domingo, abril 16, 2017

Orlando Raimundo e as "divisas de Almirante" de Américo Tomás.

Orlando Raimundo, um jornalista formado em "Relações Internacionais", curso de grande prestígio por exemplo na antiga Independente ( até o Vara lá se licenciou) descobriu há algum tempo vocação para historiador do regime do Estado Novo e respectivas  figuras gradas. Segundo se depreende o objectivo é a descoberta de algum podre no carácter das vítimas, para as denegrir. Uma imundície, portanto.
Depois de uma indecência escrita sobre Marcello Caetano, prontamente desmentida, ataca de novo, agora Américo Tomás, em livro de 286 pgs. que não se afigura de melhor tom que aqueloutro, ignominioso qb.

Em entrevista ao DN de hoje que nestas coisas não perde tempo em publicitar estas inanidades ignominiosas, escritas por antifassistas, replica as habituais enormidades que aprendeu na antiga cartilha de oposição ao regime de Salazar e Caetano.
A biografia de Salazar, por Franco Nogueira? Uma obra prenhe de "relatos ideologicamente manipulados".  As obras de Raimundo, essas, são o primor da objectividade em retrato.
Vai ser ele, Raimundo, a descobrir a pólvora, investigando alcofas podres num esconderijo secreto no palácio do Sobralinho...


Voltando a Tomás, para Raimundo, era um "cobarde" e uma anedota e que disso deu várias demonstrações.  A chegada ao poder de Tomás, para Raimundo,  é um "improviso do salazarismo" porque Tomás era monárquico e tornou-se presidente republicano.
E o episódio imundo dos porcos vestidos de almirante, em 1972, para Raimundo é o cúmulo da inteligência política demonstrada pelas Brigadas Revolucionárias ( os piratas mortáguas e outros marginais da política extremista) que usaram o ridículo para expôr a imundície do regime.
Quanto a Humberto Delgado, foi obviamente assassinado pelo regime e por ter ousado enfrentar Tomás.
Portanto, este livro imundo do Raimundo merece tratamento pelo cheiro que exala, a falta de rigor, a facciosismo político, e a uma completa ausência de distância ideológica, etc.

Sobre Tomás, Marcello Caetano falou nas Confidências no Exílio, coligidas por Veríssimo Serrão:



Sobre Salazar e Tomás, Franco Nogueira também já escreveu:




Sobre a figura do antigo presidente da República que antes de 25 de Abril era conhecido por "corta-fitas" sem que alguém que o dissesse fosse preso, será preciso estudar melhor um pouco. Este livro imundo do Raimundo nada de novo acrescenta ao relato tradicional dos que denigrem sistematicamente o Estado Novo com pretensões históricas falsificadas e adulteradas, como antigamente se fazia na União Soviética, sítio, aliás, de onde provêm a ideologia-matriz destes pseudo-historiadores.

Logo após o 25 de Abril de 1974, Tomás foi retratado como um imbecil, pura e simplesmente, como o mostra o Sempre Fixe de Ruella-Ramos, em16.11.1974. Nem a entrada na Wikipedia o poupa a esse labéu, apesar de Tomás figurar como um dos mentores do salazarismo mais conservador, após a morte de Salazar.


Tomás tinha ido para o Brasil, logo após o golpe militar, depois de ter ficado uns dias na Madeira, juntamente com Marcello Caetano.

A nova classe política que se instalou e conduziu Portugal à bancarrota em dois tempos de dois anos, ou nem tanto, não queriam, porque pretendiam julgar Tomás pelos crimes cometidos no fassismo, como se lamentava  no Diário Popular de 21 de Maio de 1974.


Nunca tiveram coragem, no entanto. A chatice da não retroactividade da lei penal impedia tal efeito. E em 17 de Maio de 1978 foi um grande escândalo, celebrado com cartoon do comunista João Abel Manta, no O Jornal, assim e logo que se soube que o presidente Eanes autorizava o regresso do "corta-fitas" tomado sempre como um imbecil pelos revolucionários piratas e não só. Tomás regressou em 1980 e remeteu-se a um silêncio, apenas escrito em  Últimas Décadas de Portugal, l.º e 2.º vols., Lisboa, Fernando Pereira, 1980 e 1981.




Em 24 de Maio de 1974 na Capital anunciava-se que Tomás não iria escrever memórias.


É pena que Tomás não tenha escrito memórias aqueles que conheceu, nomeadamente os familiares ideológicos dos raimundos. Muito teria que contar, certamente. Sobre coragem e outros atributos.