Na revista francesa L´Express desta semana há uns artigos sobre a cultura "woke", sobre o despertar das lutas de classes identitárias e dos seus cultores apresentados como "Os novos sectários".
Na base estão filósofos franceses desiludidos do marxismo, como Foucault e Derrida, os "desconstructivistas" que reduziram todo o pensamento a uma ideologia de opressão que penetrou nas instituições, a sociedade e a linguagem, por isso mesmo carentes de desconstrução, de desmontagem.
Os "desmontadores" constituem o núcleo da "french theory" que invadiu os campus das universidades americanas durante os anos setenta e agora estão de volta ao reino de origem e onde nasceram, a França.
Em Portugal já temos uma incubadora destas enormidades perversas, no ISCTE, porque a dona Lurdes que deu aulas numa escola primária em Monção foi escolhida para semear tais venenos ao vento que passa.
A essa, o saber interessa-lhe pouco mais que o necessário para se instrumentalizar como exercício de poder em nome de ideologia de partido, o exemplo perfeito desta cultura do despertar para a crença que dispensa ciência ou factos.
Como diz o entrevistado Steve Pinker, de Harvard, esta gente é do género progressista que detesta o progresso. A teoria da raça que defendem, assegura que os brancos foram, são e continuarão sempre a ser racistas. E chega.
Ou talvez não. O entrevistado, professor em Harvard , diz que "a única razão para que uma sociedade apoie e financie as universidades é que estas agreguem saberes, testem ideias e encontrem verdades graças a um grupo de especialistas. Mas se apenas existirem sectários, então o mundo académico vai perder toda a credibilidade aos olhos da sociedade e até dos governos".
É o caso...mas ainda vai demorar a tornar-se público e notório. Por cá ainda vamos na denúncia exposta a medo dos nepotismos pindéricos ou associações de benfeitores da ideologia do mesmo partido, como fez a Sábado no outro dia. O resto ainda vai demorar porque o jornalismo caseiro é ilustrado com cromos repetidos da cultura de escolas de comunicação, a funcionar nas mesmas madrassas. Como é óbvio não se podem enxergar nestas matérias.
Como exemplo desta cultura dos bidés que aparecem agora como cogumelos desta estrumeira, temos algumas páginas geniais de um romance de Tom Wolfe, escrito já nos anos 2000, I am Charlotte Simmons.
A trama do livro concentra-se numa universidade americana de prestígio, onde se encontram estudantes que estudam e outros que frequentam o estabelecimento e se dedicam a actividades mais complementares mas tornadas fulcrais para o sistema, como as desportivas, importantes num contexto académico como o americano.
As páginas seguintes mostram um episódio de confronto entre essas duas claques, a dos estudantes que lá estão para saber mais e a dos que figuram como heróis desportistas, cultores do físico de demonstração e cujo saber se resume a resultados desportivos e ambição em arranjar um lugar plausível num clube nacional.
A diferença de intelectos é notória nestas páginas em que se introduz um dos temas da cultura de bidé, o racismo.
Uma estudante de ascendência chinesa dá a deixa fundamental para se compreender a deriva da cultura woke, na vertente rácica e que já vem de data muito anterior à do livro.
Lendo, percebe-se melhor, para além dos pormenores narrativos que nos elucidam mais sobre outras coisas relacionadas, como é que se chegou até onde estamos.
O ambiente passa-se no campus onde se encontram dois pequenos grupos de estudantes que se irão confrontar através de um deles, provocador ciente da superioridade física com disposição para a exibição.
Um dos grupos, dedicado aos temas de estudo intelectual e que até dirigem o jornal local e o outro, estacionado muito perto e simbolizando a cultura alfa do desporto de competição que gera a cultura do físico de ginásio.
O resultado é este, narrado de modo genial:
Sem comentários:
Enviar um comentário