sábado, julho 11, 2020

Acompanhantes de luxo da podridão do regime

No Público de hoje, o cronista João Miguel Tavares questiona-se acerca de um assunto que por aqui tenho considerado igualmente escandaloso: a frequência com que certos advogados têm acesso franqueado às tv´s para falarem abertamente sobre processos judiciais onde representam interesses de clientes.
Alguns desses processos ainda se encontram sob segredo de justiça mas tal não impede esses advogados ( e estou a lembrar-me dos advogados do processo Marquês e os vários que lhe são conexos porque se nota claramente a evidente ligação de personagens destas farsas) de emitirem juízos sobre as provas recolhidas ou diligências em curso, algumas vezes em conferências de imprensa.

Tal comportamento legalmente inadmissível porque contrário aos limites definidos no estatuto dos advogados, nunca suscitou reparos fosse de quem fosse dos poderes públicos, que simplesmente ignoram tais fenómenos e acabaram por relegar tais normas para o caixote de lixo das inutilidades da regulação profissional.

Pelo contrário, esses mesmos advogados, sempre que um qualquer magistrado refere, mesmo de passagem, um qualquer processo em que estejam envolvidos, surgem logo nas mesmas tv´s a gritar "aqui d´el rei!" e a exigir responsabilidades disciplinares ao dito cujo que deslizou para a plataforma onde aqueles costumam ter palco.

Esta disparidade de exigência regulatória encontra eco nos meios de comunicação e são os próprios jornalistas e komentadores habituais que assinalam tais intervenções e se juntam aos advogados de entalados a participar no coro de escravos da dependência do sistema.

Este fenómeno tornou-se mais visível esta semana a propósito da decisão de um juiz de instrução sobre o caso da EDP e a alteração de medidas de coacção aos arguidos excelentíssimos.

O verniz dos komentadores, de todo o tipo televisivo, deste a infausta Clara F. Alves até ao manhoso Adão e Silva ou mesmo insuspeitos como Paulo Ferreira, estalou e todos rasgaram as vestes, mostrando a horrorosa nudez dos interesses que os alcavalam para conseguirem o lugar de emprego onde estão. A EDP tem muito poder e os seus representantes ainda mandam neles, mesmo em modo difuso.
O pudor e a pouca-vergonha nunca foram tamanhos entre tal classe de acompanhantes de luxo do regime, porque é disso que se trata: de pessoas que alienam ( no sentido marxista) a consciência profissional  emprestando-a aos entalados do mesmo regime que os sustenta a fim de lhes garantir conforto e continuação de bem estar.
  Estes "trabalhadores da informação" em vez de obedecerem ao patrão da verdade, isenção e interesse público, aninham-se perante o altar da mentira, da desinformação e da manipulação informativa em prol dos poderes que carecem de protecção perante aqueles valores que violam sistematicamente.
Sem eles, o cheiro a podre seria insuportável e por isso a sua especial vocação de acompanhar tal lixo social, para disfarçar a corrupção.

A defesa despudorada e em uníssono de tais komentadores encartados nos mesmos programas de tv, anos a fio,  repete os mesmíssimos argumentos que os advogados dos entalados usam para transmitir à populaça televisiva as razões de inocência dos seus clientes.
É essa a melhor forma de se lhes ver a nudez crua da verdade que escondem no manto de fantasia dos interesses alheios que defendem e a que as tv´s dão alargadíssimo espaço de antena.

Daí estes dois artigos de jornais de hoje. Pelo meio fica a anedota da Rato que aparece aqui como entremez para sossegar as mentalidades fossilizadas.



Para completar o quadro deste regime e os seus komentadores avençados, de luxo, aqui ficam quatro páginas da Sábado desta semana. Um deles, Lobo Xavier, quase atingia o paroxismo da indignação contra o juiz que suspendeu os magníficos da EDP, no último programa da Quadratura, logo acompanhado pelo komentador de companhia Pacheco Pereira que repetiu mais uma vez a inanidade que já bolsara anteriormente: que não é normal que os processos mais mediáticos tenham ido parar a um único juiz. O que "não é normal" é que komentadores deste calibre continuem a bolsar burricadas semelhantes que revelam a ignorância de quem as produz.

Quanto ao komentador de Contenças, engileiro de profissão pós-governamental afinou pelo mesmo diapasão e até comparou o caso com o do seu amigo Jarmela que foi absolvido nos "vistos gold". Está visto, o caso deste engileiro que agora se dedica ao queijo sem ser limiano:


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A obscenidade do jornalismo televisivo