Económico:
Ex-ministro de Sócrates diz que o país ainda não fez as pazes com anterior primeiro-ministro.
Freitas
do Amaral assume as divergências que a determinada altura o afastaram
de José Sócrates e diz acreditar que ele "não quis ficar para a História
como o primeiro-ministro da austeridade", deixando para o Governo
seguinte os necessários cortes de despesa.
Semanário Económico- O país já fez as pazes com José Sócrates?
Freitas do Amaral-
Penso que não. E esta crise no PS - ou mini-crise - foi desencadeada
por elementos próximos de José Sócrates. A primeira pessoa que fez uma
declaração a dizer que havia uma crise de liderança no partido foi
Santos Silva. Três dias depois veio Silva Pereira dizer que era preciso
um novo congresso. Depois Vieira da Silva. Ora, independentemente de
isto ter sido bom ou mau para o PS; isto denuncia uma certa precipitação
do engenheiro Sócrates. Porque isto veio em consequência de almoços e
jantares que ele promoveu. Alguns vieram em jornais. Enquanto o país
estiver a sofrer, pelo menos metade do país dirá que isto foi o estado
em que ele nos deixou.
Semanário Económico- Guterres veio
fazer um ‘mea culpa' sobre a sua responsabilidade no estado do país.
Sócrates ainda não o fez. Já o devia ter feito?
Já, mas não está no feitio dele.
Freitas
do Amaral foi grande apoiante de um dos governos de José Sócrates. Não
se sabe a real razão por que amuou com o mesmo, mas é de desconfiar que
não sejam grandes razões de Estado. Não foi certamente por querer
contrariar o despesismo desenfreado no Estado, cuja onda crítica em prognose póstuma, mais alta que a
de Garrett na Nazaré, Freitas do Amaral agora também aparece a surfar,
num exercício mais sinuoso que uma manobra de prancha num tubo de água.
Em
27 de Janeiro de 2009 Freitas do Amaral continuava a apostar no cavalo
certo para a corrida do costume, eventualmente a presidências de certas
fundações ou mesmo de empresas públicas de relevo, cgd´s. pt´s e outros
tt´s que não ppp´s.
Era assim,
nesse dia, numa curta entrevista à inefável da SIC-N, o Freitas cor de
rosa que chegou a estar tão rigorosamente ao centro que nem sabia para
que lado era o Norte. Para que haja memória e vergonha que Freitas
manifestamente não tem e que revela assim um carácter impressionante. Um
indivíduo que chegou a ser delfim de Marcello Caetano...
Freitas do Amaral está na Sic-Notícias a falar sobre a situação política.
"Nunca estivemos tão bem, como agora, para responder a esta crise", já disse. Para continuarmos, este governo é que é.
Sobre o Freeport, nada de novo encontra, até agora. Não há nada de nada. Apenas a cabala do costume, segundo Freitas.
Sobre o primeiro-ministro não poupa nos elogios: "um prestigiado primeiro-ministro com mestrado em gestão". E disse isto sem ponta de ironia...o que se compreende porque Freitas do Amaral considera-o "corajoso, competente, capaz de fazer as reformas que nunca se fizeram por cá."
Aliás, o nome de José Sócrates foi indicado por Freitas do Amaral para estas funções, para "nos libertar da mediocridade reinante". Esta é de gargalhada.
Está tudo dito acerca de Freitas do Amaral. Marcello Caetano já nem se revolve na tumba. Encolhe os ossos.