Os verdadeiros herdeiros do zip zip, aqueles que mandam na ideologia nacional de há quarenta anos a esta parte estão aqui bem identificados nesta série de páginas da revista Rádio & Televisão, de Janeiro de 1974 e que fez uma resenha cultural do ano anterior, de 1973. Lendo, percebe-se o que é o politicamente correcto que herdámos e porque o herdamos.
Estes é que são os verdadeiros presidentes das juntas culturais que temos. E é isto que explica em grande parte o sucesso do 25 de Abril como "revolução dos cravos". Foi este húmus cultural que adubou toda o nosso panorama pós-25 de Abril e foram estas pessoas que tomaram conta do discurso oficial, assimilando o fossilizado da esquerda comunista.
Até vem aí o homem que inventou a expressão "nacional-cançonetismo" e que actualmente faz uma resenha de imprensa, bem cedo na Antena Um ( e que costumo ouvir, embora lhe desconte sempre o pendor esquerdista típico, de João Paulo Guerra).
4 comentários:
ahahahaha
Acertei!
Claro que são estes!
É no que dá termos mais uns anitos no lombo que a Helena Matos.
Este artigo é uma maravilha.
Como o José tem faro e memória e se lembrou dele!
C'um caraças.
O José é que podia ter escrito o livro e muito melhor, tenho a certeza.
Porque este blogue é uma preciosidade oferecida.
lembro-me do Edu e de outros lobos, alguns dos quais ainda andam por aí.
o zip até chegou à Casa Pia.
Em Portugal quando se fala de cultura, tem-se obrigatoriamente de falar em Estado.
Percebo a revolta dos “artistas”. Todos de esquerda, apresentam-se em bando, assinam manifestos e cantam grandoladas, mas quando comparados a trabalhadores comuns - comerciantes, camionistas, contabilistas, costureiras - esmeram na cara de filósofo e sugerem que, ao contrário destes, têm uma “mensagem”, “algo a dizer”. Muitos acreditam mesmo que as suas metáforas podem salvar o mundo.
Na verdade, um camionista não seria ridículo a tal ponto. No máximo, considera importante transportar comida ou combustível daqui para lá e de lá para cá. Entende que fez uma escolha, que não está naquela actividade sob chicote, que o país não é responsável pela sua opção profissional.
Já para um artista que nasceu e cresceu com a espinhosa missão de criar a arte que nos irá salvar, o que é que são uns milhões a mais?
Os mais genuflexos no altar do Estado costumam ser os cineastas – quanto menos público têm, mais gostam de apoios estatais. Pertencem a uma categoria que acredita ter mais do que uma mensagem: há quem esteja convicto de ter “a” resposta para os problemas de Portugal, fazendo-nos o generoso favor de existirem, solfejarem a Grândola e mandarem lixar a troika.
Milhões de contribuintes deveriam lembrar-lhes que são cineastas porque querem. São cantores porque querem. São actores porque querem. São livres para escolher o seu caminho. E, com efeito, também somos livres para consumir ou não o que produzem. Uma escolha, no entanto, não podemos fazer: deixar de pagar caro para que eles nos “salvem”!!!
Há uma coisa que estes artistas estatizados precisam saber: os privados fazem com o seu dinheiro o que lhes der na telha desde que dentro das leis e com os riscos inerentes em caso de insucesso. Com o dinheiro público, a história é outra. Em Portugal, o incentivo à cultura deveria ter uma finalidade: fomentar a cultura portuguesa. O seu objectivo não é criar uma casta de fidalgos que nos querem “salvar” com risco zero.
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