quinta-feira, abril 02, 2015

E o Kaulza? Sim..o Kaulza, pá! Ele e o Américo é que era...não foi?

Em Outubro de 1973 os problemas impunham-se e as soluções escasseavam


No dia 25 de Abril de 1974 durante a manhã,  o Diário de Notícias nada sabia de concreto a não ser que havia uma movimentação de tropas que já se fazia anunciar no Rádio Clube Português como um Movimento das Forças Armadas. E pelos vistos era mesmo. De todas...e com todos os comandos associados e já em festa. Como já escrevi, durante essa manhã, a tropa portuguesa decidiu fazer um levantamento de rancho e fez coro com os primeiros a bater nos pratos com os talheres. O ruído ouviu-se em Portugal inteiro mas nunca se afirmou tal coisa publicamente. É segredo...

Nessa altura ainda se temia o golpe "dos ultras", ou seja, de um hipotético Kaúlza de Arriaga, guerreiro ímpar em Moçambique e patriota de gema.
Kaúlza tem sido uma espécie de desejado póstumo para alguns líricos das epopeias em fraldas de camisa. Ele e o então presidente da República poderiam ter sido os salvadores da Pátria e não foram porque, hélas!,  não lhes deixaram ser o que o futuro lhes tinha reservado.

Infelizmente a fantasia de alguns é a frustração do Desejado e por isso o melhor seria descerem à realidade que o próprio Kaúlza contou em tempos no livro que publicou em 1987- "Guerra e Política, em nome da verdade os anos decisivos".

A explicação para o golpe de Estado dá-a singelamente como Marcello Caetano a dá: toda a gente borregou. Levantaram-se todos  do rancho e começaram a  tilintar talheres. Alguns puseram cravos no cabelo, como os hippies de S. Francisco.




Kaúlza nesse dia fatídico nem saiu de casa. Aliás esteve sempre em casa a partir daí e até ao 28 de Setembro, altura em que o comunismo militar do COPCON o foi buscar porque era "fascista".

Ele que assegura que após o pedido de demissão de Marcello Caetano, na sequência de publicação do livro de Spínola, poderia ter sido presidente do Conselho e talvez tivesse evitado o golpe, não o chegou a ser porque o presidente Tomás "hesitou" e não o nomeou.

Sobre o presidente Tomás não vale a pena gastar muitos caracteres. Nesse dia esteve em casa e à espera que o fossem buscar para o exílio. E lá foi. Sem um ai. 

Dali a meses os jornais progressistas publicavam alguns excertos das suas obras magnas. Honra que muito poucos mais tiveram...


E assim se perdeu a oportunidade de salvação do país. Marcello, esse renegado, estragou tudo com a d. inércia à ilharga e faltou-nos essa experiência fantástica de termos um presidente de Conselho como Kaúlza a tentar edificar as novas bases do Estado, salvíficas e redentoras.
Ele o escreveu: " E talvez tivesse também realmente conseguido mudanças que, mantendo a estrutura nacional, conduzissem a uma liberalização fecunda, a um mais autêntico Estado de Direito, a mais verdadeira justiça social, a mais eficaz sistema económico, e, fundamentalmentem ao sucesso das lutas em África".

Talvez. de facto. Estes desideratos asssim expostos lembram os dos programas de qualquer partido, o que prova á saciedade que seria um magnífico político, mesmo nos dias de hoje. O pior, no entanto, é o uso que faz das vírgulas.

Por mim, acho mesmo que foi esse o principal problema de Kaúlza: não sabia usar as vírgulas...

Quanto aos líricos que apostam postumamente na sua canonização como putativo salvador da Pátria, reconheço ao menos essa qualidade: sabem usar as vírgulas. Os argumentos, nem tanto...

Questuber! Mais um escândalo!