Franco Nogueira escreve que a viragem ocorreu a partir de meados dos anos sessenta. E que Salazar se lhe referiu logo em 1965 quando discursou sobre o futuro do regime que afinal era temporário e já durava há mais de 40 anos.
Salazar disse sobre isso que "o que interessa é descobrir a linha de continuidade de um sentimento colectivo. Pode a força fazer revoluções mas não pode por si mantê-las sem o apoio da consciência nacional".
E é aqui que começam a soprar os ventos da História, porque a tal "consciência nacional" se modificou nos anos vindouros.
Razões? Diversas e devemos tentar percebê-las nos sinais que nos eram dados no dia a dia comum. Por exemplo, estes belos recortes de pasquins podem bem ajudar a tal compreensão:
Século Ilustrado de 6 de Junho de 1964.
Estas imagens prenunciavam que estoutras acabariam em breve, porque ambas se excluiriam mutuamente e quem ganhasse o poder de representação mediática, afastaria as outras, como aconteceu:
Em Dezembro de 1963 as grandes mudanças já se anunciavam assim, na mesma revista:
E principalmente esta, operada na Igreja Católica, com o Concílio Vaticano II. A mudança ocorrida assemelha-se a uma reforma gregoriana ao contrário e que é acompanhada por efeitos devastadores que hoje se sentem em pleno. A Missa e os rituais deixam de ser ditos em latim e o padre, na Igreja, vira-se para " a comunidade" e os rituais abandonam o mistério antigo das celebrações monacais.
Foi isto obra de alguém em particular, mesmo genial? Não, não foi. O que ocorreu dá-nos exactamente o sentido do que se deve entender por "ventos da História". Foi o Tempo...