Camilo Lourenço, um jornalista-economista dos que não foram muito afectados pela vaga das pallas, escreveu no outro dia um artigo no Diário de Notícias em que defendia que os estudantes deviam escolher os cursos superiores de acordo com a empregabilidade ( a previsível, penso eu de que...).
Hoje o DN faz esta página para discutir o assunto que aliás é muito interessante: para que valem as Humanidades, no ensino? A História, a Psicologia, a Filosofia e outras disciplinas de ciências humanas valem ,alguma coisa para quem tem ambições a ser médico ou engenheiro ou mesmo gestor?
O equívoco de Camilo Lourenço pode não ser um equívoco quando vemos um Rui Tavares, formado em História da Arte, a debitar palpites televisivos e jornalísticos sobre assuntos económicos tout court e habitual par de botas marxista contra o capitalismo. Politicamente o pensamento desses e doutros já vem enviesado pela ideia de Esquerda.
Porém, para discutir essa ideia de Esquerda é essencial perceber História e Filosofia e mesmo Psicologia, para além de um pouco de Economia (as regras da oferta e da procura e as do capitalismo de Estado chegam, se bem apreendidas).
A questão das Humanidades coloca-se assim num ponto charneira: que Humanidades e ensinadas por quem? Em Portugal são ensinadas pelos marxistas ou marxizantes ou simpatizantes e como não há alternativas tempos um ensino coxo e uma visão zarolha e canhota para usarmos expressões semióticas. Em Portugal, salvo raras excepções, a doutrina oficializada sobre as Humanidades é a do ISCTE.
O problema das Humanidades em Portugal está em quem ensina e em quem tem a chave do discurso que as editoras publicam e os manuais aprovados ensinam.
E quem a tem é a Esquerda. A portuguesa, a dos grandoleiros e companhia.
Aprender História em português é como aprender a História da Segunda Grande Guerra escrita apenas por um judeu que perdeu a família num campo de concentração: por muito que queira ( Hanna Arendt) não consegue ser objectivo e imparcial.