nossos cientistas sociais colectados pelo Público de Andreia Sanches para comentar uma palavra proferida num contexto pelo nosso primeiro-ministro actual.
O contexto é este: "o primeiro-ministro utilizou anteontem à noite, por duas vezes, durante uma intervenção improvisada na cerimónia do 40º aniversário das escolas do grupo Pedagogo, em Odivelas". E nesse contexto, a palavra "piegas" assume um significado próprio que não é apresentado no artigo do Público porque nem sequer é apresentado todo esse contexto. O jornalismo do Público já chegou a isto: que se lixem os factos, se estragam uma boa notícia.
Depois tem outro contexto posterior e acrescentado agora: " a oposição não hesitou em considerar que Passos Coelho insultou os portugueses."
Repare-se bem: a interpretação da Oposição é dada como um dado adquirido sem dúvidas: foi um insulto aos portugueses. Que oposição considerou assim? O PS considerou a expressão "infeliz". O PCP como um "desrespeito" e o BE como uma "ofensa". O PSD apenas considera o assunto um fait-divers e ainda por cima citado fora do contexto.
Para o Público ( Maria José Oliveira) tais expressões qualificativas da Oposição equivalem a um "insulto".
No dicionário que o Público cita para dar a conhecer a palavra "piegas", "insulto" é uma palavra bem definida: insulto é uma palavra ofensiva, sem mais e tendo como sinónimos o ultraje, o vitupério, a injúria e a desfeita.
Se lermos bem o que o Público escreve, a única "oposição" que considerou a palavra "piegas" como insulto, numa acepção rebuscada e que até creio nem ser equivalente ao significado mais gravoso, porque apenas retórico, foi o BE.
O Público, como é normal nestes tempos, aproveita o qualificativo do BE para imputar a toda a oposição uma posição de princípio e de considerar a palavra "piegas" proferida pelo primeiro-ministro no contexto em que o foi, uma injúria.
É este o jornalismo do Público: uma distorção semântica e factual para servir objectivos turvos de oposição jacobina. É uma acusação fundada nesses factos que aí ficam.
20 comentários:
Tenho por este PM, o mesmo respeito que tinha pelo anterior. Ou seja, nenhum.
Mentirosos e aldrabões, não os há meio-sérios.
Por isso apetece-me retorquir: "piegas é a tua tia, pá!..."
O José também é muito piegas em relação aos esquerdóides. Desta vez só faltou dizer, preto no branco, que se sente ofendido ou insultado.
Só espero que não fique tão desagradado comigo como eles com o PM.
o PM deu um pontapé 'piegas' nas canelas da esquerda festiva
doeu
a comunicação social montou o carnaval para durar todo o ano
Já conhecemos os tais cientistas sociais, como aquele de Coimbra - somos o País , por km2, campeões do mundo.
Na verdade, o termo "piéguice" - "piegas" ...é apaneleirado.
O autor é casado, resta saber se a
testosterona também faz "piéguices"
http://www.youtube.com/watch?v=-J9vwenlAMs&feature=related
Avô Cantigas quer mamar...dá-lhe a chupeta....para o "bebe" não chorar
Não batam mais no ceguinho. Ele é preso tanto por ter cão como por não ter cão. E Porquê? Porque em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
Vamos deixar de ser piegas e começar a trabalhar...
O Rosas e o Salazar, ahahahahahaha
O Passos Coelho limitou-se a imitar o Medina Carreira que já tinha apelidado de chorões.
José:
Parabéns por este seu texto.
Está excelente!
Brilhante, mesmo.
Pois é. O post está delicioso- compilou a brigada dos traumatizados, armados em cientistas sociais.
Que manada! Ainda não estou surdo. Eu ouvi as famigeradas 'declarações', o que o PM disse foi que pais e professores têm que ser mais exigentes e não ser piegas com os alunos. Ora isto é chamar piegas aos portugueses? O homem não tem autoridade pessoal para dizer isto, mas como PM pode e deve dizê-lo porque é a mais pura das verdades: pais e professores em geral são muitos piegas com os alunos. Um pai que fuma não pode pedir, ui proibir!, os filhos de fumar? Sim, eu sei, para os atrasados mentais do púbico não. OBJECTIVAMENTE o Coelho disse verdades como punhos: é tempo de acabar com o reino do faz de conta nas escolas, os professores fingem que sabem, os alunos fingem que aprendem, e no fim todos alegres com este 'sucesso escolar', que nem para emigrar para África serve.
O povo não tem psicologia? Mas quem é esta besta? Esqueceu-se dos slides das aulas onde estava o nome de JUNG ahah
O José sabe compilar mas a mim este post parece-me um lip service ao "almofadinha".Assim não vais longe...
Talvez fosse preferível explicar o que é a PEDAGO e o seu ISCE.
Nem sabia que tinha sido em contexto escolar. Os imbecis dos indignados fizeram tamanha tempestade com isto que até mete impressão.
Who´s that "almofadinha"? Someone important?
Seja quem for não perde pela demora se se justificar o postal.
A liberdade de escrever em blogs não alinhados tem apenas um limite: o da liberdade de expressão. Espero que o TEDH continue a publicar sentenças em que alarga o conceito. Um dia destes conseguirá dizer o que os juízes STJ, disseram sobre a putativa ofensa do Sousa Tavares velho a uns certos militares e que consideraram não ser injuriosa. Eram uns nomes sonantes no calão português.
Os ofendidos, então, publicaram uma local nos jornaisa a chamar os mesmíssimos nomes às avantesmas que absolveram o velho jacobino.
Enquanto estiver convencido que as medidas estão certas, não bato no ceguinho nem ajudo à festa jacobina.
Se mudar de opinião, ver-se-á.
O "pastel de nata" e o paradigma da "brôa castelar".
Santo Deus, tanta incúria - numa empresa privada, internacional, tinham as mala feitas
- a começar pelo paradigma da "loura" deste governo
cetirus paribus
O Domingos "lavadinho" têm 10 dias para se apresentar à Justiça Brasileira - pelos vistos, as nossas autoridades não sabemde nada...nem eu
cetirus paribus?!?! de facto, a ignorãncia é completamente aparvalhada.
Congratulo-me pelo facto como V.Exa está atento aos meus comentários.
Agradeço-lhe a sua atenção
Ceteris paribus
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