Os jornais Público, Sol e Expresso de hoje dedicam páginas ao assunto dos lares de idosos, particularmente o de Reguengos de Monsaraz onde morreram vários "utentes" por causa da infecção com o vírus de que se fala.
Para saber o que sucedeu no referido Lar já existem vários relatórios de entidades oficiais e para-oficiais e segundo o Expresso já são quatro, todos lidos pelo Presidente da República que está sempre em todas as circunstâncias que suscitem atenção pública e mediática. É um carente de afecto mediático. Um viciado em atenção, por razões que os psiquiatras deveriam indagar.
No entanto, para se saber o que aconteceu e como aconteceu é preciso um pouco mais que relatórios. Desde logo é preciso saber como funcionam tais lares e tal informação é dada de modo esparso e pontual, falhando por isso nessas notícias o conceituado "o quê" do jornalismo mais básico.
Segundo o Público, o Lar de Reguengos funcionava em dois pisos, com alas distintas. Tais "alas distintas" foram usadas logo que se descobriu que havia pessoas infectadas, entre os idosos residentes.
Foram separados, mas alguns continuaram a deambular por onde entendiam. Uma informação destas carece de ponderação muito séria quanto à veracidade e rigor informativo, porque se for verdadeira determina ipso facto a conclusão de que houve negligência severa na monitorização das pessoas infectadas e possivelmente no limiar do comportamento criminal.
A notícia alerta ainda para outro facto que pode ser muito relevante no apuramento de responsabilidades objectivas e subjectivas nas infecções e mortes ocorridas: uma enfermeira alertou para situações que careciam de intervenção imediata, cinco dias após o primeiro caso de infecção. Se este facto for verdadeiro é muito grave o que ocorreu, porque acrescenta eventualmente mais que negligência a tal responsabilização.
Daí o cuidado na obtenção e confirmação deste tipo de informação factual que se ignora se foi respeitado devidamente em termos profissionais e deontológicos.
A informação do Público é por isso a mais interessante e rica de conteúdo neste assunto, embora careça ainda de outros elementos como seriam os depoimentos de "utentes" que pura e simplesmente não existem. Aparentemente a jornalista não falou com nenhum deles e por isso os factos são relatados através de testemunhos de intervenientes que podem enviesar e mesmo manipular os mesmos e a respectiva informação.
Quanto ao Expresso, habitualmente o melhor órgão informativo nestas matérias ( por exemplo no caso dos incêndios de Pedrógão) desta vez fica por aqui:
E o que diz o primeiro-ministro sobre isto tudo? O habitual: desresponsabiliza-se e ao seu Governo. As coisas correram mal mas não é nada com ele, tal como no caso dos incêndios.
Ora a questão desta desresponsabilização recorrente é pertinente, subtil e precisa de contextualização que pelos vistos este manhoso que temos como PM se recusa a entender. O Sol mostra onde reside o problema. O Governo esconde informação sobre os lares onde se encontram "utentes" infectados.
E qual a razão para tal omissão suspeita? Parece-me que pode muito bem ser esta que aqui fica explanada numa crónica de JMT no Público de hoje:
Por aqui se pode ver que este assunto dos Lares é político, tem a ver com as políticas governativas e com a atenção que ao longo dos anos foi dada a este sector crítico que abrange milhares de pessoas da chamada "terceira idade" ou também os "seniores".
As tarefas de cuidado foram entregues a entidades privadas na maior parte dos casos, enquadradas por organismos de segurança social em que o Estado é a parte mais importante.
O problema político coloca-se aí, na articulação de tais instituições privadas de solidariedade social, com o Estado e os organismos dependentes do Governo e o manhoso que nos governa não pode lavar as mãos dessa sujeira, nem do estrume legislativo que a aduba, como fez nos incêndios e exactamente pelos mesmos motivos: no epicentro das unidades que decidem quem manda nos lares estão pessoas ligadas a partidos políticos e a políticas concretas.
Como se poderá concluir tais pessoas não fizeram o que lhes seria exigível. Fizeram apenas o que achavam que seria suficiente para permanecerem nos cargos que ocupam por nepotismos, amizades espúrias e tráfico de influências. No caso é o PS mas não se limita a tal partido o mal que fizeram.
É esse o crime que carregam com estas mortes e de que pelos vistos não querem ter consciência.
Ah! Já me esquecia: o Correio da Manhã não viu nada de interessante quanto a estas notícias dos lares. É muito mais importante andar atrás do rasto do "homicida foge com 50 mil euros"...sobre o caso do homem de Lalim que matou a mulher há uns dias...
E ainda mais: Daqui, a forma típica deste manhoso lidar com os assuntos:
Há muitas coisas em que este manhoso é pior governante do que foi José Sócrates. Uma delas, é o modo deletério com que lida com estas coisas. Provoca um mal duradouro como se comprova com o predomínio da esquerda radical nos media, que o mesmo promoveu dando-lhes a visibilidade que precisavam.
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