quinta-feira, agosto 27, 2020

A realidade político-social do país

Ontem à noite a CMTV traçou, numa reportagem sobre o Lar de Reguengos e a realidade local um retrato muito impressivo da realidade do país: num sítio pequeno em que uma boa parte dos empregos dependem de instituições públicas as pessoas afectadas por essa realidade têm medo de falar. Por isso não denunciam em modo consequente o que está mal mesmo que isso provoque uma catástrofe, como aconteceu.

O temor de perder o emprego e ser prejudicado por criticar quem manda tornou-se regra social a que poucos conseguem escapar. É uma opressão muito profunda e que todos sentem como tal, mas se revelam incapazes de superar. É o contrário de liberdade e democracia.
Tal fenómeno acontece noutros microcosmos e estou a lembrar-me de algumas instituições em que o mesmo fenómeno ocorre, como é o caso da magistratura. Todos têm medo de falar claro e às claras, por causa de quem manda, no caso os conselhos superiores.

 O que aconteceu em Reguengos, naquele Lar ( Reguengos também é o sítio da Herdade do Esporão...) é sintomático do que acontece no país. Determinadas forças políticas tomam conta da maior parte das instituições, colocando os seus peões de brega nos sítios-chave e dominando toda a super-estrutura, transformam-se em sistema mafioso cujo capo é o líder do gangue, no caso político.

Em Reguengos é o PS mas antes tinha sido o PCP e porventura poderia vir a ser o PSD. "Todo o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente" é sabedoria antiga ( Lorde Acton, cortesia da Wiki).

Para além disso a negligência política de quem governa e tem a estrita obrigação de intervir em casos deste género, com ampla repercussão social e trágicas consequências em caso de omissão, é obliterada porque nem sequer sente tal obrigação como inevitável e responsabilizadora.
O exemplo mais flagrante desta atitude é o do primeiro-ministros António Costa que repetiu agora a rábula que representou, com mínima sindicância da comunicação social, no caso dos incêndios de Pedrógão ou mesmo de Tancos.

Com base nestes princípios de análise vejamos o que se escreve nos jornais e semanários de hoje, para se tentar perceber a que estádio chegou a nossa sociedade, em Agosto de 2020:

O panorama é este como se mostra na Sábado de hoje:


A situação calamitosa de negligência grave repetiu-se no Barreiro e evidentemente em Reguengos.


A evidência de negligência criminosa nos lares de idosos é tão avassaladora que até dói. A Sábado mostra o exemplo do Lar de Matosinhos onde ocorreu outra tragédia idêntica e cuja responsável autárquica local descarta como sendo da responsabilidade de quem mandava no Lar, como se tal fosse estanque e infungível.

Este artigo de João Pereira Coutinho na Sábado de hoje repisa essa ideia de responsabilização inevitável perante a vergonhosa negligência política escancarada:



A prova de tal omissão grave é esta apresentada pela revista Visão de hoje: o primeiro-ministro mais manhoso que o regime já conheceu, reconhece que tem havido uma omissão política grave quanto ao funcionamento dos lares e prestação de cuidados a internados. Porém, não retira daí as consequências, por incapacidade politicamente congénita de o conseguir fazer. Não foi treinado para isso, desde as jotas...


No Público, um jornal enfeudado a uma ideologia de esquerda radical, temperada por laivos de submissão a uma estratégia de geringonça- e só por isso defendem o governo que está, hoje há dois bons artigos de opinião. Um sobre o ensino de Direito em Portugal e o fosso idiossincrático que se foi cavando entre os que seguem para a advocacia e os que conseguem entrar na magistratura. Concordo com o teor do artigo do advogado subscritor, João Correia. Algo vai mal no seio da magistratura actual...


Outro com o qual também concordo inteiramente, versa o ensino, tal como se apresenta: uma senda de facilitismos no secundário que desagua numa tragédia colectiva de ignorância e estupidez ambiente. As escolas de jornalismo serão talvez o melhor exemplo desta cloaca que se prepara para a educação, em Portugal.


A mentalidade que se propõe subverter totalmente o ensino, tal como denuncia este professor catedrático é esta, também publicada em artigo de opinião no Público de 24.8.2020 e assinada por uma professora de Português do Secundário e um "activista" licenciado em Direito. É inacreditável o que se propõe:



A par desta realidade e no seio de quem governa subsiste uma outra, oculta e que origina os comportamentos obscuros de protagonistas que têm relação estreita e até íntima com o primeiro-ministro que governa.

O CM de hoje mostra como um deles- o advogado Lacerda se movimenta entre personagens que deveriam suscitar as maiores reservas:


Quem é que escolheu o advogado Lacerda para ponta de lança, na administração não executiva,  de uma das empresas de Mário Ferreira?  Claro que foi o interesse deste Mário Ferreira. E porquê este advogado e não outro? As teias tecem-se deste modo e já com outros governos foi igual.

E não se trata apenas deste Lacerda. Há outro especialista, neste caso em economia, por aí e com o mesmíssimo perfil...como se mostra na Sábado:



A falta de vergonha e pudor já são manifestos e é este primeiro-ministro, António Costa quem está na berlinda. Já não é José Sócrates.

No tempo deste, foi devidamente alertado pela TVI e aqui, neste blog, um acontecimento que era apenas um fait-divers: o caso bijan, em Los Angeles. Foi há cerca de dez anos e ninguém quis ligar. Porém, bastaria ter investigado como tudo se terá processado para o então primeiro-ministro não ter continuado no cargo.
Ter-nos-ia poupado uma bancarrota, os casos PT, EDP, BES e outros, mesmo ligados à magistratura.

Por isso mesmo esta crónica de JMT no Público de hoje tem algum interesse, principalmente para lembrar que há anos a tónica deste blog tem sido esta:



Portanto seria bom não esquecer: estes casos particulares de António Costa, com os fenómenos que o rodeiam, merecem o mesmo desvelo que deveriam merecer os que rodearam José Sócrates.

Como não se aprende nada, os media continuarão a relatar fait-divers, como se o fossem...

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