quinta-feira, fevereiro 11, 2021

O confronto de opiniões sobre convicções

 No Observador há um artigo de Henrique Pereira dos Santos que escreve no Corta-Fitas sobre as suas opiniões expressas a propósito da evolução dos casos patológicos na presente crise sanitária. Resumidamente entende que o aumento inusitado de casos fatais, ocorrido durante o passado mês de Janeiro se ficou a dever a um grande contributo das condições meteorológicas adversas que começaram a fazer-se sentir na altura do Natal e se prolongaram por longos dias. 

E diz mais: aqueles que influenciam os poderes públicos, mormente uma ou duas pessoas ( um tal Antunes e uma tal Maria Luísa e digo "tal" porque não os conheço de lado nenhum, sendo tal defeito meu, claro) erraram de modo grosseiro nas suas previsões de catástrofe anunciada que era maior que a verificada. 

Terá razão?  Não sei responder nem quero responder de acordo com o que sei, porque sei pouco sobre tal assunto. E por isso aceito ler opiniões adversas que julgam saber mais e melhor. Mas procuro também saber por que razão estes julgam saber mais e melhor e quando encontro algumas razões fico na mesma com a dúvida acerca de tais razões. 

Mesmo sem cair em relativismos, aceitando tudo ou o seu contrário por ausência de certezas, a verdade é que não é possível atingir a realidade e a verdade apenas com exercícios racionais de análise e se em cima disso se sobrepuser o exercício emocional, ficará tudo estragado outra vez porque a realidade pode tornar-se ilusão e portanto irrealidade e mentira.

Qual a solução que proponho? Ser céptico. Aceitar as opiniões com o valor facial das mesmas, tomando-as como expressão de convicções que podem estar certas ou erradas e deixar que o tempo, os conhecimentos obtidos com tal decurso e opiniões mais convincentes  se encarreguem de mostrar quem tem razão. 

Quanto ao poder político, deveria fazer o mesmo e explicar aos cidadãos que as decisões tomadas o são com base em palpites incertos sobre verdades que não se conhecem na sua inteireza e se podem mostrar ilusórias. 

Julgo que as pessoas compreenderiam melhor tal posição de princípio do que a geralmente tomada em prol da ilusão política do poder, para mostrar que é competente e decidido e por isso merecedor da confiança dos cidadãos. Como tal assenta numa mentira, o poder político conseguirá enganar muita gente durante algum tempo, pouca durante muito tempo e nenhuma o tempo todo. A não ser que esta lógica seja uma batata e afinal Maquiavel é quem tinha razão.



Ah! Esquecia outra coisa: a discussão destes assuntos, para quem a quiser encetar, pode enveredar pela abordagem humorística onde o escárnio tem lugar livre; ou pode enveredar pela confrontação com alguma seriedade de propósitos onde tal efeito é destruidor, desnecessário e nocivo ao bom entendimento das pessoas.


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