Ricardo Costa, hoje no Expresso escreve isto ( clicar para ler):
É o chamado foguete de três tiros. O primeiro no pobre Carvalho; o segundo, na Ongoing e o terceiro, de estrondo e no chão, na reputação jornalística dele próprio que aliás já não era de estalo por aí além.
Em Julho do ano passado escrevia isto: «O facto é só um: o anterior director do SIED passou informação para
fora a quem o contratou quando ainda era director do SIED. Mais, depois
de deixar de ser director do SIED continuou a usar os serviços. Isto
parece-me ser de gravidade extrema".
De facto, assim foi. A gravidade extrema foi apurada num inquérito criminal onde aqueles foram acusados de crimes que o próprio director do Expresso pode ter cometido igualmente, tirando o extravagante abuso de poder.São crimes que até ver carecem de defesa ( pelos vistos os arguidos nem falaram durante o inquérito...) e os factos parecem falar por si. Veremos se os crimes se confirmam e se irão a julgamento e sairão comprovados.
Agora escreve assim assado, esta girândola surreal num ambiente inquinado:
"Um grupo empresarial com a mania das grandezas contratou um espião com a mania das grandezas, fechou as normas da decência num cacifo e deitou fora a chave."
O grupo Impresa, com a mania das grandezas, e para combater o outro grupo com a mania de grandeza igual, contratou umas toupeiras nos serviços de informações, anónimos e com objectivos turvos, fechou as normas do jornalismo objectivo e profissionalmente competente num cofre forte e esqueceu-se do código.
Assim que o tal Carvalho mais o da Ongoing mais os restantes forem ilibados de qualquer crime, o mesmo Ricardo Costa esquecerá rapidamente o assunto e nem uma linha escreverá mais sobre o caso.
Costa escreve logo a abrir a girândola que "este caso nunca foi, na essência, um caso político".
Pois não: foi sempre um caso comercial que interessou à Impresa de Balsemão fustigar a fim de afastar um concorrente potencial no negócio dos media. Foi só e apenas isso.
A circunstância de se ter descoberto entretanto umas tantas poucas-vergonhas nos serviços de informações apenas acrescentam o ditado: há males que vêm por bem. E servirão eventualmente para limpar os serviços de informações, extinguindo-os tal como são. Já tarda. O Júlio não é um duro e o Júnior é da Maçonaria. Da boa, claro. Aliás, tudo se conjuga com a Maçonaria que onde se mete dá sempre destas borradas.
Ou alguém acredita que este tipo de coisas não aconteceu no tempo do emigrado de Paris quando estava lá no próprio Gabinete um Olrik?
Alguém acredita que o caso que envolveu a TVI, em que José Sócrates esteve pessoalmente envolvido ( não foi apenas um mero funcionário dirigente do serviço...) e em que esteve envolvido um tal Armando Vara, foi menos grave que este?
E que disse o PGR sobre o assunto? Que o crime de atentado ao Estado de Direito nunca existiu! Arquivou tudo, num expediente administrativo que não mostrou a ninguém.
Que escreveu então Ricardo Costa sobre o assunto? Inanidades.
Ricardo Costa acha que este caso da Impresa vs Ongoing é que é o verdadeiro caso de "gravidade extrema". Percebe-se muito bem porquê, mas é de julgar que a guerra ainda não terminou e que o primeiro milho é para os pardais, agora assustados com o foguetório.
Veremos onde vai parar Ricardo Costa. Já são muitas juntas...