O PS está aí outra vez com as promessas mirabolantes de sempre e o discurso habitual sobre o papel do Estado na Economia.
Desta vez traz um suposto economista "liberal" que alinhavou nalgumas dezenas de páginas, umas ideias acerca do assunto que é para "pensar em grande", mas depois logo se verá como vai ser.
Estas ideias do PS para a Economia em que o Estado assume sempre um papel relevante e tipicamente keynesiano não são novas, como o não são as ideias acerca dos empresários portugueses que não estão ao nível da intelectualidade típica desse PS e por isso deveriam adaptar-se.
Tal preconceito é antigo e tem assinatura:
Em 22 de Junho de 1974 um dos expoentes desse PS, o incrível Constâncio prognosticava algo indefinido entre a "Suécia e a Jugoslávia" . Como? Logo se veria...
Outra eminência pardacenta desse partido, o também incrível Cravinho dava também uma na ferradura em 16 de Novembro de 1974:
Depois das nacionalizações, o PS acreditou piamente no funcionamento da Economia movida pelo vapor do Estado e electrificada pelos seus magníficos gestores que davam choques de ineficácia em tudo o que mexia no sector, mas a ideologia comandava tudo e servia de pára-raios para essas desgraças anunciadas por quem sabia e tinha experiência de vida empresarial.
Como se alterara o paradigma houve logo quem mudasse de agulha e de casaca, vestindo a que hoje ainda ostenta e que é uma vergonha nacional, há décadas.
Este indivíduo tem sido uma das melhores cauções daqueles que pretendem sempre "lutar contra a pobreza e as desigualdades" e acabam sempre por as aprofundar ainda mais, conduzindo o país, invariavelmente para as bancarrotas sucessivas e iminentes.
Em 1976 estas ideias deram no que deram: a primeira bancarrota. Poderia suceder que este PS mudasse de ideias e arrepiasse caminho? Nem pensar! Aprovaram uma Constituição que garantiu durante uma dúzia de anos que Portugal ia a caminho de uma sociedade socialista, daquelas sem classes e tudo.
O Estado tinha tudo ao dispor: banca, seguros, grandes empresas, investimentos à mercê dos génios da gestão que o PS tinha e continua a ter, como se pode ver agora, com este novo parvenu de Harvard ( o que é que pensarão do indivíduo, por lá? Alguém se importa?)
Em 1976 este PS tinha lá por exemplo um Medina Carreira, nas Finanças e que pode explicar melhor a loucura que invadia aqueles gabinetes. Ou um Silva Lopes recentemente falecido e que também foi explicador do assunto.
Não obstante as explicações, no PS ninguém aprendeu nada ou esqueceu o essencial: o Estado deve mandar na economia e "investir" para se criar riqueza.
Em 1983, perante o espectro de nova bancarrota e o falhanço generalizado da Economia movida a vapor pelo Estado e electrificada pelos gestores tipo PS, o panorama era assim apresentado por aquele génio incompreendido, chamado Cravinho, sempre a malhar na ferradura e então integrado num GEBI (!):
A culpa era dos empresários. Os gestores do Estado, como o tal Cravinho nada podiam fazer com tal substracto de pobreza indígena. Portugal, em vez de mudar de povo, deveria ter mudado de empresários que os que havia não prestavam.
Por isso mesmo o descalabro de nova bancarrota e das empresas públicas tornadas elefantes brancos era coisa de somenos, porque o problema residia nos empresários. E sem novos, nada feito.
E portanto, por recomendação desse génio e de outros similares, sempre do PS, o Estado que comandavam decidiu mandar para o cemitérios os tais elefantes, em 1984. Com eles nada aprenderam e pouco esqueceram, como é próprio desses bichos de grande porte.
Tal desgraça colectiva tornou-se tão evidente que um dos críticos do regime disse publicamente em1986:
Ou seja, falhamos tudo desde que aqueles génios do PS mandam na Economia. Duas bancarrotas e nada se aprendeu.
Actualmente há um fenómeno estranho que contradiz o que os mesmos génios incompreendidos proclamam e que é este: somos bons a lidar com o metal. O puro que não o vil. Desde os tempos daquele Champallimaud que outro génio incompreendido ( João Martins Pereira, guru do BE) apeou intelectualmente ( pode ler-se aqui), que somos muito bons a lidar com essa matéria, desde que o Estado não se intrometa demais.
A indústria metalúrgica, em Portugal, tem uma longa história, mas
basta recuar a 1945 para perceber a sua importância. Nesse ano, António
de Oliveira Salazar publica a Lei do Fomento e da Reorganização
Industrial, com o objetivo de travar as importações. ?O II Plano do
Fomento vem dar prioridade à siderurgia, nascendo assim a Siderurgia
Nacional, concessionada a António Champalimaud. Na sua inauguração, no
Seixal, em 1961, Ferreira Dias, ministro da Economia, diria: "País sem
siderurgia não é um país, é uma horta."
"A metalomecânica pesada teve grandes empresas em Portugal, no
setor naval e dos transportes, caso da Lisnave, da Setenave, da Sorefame
ou da Sepsa", refere Rafael Campos Pereira. O processo de
industrialização em curso assim o exigia, bem como o impulso dado pela
eletrificação do País, com a construção de grandes barragens e centrais.
Essas grandes empresas, que viriam a ser desmanteladas ou
ultrapassadas pela evolução dos mercados, deixaram uma herança:
trabalhadores formados, com competências na área. "Houve pequenas e
médias empresas que herdaram este know-how e foram inovando. Este setor
nunca foi protegido, sempre competiu em concorrência nos mercados
globais, e isso criou resiliência e uma capacidade de reinvenção. A
estratégia vencedora tem sido a aposta nos segmentos mais altos,
deixámos de competir com base no preço e competimos com a qualidade",
refere o vice-presidente da AIMMAP.
Atualmente, entre os grandes nomes da metalurgia nacional
encontram-se empresas como a Colep, fabricante de embalagens metálicas; a
Ferpinta, produtora de tubos de aço, calhas e chapas; a Martifer, na
área da construção metálica; a Simoldes, que trabalha sobretudo para a
indústria automóvel e é considerada a maior fabricante de moldes a nível
europeu; e a Silampos, famosa marca de loiça metálica, que produziu a
primeira panela de pressão em Portugal, na década de 60.
Além destas empresas portuguesas, há capital estrangeiro investido
por cá. Companhias alemãs (como a Mahle), japonesas (como a Tesco) ou
francesas (como a Faurecia) têm presença em Portugal.
Se isto é assim porque razão é que devemos cair outra vez eleitoralmente no logro de sempre e acreditar nestas balelas?
Não chegam três bancarrotas em quatro décadas, sempre protagonizadas pelos mesmos e sempre sustentadas com ideias peregrinas que só deram falhanços colossais que nos tem arruinado?
À primeira quem quer cai, mas à segunda só quem quer. À terceira só mesmo quem é tolo. E já o fomos uma vez. Queremos repetir a loucura?