terça-feira, março 16, 2021

A nova linguagem inclusiva da esquerda

 Nas revistas francesas há aceso debate acerca das modas da nova esquerda que descobriu um brinquedo novo para continuar a luta de classes: a linguagem desperta para o descolonialismo, estudos de género, interseccionalidade e  cultura censória. 

A Marianne desta semana dá-lhe uma dúzia de páginas:




O novo glossário da esquerda faz-se com estes conceitos importados da América, mas nados e criados em França:


Já por lá anda a ofensiva contra os museus:


E contra as bibliotecas: 


A propósito deste mesmo assunto a revista Philosophie deste mês mostra o que pode ser o conceito de identidade para esta nova corrente de pensamento esquerdista:


Com um alerta muito claro para um novo estalinismo, na versão Lyssenko,  dos identitários que procuram por todos os meios calar quem se lhes opõe. Para tal armam-se em vítimas supremas de tudo e de todos: mulher, negro, pobre, deficiente, etc. e perante tal circunstância impõe-se aos demais, fazendo valer os seus direitos por cima dos demais, em discriminação sempre positivada e majorada, arrasando qualquer veleidade de igualdade...em nome da igualdade.



O problema vem do tempo da revolução mas ultrapassou as marcas desta, sempre pela esquerda: 



Palavra-chave: desconstrução. O eu nem existe; o que existe são "crises de identidade". 



Para enfrentar esta tormenta da mutação linguística que incomoda sobretudo os intelectuais mas ainda tem pouca influência popular, aparece a explicação do "populismo", numa concepção que arrasa os pachecos pereiras lá do sítio e por cá redu-los a ninharias do pensamento político. 
A revista Valeurs Actuelles desta semana entrevista uma "politóloga" que não frequentou o ISCTE para explicar o que pode muito bem ser o populismo: uma nova forma de regressar ao conceito democrático mais puro e menos corrupto como é na actualidade. Seria uma tentativa de recolocar a ideia de democracia mais próximo das promessas iniciais, ou seja a ideia de que a democracia não é apenas um fenómeno que nos é exterior, feito de leis e instituições, mas deve incluir também uma cultura, um conjunto de práticas e valores de que somos todos garantes e que deveria ser alvo de debate alargado e não restrito aos novos "identitários" do género, da raça ou da história. 
 



 


Em Portugal esta discussão não se faz porque os media estão tomados por ideias de esquerda cada vez mais sectárias. No outro dia, num programa de tv, na TVI, um tal Filipe que agora é animador local depois de ter estado na SIC e no Expresso, tinha como comentadores o deputado Sérgio Sousa Pinto e o comentador propriamente dito Sebastião Bugalho. 
O grau de cretinice e cabotinismo exibido pelo tal Filipe, com meias dos anos 40 a aparecer aos losangos e bolinhas, mostra bem o tipo de personagens que temos a manipular e a enviesar os debates. 

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