
Medina Carreira explica de um modo que me parece plausível o aparente paradoxo. Tudo se resume a um aforismo: é a política, estúpido!
"Ele via melhor do que eu, e eu, ao longo de toda a década, escrevi a dizer que caminhávamos para a desgraça. Em 2005, ele sabia. Em 2007, 2008, sabia, e não disse nunca isto."
Medina Carreira tem a noção de que se ocorrer uma crise financeira mais grave- ou seja, "não nos emprestarem dinheiro lá de fora-ninguém imagina o cataclismo que será. " Por isso, defende que " haja incriminação dos actos políticos". Acha "que os governos devem poder ser julgados criminalmente".
Parece uma evidência que quem no poder político empurra todo um povo para uma miséria evitável, merece castigo e não apenas nas urnas eleitorais. Os interesses e valores em jogo devem ter protecção penal e eventualmente têm-na se tal for bem procurado por quem de direito.
Medina Carreira, no entanto, que vá dizer tal coisa ao actual PGR e ouve deste o que o mesmo disse no discurso de abertura do ano judicial: "à política o que é da política e aos tribunais o que é dos tribunais."
O outro representante do poder judicial, Noronha Nascimento, esse diz coisa diversa: que não se devem mexer nos direitos adquiridos. Direitos adquiridos em virtude de erros políticos clamorosos...