Um dos textos do primeiro número é "o drama estático em um quadro", O Marinheiro, em onze páginas, escrito por Fernando Pessoa em 1913 e dedicado a João Franco.
Ficam aqui quatro em homenagem aos actuais marinheiros dos sonhos antigos e que surfam diariamente o realismo fantástico da poesia do nosso passado distante.
São uma espécie em vias de extinção e resignam-se à condição, mas estrebucham quanto podem, mascarando-se de mitologia para evitarem a realidade circundante.
Tal como Pessoa escreve, "porque é que se morre? Talvez por não sonhar bastante"...
Este marinheiros de agora que sonham os sonhos antigos querem ser imortais, já se vê. E esta singela homenagem é sentida porque não enxergam a ilusão e vivem no sonho perene da poesia distante, tomando-a como lema e bússola de ideias fixas.
E estes sonhos de agora têm forma de alguma realidade passada? Talvez se reatarmos os símbolos...consigamos vislumbrar a sombra do que sonham.