José Sócrates, ex-primeiro-ministro regressa à televisão, e logo o canal público, por frete dos responsáveis. Aparece de fatiota azul escuro, gravatinha azul bebé e ar de inocência , passados dois anos a estudar supostamente algo que não se sabe bem o que seja. A última versão apontava para um cursilho de ciência política, na Sciences Po, em Paris.
A primeira perguntinha que lhe colocaria seria esta, muito simples e singela:
Snr. José Sócrates, onde arranjou esse fato? De que marca é? Comprou-o onde, exactamente?
A primeira pergunta afinal e outra:
Porque é que José Sócrates regressa, passados dois anos?
Diz Sócrates que "há um tempo para tudo"....citando o Eclesiastes e agora chegou o seu tempo de intervenção, "para tomar a palavra" .
E vai tomar a palavra para quê? ( esta pergunta é minha porque os entrevistadores, dois inenarráveis, não a fazem. Ora, responde Sócrates, porque "chegou a hora de dar a minha versão ". Uma versão....
Sócrates diz que "não tenho planos para regressar á vida política". Só quer participar no "debate político". Acha que o que tem ouvido é fruto do "pensamento único" e de uma narrativa única que Sócrates agora quer responder, aproveitando o contraditório.
Sócrates diz agora que não tem qualquer intenção de intervir politicamente e não quer ser presidente da República ou mesmo chefe do partido....
Sócrates só quer contrariar a narrativa e afirmar a sua versão. Vai ter muito que explicar...se alguém lho perguntar mas não são estes dois inenarráveis que ali estão.
Sócrates acha que quatro ex-líderes do PSD têm programa na tv. E portanto, Sócrates acha que tem o mesmo direito. Ter, tem. O que não tem é vergonha alguma.
E anuncia uma "má notícia" apodando os críticos que o querem impedir de dar a sua opinião...é altura para lhe perguntar ( o que os dois inenarráveis não fazem): e só agora é que tem a oportunidade? Alguém lha coarctou antes? Os inenarráveis não fazem perguntas. Dizem apenas as deixas...
Passa agora para o PS e esta direcção que tem um legado a defender...
Sócrates, sobre isto, "entende muito bem a posição do PS". "O PS procurou concentrar-se nas respostas a serem dadas aos problemas do portugueses" ...mas esta atitude que "é nobre" , deixou aos adversários políticos a "narrativa" ( já utilizou esta palavra mais de meia dúzia de vezes).
O entrevistador aponta-lhe o facto de Morais Sarmento ter dito que Sócrates não ter vergonha. Sócrates fica indignado putativamente fazendo uma carinha de peninha e diz que a "direita" é assim...
Repare-se bem: Sócrates a posicionar-se á esquerda...ahahahahahahah"! Perguntem-lhe agora quanto gasta em Paris, quem lhe comprou o fato. Perguntem-lhe agora como ganha a vida... é o perguntas.
Sócrates explica agora a a sua "contratação" pela RTP dizendo que é "pro bono"....ahahahhaah! Este tipo tem uma desfaçatez incrível! E os entrevistadores, respeitadores, veneradores e obrigados ao triste papel que estão a fazer, confirmam...
Sócrates não aceita pedir desculpa aos portugueses porque a "narrativa" que tem sido contada aos portugueses não é verdadeira e é por isso que Sócrates aqui está: para esclarecer a "narrativa".
O que tem sido dito da crise tem sido um "embuste" e Sócrates está aqui para explicar o "embuste". Sócrates, o mentiroso a explicar o embuste putativo.
Paulo Ferreira lá lhe aponta, muito a medo, as "causas internas" para a crise...mas Sócrates não se descose: "tínhamos um défice educativo muito forte e passei a minha governação a tentar resolver esse prolblema".
E tem mais: o investimento estrangeiro que atraiu ( IKEA, Embraer, etc) foi o seu resultado agora apontado para contrariar a "narrativa".
Sobre a crise ainda não explicou uma única vez e de maneira compreensível o que se passou. Continua o mesmo aldrabão e mentiroso.
"Foi a crise que levou à dívida e ao défice e não o contrário", diz. E começou em 2007 com o "comportamento ganancioso dos mercados".
"Eu assumo todas as responsabilidades da minha governação"....mas " não aquelas que me querem imputar". Ahahahah! Este gajo é demais.
O que nos levou à crise foi o "chumbo do PEC IV" !!!!!! Ahahahaha! Isto é incrível e os entrevistadores nada. Nada de nada. Incrível ainda mais. Esta canalha até incomoda.
Até agora Sócrates disse o que quis, como quis e sem qualquer contraditório ou pergunta pertinente para esclarecer. Estes entrevistadores são apaniguados de quem?
"O PSD não quis aprovar o PEC IV!... e foi isso, o problema nacional nasceu aí.Sócrates acha que a "narrativa" ( já utilizou a palavra mais outra meia dúzia de vezes) que tem sido apresentada não é a verdadeira e é por isso que passados dois anos vem agora esclarecer e repôr a verdade. Contra a "direita"...
Sócrates discorda agora do encafuado Paulo Ferreira que está incomodado em contraria sua excelência, sobre o assunto do PEC IV.
Diz que tinha uma solução em Bruxelas e que foi chumbada aqui.
E agora, sobre Cavaco dizer que houve uma deslealdade, Sócrates assume a gravitas em relação ao Snr presidente da República que lhe fez a acusação. Quer começar por dizer que acha extraordinária essa atitude. Faz-lhe um ataque por escrito um ano depois de sair e "isso diz muito da atitude do Snr presidente da República" E não reconhece ao presidente nenhuma autoridade moral para lhe dar lições e traz agora à colação o caso das escutas de Belém. Caso que Paulo Ferreira conhece demasia do bem...ahahahah! ( mas não foi Sócrates quem o disse...).
E diz mais: cita um assessor do presidente da República que terá sido o responsável pelo caso. E que o presidente não o castigou. É preciso ter lata, este Sócrates: está ali, perante um Paulo Ferreira que teve conhecimento deste caso, foi protagonista e tem o despudor de vir com o caso para a praça pública num assunto destes. E este tipo não se lembra do Face OCulta? Do BPN? Do BCP? Do Almeira Ribeiro?
Este tipo é um mentiroso do pior. E o Paulo Ferreira, sobre isto? Moita carrasco. Nem uma palavra. Este tipo não deve ser corrido da RTP, depois disto, deste ataque despudorado e imoral?
Que país é este em que um tipo destes tem antena aberta na RTP para dizer isto que acabou de dizer e que é um ataque descabelado ao presidente da República, por quem não tem o mínimo respeito, depois do que lhe fez?
E continua a malhar no presidente da República, a atacar por agora "não fazer nada". E vê nisso uma razão evidente: "o presidente da República esteve na origem desta solução política". O poltrão Ferreira acresenta em coda e em deixa se Sócrates acha que o presidente da República tem algo a ver com esta solução política, para ouvir a resposta que esperava ouvir, repetida, aliás. Vergonha de entrevistador, indigno.
"Eu sempre me opus ao pedido de ajuda internacional", diz Sócrates. Dizem-lhe que o ministro das Finanças e coisa e tal que Sócrates explica que foi uma pequena intriga. Nada de especial. O Teixeira a esta hora está a rir ou a chorar. De vergonha.
Dos entrevistadores, sobre isto nada mais.Nada que esclareça o que ocorreu com factos dados e números. O Ferreira, esse, está mudo e calado desde o caso das "escutas de Belém" . Ainda deve estar abalado.
Em resumo: nestes dois anos de estudos, Sócrates nada esqueceu e nada aprendeu.
O discurso continua o mesmo. A obstinação é igual, a explicação da crise a mesmíssima. É incrível. O que é que este tipo vem fazer para a RTP? O que vem afinal dizer aos espectadores? Isto? Já o disse sempre...
Os entrevistadores falam-lhe agora da conversa que teve com Mário Soares. Começou a negar e quando lhe dizem que foi o próprio Soares que a referiu lá admitiu que não tinha sido conversa importante e que não interessou para nada....tudo para manter a sua "narrativa" ( agora é a minha vez) . Este tipo é mesmo incrível.
Estes dois anos nada ensinaram a Sócrates. Desde o início que a sua "narrativa" é a mesma: contrariar a "narrativa" da oposição, com explicações da sua narrativa de sempre.
E há outro embuste, diz Sócrates: o de dizerem, o governo actual, por suposto, que estão apenas a aplicar o memorando da troika. Sócrates diz que este governo já ultrapassou em muito o que estava no memorando. Sócrates acha que isto não devia ser assim. Resta saber o que seria se tivesse continuado. Porventura estaríamos como o Chipre...
Sócrates continua a explicar o que não sabe, o que não consegue explicar e o que aparentemente não compreende. Julgava que este tipo tinha aprendido alguma coisa com o tempo. Nada de nada aprendeu. Este tipo estiolou em Paris.A Filosofia que não aprendeu e a ciência política que não frequentou aranjaram.lhe um "front loading" de argumentos que são os mesmos de sempre que sempre utilizou.
É tempo de o desmascararem, mas com outros perguntadores porque estes são demasiado inábeis e ineptos.
Agora vem defender o "parar com a austeridade". E como?, perguntam-lhe... e até lhe fazem notar que "estamos num diálogo", como se a entrevista o fosse verdadeiramente e não o que tem sido, um monólogo e um diálogo socrático...ahahahah!
Sócrates apresenta a sua receita para sairmos da crise: nao podemos continuar com a austeridade. É essa a receita.
Seria altura para lhe perguntarem-lhe outra vez: onde comprou a fatiota e a gravatinha?
E ficamos portanto nas medidas de Sócrates para resolver a crise: parar com a austeridade.
Ao apresentarem-lhe a "narrativa" da dívida pública entre 2005 e 2008 explica que subiu cinco pontos e depois 22 pontos até 2010. E depois de 2008, altura da "crise internacional", então é que foi o problema...mas agora em 2012 subiu trinta! E Sócrates fica assim na sua "narrativa" que contradiz a dos adversários.E atribui essa subida a erros do actual governo que insistiu na austeridade. Então, esse fatinho e gravatinha, onde foram comprados? Era agora que lho deviam perguntar mas isso são minudências para os paulos ferreiras do jornalismo nacional.
Perguntam-lhe se o aumento dos funcionários públicos em 2009 foi um erro..."sabe, isso é muito fácil dizer isso agora". Sócrates explica que o aumento foi decidido em Setembro de 2008 e perante os aumentos que se verificavam, decidiu aumentar os funcionários públicos. Esqueceu-se de dizer e os entrevistadores não lho dizem que em 2009 havia eleições ( diz agora o Paulo Ferreira o que deixa Sócrates abespinhado). Sócrates diz que não que não e que não.Pois não...
Paulo Ferreira aponta-lhe agora os números da economia comparada europeia para realçar que em Portugal foi pior. Mas Sócrates não desarma com o Paulo Ferreira "que tem esses conhecimentos de economia". explicando que "houve um aumento á protecção social das famílias". Hummm....que grande aldrabão.
Paulo Ferreira pergunta-lhe directamente se a política do mesmo foi uma política despesista e que depois descobrimos que não a deveríamos ter feito. Sócrates diz que não. Que não e contesta a legitimidade da pergunta.
"Não reconheço que tive uma política despesista" diz. É incrível. É simplesmente incrível.
E agora vai falar nas PPP´s. "Vai aí uma história muito mal contada" diz. "Vou-lhe dar três números sobre as PPPs".
"Existem 22 PPP rodoviária, e quantas é que eu lancei? "Oito, dizem os entrevistadores em simultâneo.
A primeira ideia é que não foi o pai das PPP rodoviárias. Os encargos futuros, líquidos, para Sócrates que recebeu em 2005, 23 mil milhões de euros, mais 19 mil milhões de euros. E os encargos que deixou, diz Sócrates que foram menores que esses. Falam-lhe nas renegociações. Explica que os encargos eram de 10 mil milhões e as que deixou foram de 4 mil milhões.
Portanto, a ideia base é que Sócrates deixou menos encargos futuros do que os que herdou...
"Porque é que a nossa dív ida sobe ?", pergunta Sócrates. "Por causa da descida das receitas fiscais" e não tanto por causa da queda da despesa.
Agora a factura do BPN. A nacionalização terá sido uma boa decisão? Perguntam-lhe...e a resposta é a de sempre: na altura, o risco sistémico e coisa e tal...ninguém lhe diz que o risco sistémico era nulo segundo alguns economistas e foi assim como gato por cima de brasas que se tratou o caso BPN. So isto e nada mais.
E se o Constitucional chumbar as normas do Orçamento? Ai isso é preciso ver e coisa e tal.
A Sócrates insiste no recado ao governo: acabar com a austeridade. É a sua receita e vai de encontro ao que o BE diz.
Cita agora uma frase da Divina Comédia de Dante sobre o que este governo está a fazer: "Vós que entrais, abandonai toda a esperança!", para realçar que este governo não tem objectivo a não ser um discurso de punição.
Agora explica que está num curso em Paris, num mestrado sobre Ciência Política que dantes se chamava filosofia política. Vai agora falar da vida privada...vamos ver o que sai daqui.
"Ao longo destes dois anos reparei que na imprensa portuguesa, melhor um jornal, o Correio da Manhã fez uma campanha."
Com várias mentiras ( sobre o vida de luxo, etc) e a insinuar sobre " quem está a pagar "?
"Nunca tive nenhuma poupança e nenhuma conta a prazo. A primeira coisa que fiz foi pedir ao meu banco um empréstimo para ir viver em Paris ". Não ocorre a nenhum dos presentes perguntar uma coisa simples: quem paga o empréstimo e com que juros lho concederam? Terá período de carência?
E continua a catilinária: "Esse jornal fez uma campanha perfeitamente ignóbil, insinuando...essa imprensa vive muito de uma certa impunidade que o mundo da justiça permite e coisa e tal."
"Esse tipo de campanha também existe no estrangeiro mas lá fora é tratado de outra maneira".
E corrige o Correio da Manhã "entregue à sua ignomínia", dizendo que a RTP não convidou Dias Loureio e afinal o jornal nem corrigiu essa falsa informação. Paulo Ferreira, presente acenou com a cabeça...
Portanto, acabada a entrevista, vamos ao balanço:
Começando pelo fim e que foi a correr como cão por vinha vindimada, o que envergonha este tipo de entrevistadores comprometidos com algo inexplicável:
Só José Sócrates é responsável pelas insinuações do Correio da Manhão que lhe perguntou como vivia em Paris sem rendimentos conhecidos e sem empréstimos declarados...e o que o jornal escreveu, a meu ver e no meu modesto entender é perfeitamente legítimo e não releva de qualquer falsidade. Se bem me lembro, o jornal relatou que Sócrates vivia num apartamento de um bairro de luxo, o Quarter Latin e mostrou o prédio indagando das rendas habituais. As propinas na Sciences Po são caras. Sócrates tem um filho com ele a estudar em Paris. Foi notícia que pagou uma refeição a várias pessoas que nem amigas eram, numa ocasião e num restaurante de luxo. Comprou um carrito, um Mini que custa, em França cerca de 20 mil euros, pelo menos. Comprou-o com o empréstimo?
José Sócrates achará que estes assuntos para alguém que foi ex-primeiro-ministro não têm importância alguma e que são ignóbeis? Pois acha muito mal porque a democracia nos tais outros países já lhe tinha mostrado que a Justiça funcionaria efectivamente de outra forma.
Negar à imprensa o direito de informar sobre este assunto é negar a democracia e é outro atentado à mesma.
Quanto ao resto:
Sócrates continua o mesmo de sempre, não reconheceu qualquer erro, qualquer decisão menos acertada e nada tem a dizer ao país porque a solução que apresentou foi apenas uma: menos austeridade. Como? Não explicou porque evidentemente não sabe.
O que se passará a seguir no programa de comentário será mais do mesmo e sem qualquer novidade. Sócrates está acabado politicamente e pareceu-me ausente da modernidade, apesar de andar por Paris.
De resto, a única pergunta que lhe teria feito era esta:
Onde comprou esse fato?
E talvez outra: a sua família nunca o ajudou economicamente? Segundo Sócrates não, o que contraria a "narrativa" dos Lellos e companhia. Ahahaha. Esta gente nem inventada.